Oceano de plástico
Maior concentração de lixo do mundo
Pedro Paulo Gianini


Vórtex de plástico em imagem de satélite

21 Jul 2008
Durabilidade, estabilidade e resistência à desintegração. As propriedades que fazem do plástico um dos produtos com mais aplicações e utilidades ao consumidor final, também o tornam um dos maiores vilões ambientais.

Das 100 milhões de toneladas de plástico produzidas anualmente, cerca de 10% acaba nos oceanos. Dessa fração, 80% vem de terra firme.

No Oceano Pacífico há uma enorme camada flutuante de plástico, que é considerada a maior concentração de lixo do mundo. Com cerca de 1.000 km de extensão, vai da costa da Califórnia, atravessando o Havaí, e chega a meio caminho do Japão, atingindo uma profundidade de mais ou menos 10 metros.


As setas indicam o giro do lixo (pontos em laranja) no Pacífico

Acredita-se que haja cerca de 100 milhões de toneladas de plásticos de todos os tipos nesse vórtex de lixo.
Pedaços de redes, garrafas, tampas, bolas, bonecas, patos de borracha, tênis, isqueiros, sacolas plásticas, caiaques, malas e todo exemplar possível de ser feito com plástico. Segundo seus descobridores, a mancha de lixo, ou sopa plástica, tem quase duas vezes o tamanho dos Estados Unidos.

O oceanógrafo Curtis Ebbesmeyer, que pesquisa esta mancha há 15 anos compara este vórtex a uma entidade viva, um grande animal se movimentando livremente pelo Pacífico. E quando passa perto do continente, você tem praias cobertas de lixo plástico, de ponta a ponta.


Tartaruga deformada por aro plástico

A bolha plástica atualmente está em duas grandes áreas ligadas por uma parte estreita. Referem-se a elas como bolha oriental e bolha ocidental. Um marinheiro que navegou pela área no final dos anos 90 disse que ficou atordoado com a visão do oceano de lixo plástico à sua frente. 'Como foi possível fazermos isso?' 'Naveguei por mais de uma semana sobre todo esse lixo'.

Pesquisadores alertam para o fato de que cada peça plástica que foi manufaturada desde que descobrimos este material, e que ainda não foi reciclada, está em algum lugar do planeta.

E ainda há o problema das partículas decompostas deste plástico. Segundo dados de Curtis Ebbesmeyer, em algumas áreas do Oceano Pacífico podem se encontrar uma concentração de polímeros de até seis vezes mais do que o fitoplâncton, base da cadeia alimentar marinha.

Todas a peças plásticas à direita foram tiradas do estômago dessa ave.

Segundo o PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), este plástico é responsável pela morte de mais de um milhão de aves marinhas todos os anos. Sem contar toda a outra fauna que vive nesta área, como tartarugas marinhas, tubarões, e centenas de espécies de peixes.

 


Ave morta com o estômago cheio de pedaços de plástico

E para piorar, essa sopa plástica pode funcionar como uma esponja, que concentraria todo tipo de poluentes persistentes, ou seja,

qualquer animal que se alimentar nestas regiões estará ingerindo altos índices de venenos, que podem ser introduzidos, através da pesca, na cadeia alimentar humana, fechando-se o ciclo, na mais pura verdade de que o que fazemos à terra retorna à nós, seres humanos.
Fontes: The Independent, Greenpeace


Morro da Formiga, Lagoa dos Patos, Julho 2008

Danilo Chagas Ribeiro

 


Danilo Chagas Ribeiro

 

-o-