"Naufrágio no Albardão"
TV grava sobre naufrágio de navio inglês em 1861

19 Jan 2008
Na tarde e madrugada de quarta-feira, dia 17, a equipe do episódio Histórias Extraordinárias gravou algumas cenas do curta no balneário Cassino. O episódio irá abordar a história do naufrágio do navio inglês Príncipe de Gales, que ocorreu em 1861 na costa do Albardão e foi a primeira vez na história em que o Brasil se posicionou frente a uma grande potência que é a Inglaterra. O naufrágio ficou conhecido como o "Caso Chistie" pela intervenção do embaixador inglês William Dougal Christie, que tentou declarar guerra ao Brasil, acusando o País de pirataria.
O diretor do episódio, provisoriamente intitulado “Naufrágio no Albardão”, disse que escolheram Rio Grande como um dos cenários pela sua própria história, "essa praia é o lugar que mais tem naufrágios em todo o mundo". Através de fatos históricos e antropológicos, o "Naufrágio no Albardão" busca aguçar o imaginário popular das pessoas. Foram coletados depoimentos de pescadores da região e historiadores.
Na madrugada de quarta, foram feitas na praia do Cassino as gravações que mostram o momento em que o navio naufragou. Logo depois, a equipe seguiu para Santa Vitória do Palmar e para a praia do Hermenegildo para coletar as últimas imagens da história. A temporada 2008 da série Histórias Extraordinárias se inicia em março. Os episódios serão exibidos aos sábados a partir das 12h20min na RBS TV.
Fonte: "Agora", de Rio Grande

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A Questão Christie
(um pouco de história)

A Questão Christie, em termos de Relações Internacionais do Brasil, constituiu-se num contencioso entre o governo deste país e o do Reino Unido. Teve lugar de 1862 a 1865.

Esta questão diplomática foi fruto de um conjunto de incidentes envolvendo ambas as nações, culminando, pela atuação inábil do embaixador britânico creditado no Brasil – William Dougal Christie - no rompimento das relações diplomáticas por iniciativa do Brasil (1863).

Em 1862, alguns marinheiros ingleses foram detidos na cidade do Rio de Janeiro, pois, embriagados e em trajes civis, promoviam arruaça nas ruas da então Capital. Constatada a sua condição de militares britânicos, foram imediatamente soltos. O embaixador Christie, não satisfeito, aproveitou a ocasião para exigir a pronta indenização pela carga do navio Prince of Wales, naufragado na costa do Albardão (então Província do Rio Grande do Sul) (1861), a demissão dos policiais brasileiros que tinham efetuado a detenção e um pedido formal de desculpas do governo imperial à Inglaterra. Christie, acerca do naufrágio do navio britânico afirmou ainda que os seus tripulantes foram assassinados por brasileiros antes do afundamento, que teriam procedido o saque da carga.

No ano seguinte, uma esquadra de guerra, sob o comando do almirante Warren, partiu da estação naval do Rio de Janeiro e procedeu o apresamento de cinco navios mercantes brasileiros. Esse incidente acirrou os ânimos na Capital, resultando em diversas manifestações de protesto, tendo a população ameaçado represálias contra propriedades inglesas no Brasil. O Brasil não podia fazer muito mais. Diante de um adversário militarmente mais forte. Coube ao país pagar, sob protesto, o montante solicitado pela Grã Bretanha para o caso do naufrágio do Prince of Wales. Em relação aos oficiais da fragata Forte, o caso foi deixado para o arbitramento internacional, a cargo do Rei Leopoldo I da Bélgica.

O governo brasileiro, através da sua representação em Londres, ainda encaminhou um pedido de indenização em função da apreensão de embarcações feita pelo almirante Warren no início do ano de 1863, além da exigência de desculpas pela violação do território nacional. Em virtude da resposta negativa, D. Pedro II decidiu romper relações diplomáticas com a Inglaterra em maio daquele ano.

Em relação ao arbitramento internacional, o rei belga deu parecer favorável ao Brasil. O resultado foi comunicado ao representante do governo brasileiro em Bruxelas quando este foi recebido na corte em 21 de junho de 1863.

Somente quando o governo inglês apresentou desculpas formais ao imperador brasileiro (1865), iniciada a Guerra do Paraguai, é que se reataram as relações diplomáticas entre as duas nações.
Fonte: Wikipedia

Reflexos da Questão Christie no Rio Grande do Sul

Município de Passo Fundo - 1863 – a 6 de março a Câmara, interpretando a indignação causada no município pela atitude da Inglaterra na chamada questão Christie, dirige a seguinte mensagem ao imperador D. Pedo II:

“ Senhor.
A Câmara Municipal da Vila de Passo Fundo na província de São Pedro do Rio Grande do Sul, como órgão legitimo de seus munícipes, vem render à V.M.Imperial as merecidas congratulações pelas paginas douradas que o Governo Imperial tem dado a história na gravíssima questão anglo-brazileira, ultimamente suscitada nessa corte pela Legação Britânica.
Na previsão de uma guerra quase certa, não provocada por parte do seu Brazil, esta corporação ousa assegurar a V.M.I. que os habitantes de seu município estão prontos a concorrer pecuniariamente para as despesas dela, em auxilio ao cofres públicos, ao mesmo tempo que oferecem seus braços e suas vidas em defeza da Pátria ameaçada. Digne se V.M.I. de acolher benigno esta oferenda do mais acrisolado patriotismo.
Deus dilate e prospere os preciosos dias de V.M.I em bem deste Império.
Paço da Câmara Municipal de Passo Fundo, 6 de março de 1.863.
Souza Junior. Barcellos. Moraes. Lopes. Shell.”

Matéria pesquisada por Paulo Annes Gonçalves, na busca por dados de genealogia referentes à sua família.
Os que assinam a carta acima, eram vereadores. O município de Passo Fundo foi criado em 28 de janeiro de 1.857.

Porto Alegre, 19 de janeiro de 2008
Carlos Altmayer Gonçalves

Assunto relacionado: Vereker, 1860