Medalhistas da vela viraram empresárias para poder competir 21 Ago 2008 A dupla venceu a última regata da classe nos Jogos de Pequim nesta segunda-feira e conquistou a medalha de bronze - a primeira da história da vela feminina brasileira em uma Olimpíada. Além de todo o treinamento esportivo normal de uma equipe olímpica, a dupla usou a experiência em administração e marketing esportivo de Fernanda para montar o modelo de gestão que rendeu o bronze em Pequim. Campanha "Mas depois de Atenas eu sabia que ou eu continuava de uma maneira bem profissional e conseguia um patrocínio, ou realmente ficava difícil competir de igual para igual, porque realmente é um nível muito profissional", diz. Aproveitando as lições que aprendeu na faculdade de administração, onde se formou com um trabalho de conclusão sobre captação de recursos para marketing esportivo, montou sozinha todo o projeto olímpico e foi bater na porta dos patrocinadores. "Fui apresentada para o presidente da Nivea e em três meses de negociação eu consegui levantar esse patrocínio", relembra ela. Após fechar o acordo em 2005, a velejadora partiu para a montagem da equipe e chamou Isabel Swan. "Eu precisava de uma pessoa com disponibilidade total e a Bel foi super dedicada desde o início, ela se propôs a mudar para ir treinar em Porto Alegre", explica. Original de Niterói, no Rio de Janeiro, Isabel é ex-modelo e teve de ir morar no sul para participar da campanha. "Ela me chamou pela minha postura, pela minha vontade, e eu fui com 21 anos morar sozinha em Porto Alegre", conta. A dupla não revela em valores quanto recebe dos patrocinadores, mas o apoio permitiu que elas treinassem por três anos nas águas do Rio Guaíba, na capital gaúcha, antes de chegar a Qingdao, costa leste da China onde estão sendo disputadas as provas olímpicas. O apoio da confederação de vela também foi decisivo pois as passagens aéreas, hospedagens, alimentação e traslados de todas as competições internacionais são bancados pela organização. Beleza Fernanda não acredita que a beleza tenha ajudado a dupla. "Eu não vejo isso muito. Os resultados começaram a aparecer e o Comitê Olímpico e a Federação começaram a nos apoiar e isso sim facilitou muito", explica. Já Isabel acha que ter uma boa aparência faz parte do jogo. "O que vale mesmo é você estar na mídia. Para o marketing esportivo, de repente você nem precisa estar ganhando tanto, mas se você está aparecendo, se você está sendo falada, se as pessoas te conhecem, isso faz a diferença". Isabel Swan admite que a dupla cuida da aparência. "A gente procura estar sempre com a pele muito bonita, porque a marca é de mulher bonita, então tem que estar bem. Mas também cuidamos deste lado independente de sermos atletas porque não podemos descuidar, afinal somos mulheres também", diz a atleta. Após bronze, velejadoras brasileiras já falam em 2012 A gaúcha Fernanda Oliveira, de 27 anos, disse que viveu com Isabel, fluminense de Niterói, de 24 anos, dias duros no Centro Olímpico de Vela, na raia olímpica de Qingdao. "Foram vários treinos (as velejadoras chegaram na China dez dias antes do início da Olimpíada) e muita ansiedade nas regatas. Alguns dias foram difíceis, sem vento. Mas conforme a competição andou fomos ganhando confiança e hoje (segunda-feira) estávamos muito calmas. A felicidade por conseguir a medalha é enorme." Sobre a vitória na 'Medal Race' (regata da medalha, a última da competição e que vale mais pontos) nesta segunda, Fernanda disse que não importava o resultado, mas sim a briga pela medalha. "Quando eu vi que estava na frente da dupla israelense (para a qual poderia perder o bronze) nem me preocupei com as holandesas, de quem poderíamos tirar a prata. Na montagem de uma bóia ainda vi a bandeira do barco holandês, mas muito misturada às outras, não consegui identificar a posição." Fernanda também falou que ela Isabel ainda estão curtindo essa medalha. "Agora é sentar, com calma, e ver como vai ser o próximo ciclo olímpico". Isabel vai cuidar de sua vida, nos próximos meses, com o casamento já planejado para dezembro. As duas querem fazer "coisas de mulheres" após a Olimpíada, como ir ao salão de beleza. Fernanda competiu nos Jogos de Sydney/2000 com Maria Krahe, a Dijá (foi 19.°), e de Atenas/2004, com Adriana Kostiw (foi 17.ª). Na Grécia, tinha o barco mais velho dentre todas as competidoras. Teve melhores opções a partir de 2005, quando obteve patrocínio e formou a dupla com Isabel. Contratou o técnico Paulo Ribeiro, montou uma estrutura e foi buscar a classificação olímpica no Mundial de Cascais, em 2007, quando a dupla brasileira terminou em sétimo. Isabel é uma estreante em Jogos Olímpicos. Comentários: info@popa.com.br |