Hidrovias européias: pouco calado, muita carga! 06 Set 2008 A movimentação de cargas no modal hidroviário interior é da ordem de 465 milhões de toneladas por ano (2005), com a maior participação dos Países Baixos (Netherlands), Alemanha e Bélgica, cuja participação atinge quase 90%. Os calados permitidos são bastante inferiores aos trafegados nas hidrovias gaúchas: 97,6% das hidrovias européias apresentam profundidades menores que 17 pés ( 5,20 m), sendo que a maioria permite calados em torno de 2,5 metros ( 8,2 pés). Nos Países Baixos foram transportadas por hidrovias 317,6 milhões de toneladas (2005), ao longo dos 6 mil quilômetros de vias navegáveis interiores. No território gaúcho, quatro vezes maior que a Holanda, existem cerca de 700 quilômetros de hidrovias interiores, onde são transportadas 4 milhões de toneladas anuais - apesar das profundidades serem maiores que os da Holanda, as hidrovias gaúchas movimentam apenas 1,25% do total transportado nos Países Baixos! Na União Européia, o modal hidroviário é responsável por 6,5% do volume total de cargas transportadas, sendo o restante dividido pelos demais modais - rodoviário, ferroviário e "pipelines", com predominância do modal rodoviário (Países Baixos, 45%; Áustria, 51%; Alemanha, 69%; Bélgica, 70%; França, 78%). Assista vídeo de um cargueiro trafegando nos Países Baixos. Quais as características geométricas das hidrovias interiores e das embarcações européias? As vias navegáveis interiores da Europa são classificadas em seis classes, a saber: Classe 0 - Pequenas embarcações (luxemotors, rebocadores, kastjes e péniches riquet). Classe I - Péniche freycinet, para profundidade de 2,80 metros; Spits (franco-belga), para 2,20 metrros. Classi III - DEK (Dortmund-Ems-Kanaal), para embarcações maiores, com até 67 metros de comprimento, largura de 8,2 metros e calado de 2,5 metros, com capacidade de até 1.000 toneladas. Classe IV - RHK (Rhein-Herne-Kanaal), gabarito alemão adotado como norma na Europa Ocidental , no trecho Reno-Herne, para embarcações de até 1.250 toneladas e calado de 2,5 metros. Classe IV a - variante do tipo anterior, para navios-cisternas (petróleo e gás), que exigem eclusas de 110 metros de comprimento e 3,0 metros de profundidade, sendo que transportam até 1.800 toneladas. Classe V (ou V a)- Grand Rhénan, é a embarcação-tipo do Rio Reno, com capacidade de 1.600 toneladas/calado 2,7 metros e 3.000 toneladas/calado 3,5 metros. Classe VI (ou V b) - Para comboios de diversas barcaças utilizando empurrador, com capacidade variando de 4.600, 10.000 até 18.000 toneladas, com até 3,5 metros de calado. Nas classes I até V, os comprimentos das embarcações variam de 39 a 110 metros, com larguras entre 5 e 11 metros; na classe VI, o comprimento dos barcos é maior, de 115 até 185 metros, para larguras entre 12 e 26 metros (nessa classe os calados variam de 2,70 a 3,50 metros). Ver quadro abaixo. Confrontando-se os dados acima com as características das hidrovias do RS – Lagoa dos Patos/Rio Guaíba ( 5,2 m), São Gonçalo ( 4,8 m), Rio Jacui ( 3,5 m; 3,0 m; 2,5 m), e Rio Taquari ( 2,5 m), é possível observar que a utilização das mesmas está muito aquém da sua capacidade de tráfego. Hermes Vargas dos Santos, Engenheiro. Comentários: info@popa.com.br |