Mão estendida
Naufrágio no Guaíba
Danilo Chagas Ribeiro
Fotos: Fernando Recuero

23 Fev 2011
No sábado pela manhã, 19 de fevereiro de 2011, três amigos cinquentões saíram para pescar em uma embarcação de recreio no Rio Guaíba, em Porto Alegre. Nas proximidades da Ponta Grossa algo inesperado os fez cair no rio, segundo informação de um deles. Até a noite de ontem, 22 de fevereiro, o dono da embarcação ainda não havia sido encontrado. A busca pelo Grupamento de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros deverá continuar no dia de hoje. Os outros dois acompanhantes foram resgatados por pescadores.

Em torno das 13 horas do sábado a embarcação de alumínio foi parada para ajustar o toldo, conforme teria relatado um dos participantes do passeio ao jornal Zero Hora, de Porto Alegre. Quando a embarcação voltou a navegar, os tripulantes foram jogados na água. O barco continuou navegando sem comando, próximo aos náufragos.

O comandante Fernando Recuero aproximava-se da Ponta Grossa, zona sul de Porto Alegre, a bordo de seu veleiro "Mutuca", vindo do norte, tendo chegado ao local pouco depois do acidente ter ocorrido.
Quando observou a lancha navegando em círculos (foto ao lado), percebeu com o uso dos binóculos, que a embarcação estava sem tripulação. Levou alguns minutos para chegar ao local. Neste momento o barco de pescadores "Harmonia", que passava pelo local, iniciava o resgate dos náufragos.

Solicitando auxílio
A caminho da lancha, Recuero avistou um dos náufragos que boiava bem próximo à área onde o barco desgovernado navegava. Recuero fez pedido de socorro pelo canal de emergência do rádio VHF e foi atendido pela Comandante Christina (Tina) Silveiro, gerente do Clube dos Jangadeiros e ex-comodoro do Clube Náutico Itapuã. Tina tem vasta experiência em navegação, e participou de vários resgates. De Itapuã, a 15 milhas náuticas da cena, ela determinou que um bote de resgate do Clube dos Jangadeiros fosse ao local para prestar auxílio imediato. Os bombeiros foram também acionados.

Mão estendida
Antes que o comandante do "Mutuca" se aproximasse do náufrago, a embarcação de pesca "Harmonia" já o havia alcançado, e o resgatou. Na foto ao lado, o pescador estende sua mão ao náufrago na tentativa de alcançá-lo. É uma imagem dramática mostrando o momento do resgate, com o náufrago já agarrado à escada do barco.
A imagem mostra também a gana do pescador, aparentemente navegando em solitário, para tirá-lo da água. É tudo que um náufrago pode querer. Quem já esteve nesta condição conhece perfeitamente o enorme significado do gesto mostrado nesta foto.

Náufrago correndo o risco de ser abalroado pela lancha
O outro náufrago corria o risco de ser abalroado pela lancha desgovernada, que tinha o volante esterçado para boreste (direita). Veja na foto abaixo a marola indicando a trajetória da lancha e observe a posição do náufrago, com a cabeça para fora d'água. Com motor bem mais potente que o do veleiro, o pescador em seguida resgatou o outro náufrago, a mais ou menos 50 metros do primeiro.


Na foto acima, a lancha desgovernada e um dos náufragos ainda por ser resgatado

Como parar uma lancha desgovernada?
A tripulação de um outro barco de pescadores tentou aproximar-se da lancha, sem sucesso. Como se vê na foto ao lado, a lancha oferecia risco de atingir o náufrago cuja cabeça aparece na metade inferior da imagem.
Mateus, tripulante do bote de resgate do Clube dos Jangadeiros, teve a presença de espírito de jogar um cabo ("corda") à frente da lancha para fazê-la parar, ao enroscá-lo no hélice. A embarcação foi então rebocada para a margem.

O Comandante Recuero aproximou-se do barco com os náufragos e, como médico, ofereceu auxílio e forneceu água. Os bombeiros navegaram pela área com os dois tripulantes resgatados, à procura do dono da embarcação, mas não obtiveram sucesso.

A embarcação
Segundo a Zero Hora, o empresário Ricardo Gimenes havia comprado a embarcação há 15 dias. Trata-se de um casco de alumínio novo, produzido em Campinas SP, da marca MetalGlass, modelo MG175, com 5,30m (17,5 pés) de comprimento e 2m de boca. Veja ao lado (Foto Tássia Kastner). O motor utilizado é de 90HP, potência máxima recomendada pelo fabricante.

Condições do tempo
O tempo era bom, com vento sul de 3 a 5 nós, e o rio estava sem ondas.

Sigilo sobre a investigação de acidentes
A divulgação das causas de um acidente são de grande importância para o meio, podendo evitar que um mesmo erro seja cometido por outros. A Marinha do Brasil instala inquéritos após os acidentes, ouve testemunhas e toma as providências que julga pertinentes. No entanto, a Marinha não divulga os resultados de seus inquéritos, ao contrário do que faz a Aeronáutica.

O Comandante Augusto Chagas trouxe há alguns anos uma publicação da autoridade marítima da Nova Zelândia contendo fartas informações sobre os acidentes averiguados. Apresentam o cenário, características da embarcação e da tripulação envolvidas, as condições do tempo, mais um relato do ocorrido com suas causas e consequências, e ainda outras informações.
Clique para ver um dos relatórios da publicação (em inglês).

A informação oferecida por um dos passageiros do barco acidentado ao jornal Zero Hora não contribuiu muito na elucidação da causa do acidente: "Honestamente, eu não sei o que aconteceu. O barco deu uma guinada abrupta para a direita e jogou nós três na água. Não sei dizer mais do que isso. Agora, a perícia vai apurar se houve alguma falha no barco, porque ele era novo. Não posso dizer mais do que isso.". Segundo informação que circula no meio náutico, os acompanhantes do dono da embarcação não teriam experiência náutica apreciável.

Especulações
Diante de um acidente desta gravidade, e na falta de informações para conhecer as causas, o meio náutico especula, como é natural que aconteça. Até porque sabem que não terão acesso aos resultados da investigação oficial.
Todos tentam chegar a uma hipótese razoável para explicar o ocorrido. O objetivo é evidente: conhecer eventuais erros para evitá-los no futuro. Isso de querer aprender com os erros dos outros certamente está relacionado ao instinto de sobrevivência.

Os navegadores que tem comentado sobre o acidente parecem concordar que tenha havido falha humana, sem no entanto disporem de qualquer informação que confirme a suspeita. É mera especulação. Segue abaixo um apanhado de hipóteses comentadas no meio náutico de Porto Alegre.

A Zero Hora informou que "Por volta das 13h, eles tentavam arrumar o toldo da lancha, quando o motor teria desligado. Ao religá-lo, a embarcação teria dado uma guinada e lançado os três na água". Os motores antigos podem ser ligados mesmo estando engatados e acelerados, condição que propicia acidentes pela partida súbita da embarcação.

O experiente comandante de lancha Marco Antonio Braun explica que os motores de popa atuais dispõem de um sistema de proteção que impede esta possível falha do piloto. Os motores de popa novos só dão partida estando desengrenados.

Na tarde de domingo navegadores comentavam na varanda de um clube náutico de Porto Alegre, que o motor poderia ter sido bruscamente acelerado logo após a partida, inadvertidamente, estando o volante totalmente esterçado para um dos bordos. Potência é o que não faltava a este conjunto casco/motor. Caso os tripulantes não estivessem bem sentados neste momento, poderiam ter se desequilibrado e caído n'água. Isso ocorre com relativa frequência com pilotos inexperientes ou distraídos. O fato do barco ter sido comprado há 15 dias não significa que o piloto fosse inexperiente.

A embarcação acidentada é destinada à pesca amadora e tem borda baixa em relação aos assentos, se comparada com uma lancha convencional e de mesmo porte. Veja ao lado a MG175, em foto do site do fabricante.

O casco da MG175 é em "V", o que confere boa navegabilidade, mas permite efetuar curvas com o barco mais adernado do que outros deste tipo, com cascos chatos. Se o barco foi muito acelerado na partida, como pode ocorrer inadvertidamente, estando todo o volante esterçado, o casco com desenho em "V" pode adernar bastante ao arrancar, e assim contribuir para o desequilíbrio dos tripulantes, principalmente estando em pé. Não vai aqui nenhuma crítica ao projeto ou à construção da embarcação. O fabricante tem tradição e seus barcos gozam de excelente reputação no mercado.

Caso o motor não tenha sido desligado na parada para verificação do toldo, mas apenas desengatado e em marcha lenta, a ocorrência de um engate acidental não é hipótese descartável. Uma simples batidinha na alavanca de comando (manete) não engrena nem acelera o motor a ponto de jogar todos na água, mas cair por cima dela poderia fazer o barco arrancar subitamente, embora eu nunca tenha sabido que tal fato tenha ocorrido.

"Kill switch"
Em embarcações a motor de pequeno porte, principalmente as que não tem convés, como era o caso, é recomendado o uso do dispositivo "kill switch", um fio de nylon em espiral que vai preso ao punho do piloto e ao receptáculo da chave de ignição, onde fica encaixado. Caso o piloto afaste-se do posto ou caia n'água, a extremidade conectada à ignição solta-se e o motor apaga imediatamente, fazendo parar a embarcação para permitir o retorno do piloto. Este dispositivo, comumente utilizado em jetskis, pode não ser muito eficaz se o vento e as ondas afastarem a embarcação do náufrago rapidamente. Para tirar proveito deste sistema, o piloto caído na água deverá estar consciente e em condições de nadar até sua embarcação. O fato do dono do barco ter caído n'água e não mais ter sido visto à tona pode sugerir que tenha batido com a cabeça na borda ao cair, e ter ficado inconsciente.

Colete salva-vidas
A utilização de coletes salva-vidas representa, de modo geral, desconforto, principalmente em dias quentes, como era o caso. Ao contrário do que alguns imaginam, a presença de coletes a bordo é obrigatória, mas sua utilização, não, com algumas exceções. Salvo melhor juízo, a utilização de coletes na embarcação em questão não é obrigatória. A foto acima, do site da MetalGlass, mostra um piloto utilizando colete em um modelo de embarcação um pouco maior que o acidentado no Guaíba.

Navegando em uma embarcação como esta ou em botes infláveis, costumo vestir colete já ao embarcar. Não é rara no meio náutico a crítica jocosa pelo uso do colete, como se desmerecesse o usuário, e não cabe aqui julgar o tipo de personalidade de quem age assim. Igualmente utilizo colete quando preciso sair do cockpit e ir ao convés do veleiro quando navego sozinho ou acompanhado de quem não possa me resgatar em caso de queda n'água.

Falha mecânica
Diante das informações conhecidas e dos comentários e especulações ouvidos, foi levantada uma questão relativa a um tipo de falha mecânica que poderia causar acidente ao arrancar a embarcação. Se o motor falha em lenta ao pegar, a tendência do piloto é acelerar bastante logo que ele pegar para que não apague novamente. Para isso, é preciso logo engrenar para poder levantar o giro além do limite da baixa rotação permitida quando desengatado.

Que atire a primeira pedra...
Experimentei a condição de náufrago aos 17 anos, por ocasião de uma tempestade durante passeio em uma lancha cabinada. Faz tempo que perdi a conta de quantos encalhes presenciei a bordo. Estive embarcado à deriva algumas vezes. Já fui socorrido e já fiz resgates. Já reboquei e já fui rebocado. Faz parte deste esporte que pratico há mais de 40 anos. Que atire a primeira pedra quem tiver experiência razoável e não tenha cometido erros navegando.
Erros podem acontecer por cansaço, sono, distração, inexperiência, negligência, ignorância, soberba, e até por ingestão de bebida alcoólica, dentre tantas outras causas. Erros embarcados podem ter consequências mais sérias do que em terra firme. Ao comete-los, o acaso conta muito no desfecho.

Parabéns
Ao pescador não identificado, a bordo da embarcação Harmonia, os parabéns por ter salvo duas vidas.

Buscas
Na noite de ontem o Grupamento de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros de Porto Alegre informou que as buscas costumam ter sucesso em 2 a 3 dias nesta época do ano. Com a mudança da direção do vento, a busca tornou-se mais difícil.
A costa da Ponta Grossa tem muitos matacões e galhos encalhados que afloram com o rio baixo como está atualmente, dificultando ainda mais os trabalhos.

Inquérito
A Delegacia da Capitania dos Portos em Porto Alegre certamente já abriu inquérito para averiguar o acidente, o que, na medida do possível, deverá permitir conhecer as circunstâncias e os eventuais erros que o causaram. O prazo de conclusão é de 90 dias, normalmente. Que nós navegadores possamos tirar proveito dessas investigações. Será, sem qualquer dúvida, uma boa contribuição para a segurança do tráfego aquaviário.
__________
Assuntos relacionados: A garra dos "peludos" e Acidente a bordo na costa gaúcha
Aurélio Buarque: Naufrágio - Ato ou efeito de naufragar. ... / Naufragar: 1. Ir a pique, soçobrar (a embarcação). 2. Sofrer naufrágio (os tripulantes). ... Náufrago: ...3. Indivíduo que naufragou. ...

Veja fotos do resgate em tamanho maior


Comentários recebidos

12 Fev 2013
Luis Figueiredo

Fui vitima desse mesmo problema ontem - 11/02/2013 navegando com uma real 24 class motor mercury 200  ; quero dizer que apesar de oito anos  ja navegando em aguas pluviais como  a do Rio Preguicas em Barreirinhas- MA  me vi tomado de repente com o barco em rodopio para direita me levando ao solo da lancha  ate invadir o manguezal o que possibilitou a parada do motor e a ausencia de vitimas Gracas a Deus . Acredito que tenha sido a tal de saida do planeio  . Tambem nao estava usando o kill switch o que farei daqui por diante.

11 Mar 2011
Luis Dal Corso

Sou proprietário da Marina Porto Belo, em Porto Belo-SC, e ao longo dos anos tenho visto acontecer acidentes como este em que pilotos de lanchas são atirados borda a fora e a lancha permanece navegando em círculos e em altas velocidades.  Alerto a todos os navegantes: usem a chave desligadora ( kill switch). Isto faz a diferença entre uma tragédia e uma simples queda na água com o desligamento instantâneo do motor.
Outra hipótese para o desgoverno da lancha, que já vi acontecer: quebra do cabo ou caixa de direção da lancha.
Meus sentimentos aos familiares e amigos das vítimas.
Luis Dal Corso - Marina Porto Belo-SC.


03 Mar 2011
Dara Vargas

Foi meo Tio q salvou !!
XD

02 Mar 2011
Arno Black

O que mais me preocupa entre os que praticam a motonáutica e os esportes nauticos em geral, é a bebida em excesso. Já fiz tres resgates a reboque, e todos estavam bebados ou semi-bebados. Já fui socorrido por quebra da bomba d'agua no meu motor e o socorrista estava semi-bebado.
Como remador, já fui atropelado por areiero, entre o cais e o primeiro pilar, e o piloto alem de caolho, estava alcoolizado.

1º Mar 2011
Isaac

OS ACIDENTES N TEM UM UNICO MOTIVO, MÁS A PREVENÇÃO TEM UM NOME "COLETE" NUNCA DEIXEM DE USAR

26 Fev 2011
Renato Santos

O autor diz que "Não é rara no meio náutico a crítica jocosa pelo uso do colete". Está é uma grande verdade e infelizmente a causa de mortes desnecessárias. Tenho experiëncia de mais de 40 anos com o mar e também já passei por situações de todo o tipo. Recentemente estive em Ilhabela (SP), hospedado na Praia do Bonete. O transporte para esta praia era feito em canoas motorizadas, mas agora estão usando umas voadeiras de aluminio com motores, como no caso, superdimensionados. Os turistas são transportados de São Sebastião ao Bonete em pouco menos de uma hora nestas lanchinhas - todos sem colete, naturalmente. Quando vi aquilo me deu um frio na espinha. Requisitei coletes para embarcar e foi uma dificuldade, pois não tinham a quantidade para todos. E imediatamente começaram as gracinhas entre os barqueiros, as coisas de semprem, as criticas jocosas que o autor fala. E no dia seguinte aluguei de novo uma lanchinha destas para ir mergulhar num costão que tem por lá e o barqueiro não titubeou: "ué, o senhor sabe mergulhar, então porque pediu para usar o colete ontem?"

26 Fev 2011
Emerson Matias

Com bastante experiência em lanchas de pequeno e médio porte, acredito que nossos amigos foram vítimas de uma fatalidade, contudo devemos levar em conta que lanchas pequenas e leves com motorização máximas instaladas, devem ser conduzidas com atenção redobrada, pois o fato de a direção ter virado bruscamente para a direita é comum acontecer quando a lancha está saido do planeio, quando o volante deve estar sendo seguro firmemente até que a mesma diminua bastante a velocidade. Lanchas de alumínio são muito leves e o peso das pessoas a bordo atua sobre a sua estabilidade com maior intensidade e esse momento em que a lancha está saindo do planeio é crucial, e uma distração nessa hora costuma ser bastante contundente pois o motor vira para a direita numa fração de segundos.
Não sei se o ocupantes da lancha estavam de pé no momento do acidente, mas se estavam, está ai no meu entender a razão desse acidente.
Deixo esse relato do que ocorre em lanchas pequenas para que sirva de alerta para os navegantes, toda a atenção é pouca em se tratando de navegação. Mas as investigações irão talvez dar outras informações sobre o ocorrido e espero que venham a ser informadas para que nós que estamos no comando das embarcações possamos nos precaver de possíves acidentes.

25 Fev 2011
Édison Cunha
[náufrago]
Quero aproveitar este espaço para agradecer a todos que nos auxiliaram, alguns que agradecerei pessoalmente. Qualquer comentário neste momento é pura especulação, afirmarem que declaramos que foi falha do motor, que foi falha de montagem do equipamento...Houve uma sucessão de eventos que levaram a fatalidade. Fico grato por este espaço e tenham certeza que tudo que for apurado, farei questão de transmitir a vcs.. Quero externar a todos que a dor da perda de um irmão não tem reposição e tenho dito "ANTES ELE DO QUE EU", se fosse o Verner ou eu que tivessemos sido vitimados ele morreria junto, se culparia e perderia o prazer do que mais gostava. Fica para mim a alegria que ele estava naquele dia, do contentamento com o equipamento novo, de estarmos combinando a nova pescaria.
Esteja o meu irmão aonde estiver, eu sei que esta me esperando, na beira d'agua, com uma cadeirinha, uma cervejinha gelada e um caniço já montado. Obrigado meu irmão e me aguarde.

24 Fev 2011
Verner Herter
[náufrago]
Independente da causa do acidente quero registrar minha eterna gratidão ao Sr. Cristiano do pesqueiro ´Harmonia´ e dizer que irei pessoalmente abraça-lo na Z5. O copo d´agua que ganhei de alguém que também não conhecia foi a bebida mais gostosa que já coloquei na  boca em meus 56 anos. O Ricardo era meu amigo nr. 1 e muito cuidadoso e responsavel em pilotar barcos.
Quero destacar o comentario do Luis Morandi. Incrível com ele captou a personalidade do Ricardo em uma simples manobra de barco.

24 Fev 2011
Cristiano Martins
[pescador que fez o resgate]
Deus me colocou numa hora importante. Minha passagem foi iluminada, me senti determinado ao salvamento das pessoas que ali estavam.
"A vida é um dom de Deus", e com este dom consegui salvar a vida de duas pessoas.

                           Cristiano Martins.
                           (lancha Harmonia)

24 Fev 2011
Rosângela Olsson
Lamentável realmente o acidente e arrisco dizer que alguma coisa aonteceu no momento errado, naõ deve ter sido inexperiência dos tripulantes, tampouco falha mecânica. Não costumo navegar nesse tipo de embarcação, prefiro  a vela (snipe e laser) mas o certo é que o bom senso e seguir as boas regras de segurança deve ser premissa em qualquer tipo de esporte. Fica aí o meu registro.

24 Fev 2011
Tania Alves

Parabens ao pescador Cristiano Martins pela coragem e determinação de ter salvo a vida de duas pessoas em desespero, lutando para vida. Sabemos que Cristiano se esforçou para salvar a vida destes.
Que Deus coloque no mundo pessoas tão maravilhosas como ele.  Dos amigos da Ilha da Pintada/Porto Alegre.

24 Fev 2011
Kelby Duarte Lima

O Ricardinho era um grande amigo e parceiro da ARPIA, Associação Riograndense de Pesca com Iscas Artificiais, era um piloto de lancha muito experiente, tendo pilotado lanhcas bem maiores em locais como Guaratuba/Caioba (PR) , foi uma fatalidade.

24 Fev 2011
Simone Müller

O pescador do barco Harmonia que retirou os 2 sobreviventes da água se chama Cristiano. No domingo de manhã ele havia deixado a família acampada em uma ponta próxima às Areias Brancas e ia entregar peixe na Ilha dos Marinheiros, onde mora. Me disse que no trajeto viu a lancha do empresário amarrada em uma das boias de sinalização do canal, e os 3 pescando. Algum tempo depois a lancha estava a caminho da margem quando começou a rodopiar. Ele viu os 2 pedindo socorro (já na água) e foi socorrer. O barco de pesca menor estava junto e tentou parar a lancha desvairada, mas ele não conseguiu e a embarcação está bem amassada. Ambos são pescadores profissionais. O SBT divulgou imagens da lancha rodopiando em "O" em alta velocidade. Impressionante.
Assista ao vídeo

24 Fev 2011
Joao Reis

Como colega e amigo do ricardo por mais de 15 anos e por conhece-lo , sei da responsabilidade , precaucao, cuidado que o mesmo sempre teve ao embarcar em qualquer barco. Ricardo era extremamente cuidadoso, responsavel ao extremo. Luiz Morandi que nao conheco ainda ilustra com seu comentario acima exatamente o que era o colega e amigo Ricardo, mas fatalidades acontecem e de alguma forma estamos diante de uma. Ricardo , amigo e colega fique em paz!

24 Fev 2011
Luiz Morandi

Um acidente, normalmente, é uma sequencia de eventos. Só os depoimentos e a perícia para elucidar. Defendo que sejam publicados para ajudar na prevenção. Mas quero colocar aqui o que presenciei destes senhores na Ilha do Chico, horas antes do problema. Chegaram devagar, conversaram com o Varli, sobre as condições de pedras naquela região, demonstrando total responsabilidade no conduzir a embarcação nas cercanias da Ilha. Ao sair me abanaram e foram em direção Sul, navegando lentamente, evitando fazer marolas.

24 Fev 2011
Publicado na Zero Hora em 23 Fev 2011

Bombeiros resgatam corpo de homem desaparecido desde sábado no Guaíba
Ricardo Gimenes caiu da lancha em que estava com dois amigos
O Corpo de Bombeiros de Porto Alegre resgatou na noite desta quarta-feira o corpo do despachante aduaneiro Ricardo Gimenes, 57 anos, desaparecido desde sábado no Guaíba. O cadáver foi localizado por volta das 20h30min em Guaíba por pescadores, que informaram a descoberta aos bombeiros.
Segundo o capitão Cássio Gonzatti, o corpo estava com as roupas que, pelas descrições de familiares e conhecidos, são as que ele estava usando quando caiu de uma lancha.
Na tarde de sábado, ele passeava com dois amigos em uma lancha pelo Guaíba, quando ocorreu o acidente. O corpo de Gimenes foi encaminhado ao Departamento Médico Legal, que confirmou a identidade da vítima no final da noite.

24 Fev 2011
Publicado no Correio do Povo
em 23 Fev 2011
Bombeiros encontram corpo de empresário desaparecido no rio Guaíba
Ele sumiu na tarde de sábado, quando a lancha que tripulava virou
O Corpo de Bombeiros encontrou, na quarta-feira (23), corpo de um empresário que estava desaparecido no rio Guaíba. Ele sumiu no Guaíba na tarde de sábado (19), quando a lancha que tripulava virou, na altura do bairro Belém Novo, em Porto Alegre. O corpo ficou preso a um junco, em uma área onde o acesso só era possível com o uso de barco, perto da cidade de Guaíba. Os bombeiros foram avisados pelos pescadores da região. A extensão do Guaíba, de 496 km², dificultou o resgate do corpo.

23 Fev 2011
Delmar Poisl

Nas reportagens de ZH e do CP, os tripulantes alegam que foi falha mecânica. Logo, a Mercury, fabricante do motor, seria responsável pela tragédia. Caberia então uma ação dos familiares contra a empresa. Onde está a perícia técnica, onde está o CSI da marinha ? Há sobreviventes e a embarcação está aí. Eu navego com um Mercury 60EFI e me encanto com a segurança e qualidade deste motor.Nunca consegui dar a partida com ele engrenado e se superaquecer, desliga automaticamente. E os tripulantes seriam arrancados de seus assentos em uma manobra ? Ou eles estariam em pé ? Enfim, há muito a ser elucidado. Enquanto isso, por favor, usem coletes e a chave de segurança o " kill switch" acima mencionado.

23 Fev 2011
Rogerio Rocca

EXCELENTE MATÉRIA. SERVE DE ALERTA. MUITAS VÊZES SUBESTIMAMOS OS RISCOS NA NAVEGAÇÃO.

23 Fev 2011
Onir Rodrigues Alves

Parece-me que qualquer especulação em torno da causa do acidente deve, pelo menos, levar em conta o modelo do motor (se dá partida achando-se engatado ou não). Mesmo que seja motor moderno não se afasta a possibilidade de um defeito permitir a ignição do motor engrenado. É pouco viável a hipótese de que o piloto tenha acelarado para evitar que o motor tornasse a "morrer", porque em tal caso se mantem o motor em ponto morto, a menos que o piloto fosse absolutamente inexperiente, que não parece ser o caso.  Ademais as notícias não relatam tenha havido uma série de  religamentos, hipótese que evidenciaria a ausência de "lenta". Acho, ainda, que o limite de 90hp de motorização para o tipo de barco é excessiva, sendo conveniente que o fabricante do casco reavalie tal indicação, reduzindo, por exemplo, para 60hp. Em barcos de alumínio de tal  porte (embora de cascos mais leves), nas pescarias no Pantanal, sempre foram utilizados motores com um máximo de 35 hp. Obviamente, a potência exagerada do motor agrava as consequencias em caso de acidentes.

23 Fev 2011
Jonas Kellermann

Independente a causa, fica o olhar a nós mesmos em como procedemos nossas navegadas. Acredito que o pior em situações como estas, excluido-se o motivo, atribuo ao pânico a maior causa do desfecho em tragédias em acidentes náuticos.


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