Satirizando investimentos navais
Novo submarino português foi lançado ontem
Danilo Chagas Ribeiro

16 Jul 2008
É
bem conhecida a disputa entre as forças armadas e de outras pastas do governo para angariar recursos, em meio às críticas da população. Cada um tenta orçar com o vento que tem. Em Portugal não é diferente.

A Marinha de Guerra portuguesa comemorou ontem o lançamento do NRP Tridente, o primeiro de 2 submarinos em fabricação na Alemanha (foto). A dotação de orçamento para a construção das naves data de 2004, e visou substituir os jurássicos submarinos franceses de 40 anos, um deles ainda na ativa.
A armada portuguesa opera submarinos desde 1913. O translado do primeiro submarino até Lisboa foi uma epopéia, como relata o site da Marinha lusitana.

Em 2005, o engenheiro e cronista português Carlos Eduardo de Medina Ribeiro, escreveu: "Claro que toda a gente sabe que não fazem falta nenhuma, mas a idéia (genial) que estava subjacente a essa aquisição eram as famigeradas «contrapartidas»: a empresa vendedora garantiria a Portugal a colocação, no exterior, de produtos e/ou serviços de valor igual (caso dos alemães) ou superior (caso dos franceses, que davam o dobro)...".

Quanto a investimentos, as Forças Armadas da maioria dos países são alvos de críticas: ou pelo investimento elevadíssimo, imobilizando valores que poderiam ser aproveitados em programas sociais, ou pela chacota quanto à idade avançada do equipamento em uso. Em 2001, quando da discussão sobre a alocação de 200 milhões de euros para a aquisição, uma renomada revista portuguesa satirizou o tema, citando um submarino de madeira. Trata-se de uma réplica, fotografada na semana passada pelo Comte Ademir de Miranda Gigante (ao lado), em Barcelona, que está lá para mostrar que, para os espanhóis pelo menos, o submarino foi inventado por eles, com propulsão à manivela, embora as unidades construídas não tenham tido sucesso porque não navegavam a mais de 2 nós (mais fotos).

Segue Medina com sua sátira: "Ora, como a encomenda já está feita há muito tempo, a única solução é tentar negociar com os estaleiros alemães uma versão mais económica. Para isso, já aqui foi mostrado um submarino de madeira (feito em Espanha, e que chegou a navegar no porto de Barcelona), mas parece que ainda é caro. Assim, aqui fica um outro, o famoso submarino de Fulton (que funciona na perfeição) que tem algumas características interessantes:

  • Pode imergir até 8m de profundidade.
  • Só precisa de dois homens para ser manobrado.
  • Move-se à manivela (hélice) e com uma alavanca (leme), podendo ainda usar uma vela em emersão.
  • Para atacar, posiciona-se por debaixo do navio inimigo, onde o espigão 'O' é inserido à marretada. Depois, põe-se a milhas, deixando uma bomba 'P' presa ao casco e atada com uma guita".


Leitura recomendada:
Epopéia na viagem do primeiro submarino português
Inventor do submarino (en español)
Narcís Monturiol i Estarriol (in English)

Colaboração: Nelson Vázquez Calcagno