Volta ao Passado numa Velejada de Carnaval
A história
revista no trecho Niterói até Ilhabela
José Antônio Torelly Campello (CDJ)

Em deslocamento no barco de um amigo, Cmte. Ari Valter Schneider na companhia de meu filho Fernando e sobrinho Lucas pela costa sudeste brasileira durante o carnaval de 2004, as paisagens, e os segredos das praias portos e ilhas percorridas, ensejaram uma volta ao passado advindo do contato com as pessoas e do ambiente contagiante dos locais percorridos.

Há muito havia este desejo de velejar pela costa sentindo as sensações proporcionadas pela aventura, ser envolvido pelo azul do mar ainda que com a visada confortável da costa pelo noroeste. Mas justamente esta proximidade, o desdobramento, a sinuosidade, recheadas de acidentes geográficos inesperados  variação de relevo, praias, florestas, rochas, vilas enseadas escondidas alimentavam a curiosidade crescente. 

Já ao partir do saco de São Francisco em Niterói, dentro da Baia de Guanabara, após 63 MN e 13 horas de velejada entre lestada, terral e motoradas desfilaram Copacabana, Arpoador, Leblon, as Ilhas Cagarras, Palmas, Tijucas, Rasa de Guaratiba laje e restinga de Marambaia até o Saco do Céu já na Ilha Grande. Imaginávamos com o que os descobridores e os imediatamente pós teriam se defrontado.

Por volta de 1555, a Baía da Guanabara estava ocupada pelos franceses. A expedição Villegaignon pretendia lá fundar a França Antártica se fixando na então Ilha de Paquetá (lugar habitado por pacas e etás) interior da Baía. Devido a pesadas recompensas exigidas pelos franceses para abandona-la, foi nomeado Estácio de Sá pela Coroa de Portugal para fundar uma cidade no interior da Baía e expulsar os franceses. Estes aliados aos índios Tamoios comandados pelo cacique Guaixará se lançaram contra os Portugueses aliados dos índios Temiminós do cacique Araribóia e dos índios Tupis dos padres Manuel da Nóbrega e Anchieta. Sob o comando de Estácio de Sá, resistiram aos encarniçados ataques franceses que ao recuarem foram contra atacados e definitivamente expulsos, permitindo a consolidação da fundação da cidade São Sebastião do Rio de Janeiro em 1565 numa praia entre o Pão de Açúcar e o morro Cara de Cão.  

Magia das Noctilucas
 Já em Ilha Grande, sem saber, o Sr. Sebastião Nascimento dos Santos, Cadiquinho como é conhecido o proprietário do restaurante Refúgio das Caravelas que serviu uma excelente peixada regada com salada de palmitos, incrementou a curiosidade falando da região, da família, dos descendentes dos moradores locais, do cemitério de piratas existente na Freguesia de Santana junto a Ilha dos macacos perto da Lagoa Azul. No retorno ao barco já adentrado na noite fomos surpreendidos com a luminescência dos remos na água, deixando um rastro luminoso, fenômeno espetacular. Eram as Noctilucas, algas cuja maciça presença transforma qualquer movimento, estímulo mecânico, em luminescência denunciando o local e a origem do mesmo. Um simples pingo produz o efeito químico.

Noctilucas : São dinoflagelados unicelulares que podem atingir o tamanho de 1mm. Fazem parte do que chamamos de fitoplâncton, o conjunto de organismos unicelulares, na sua maioria algas fotossintetizantes, que derivam pelos oceanos levados pelas massas de água. Entretanto, a noctiluca não faz fotossíntese. Ela se alimenta de outros organismos do fitoplâncton, como as algas diatomáceas. A característica mais marcante da noctiluca é a sua capacidade de produzir luminescência. Embora não seja o único dinoflagelado bioluminescente (aproximadamente 2% dos dinoflagelados o são), a noctiluca é, de longe, o mais conhecido. A luminosidade é provocada por uma reação química. A enzima luciferase catalisa a reação entre o oxigênio e uma substância chamada luciferina, liberando energia luminosa. Normalmente o gatilho para a emissão de luz é um estímulo mecânico, como o contato ou a agitação da água ao seu redor. Para entender por que a noctiluca brilha, podemos compara-la a um carro com alarme. Noctilucas são predadas por animais que se alimentam de fitoplâncton, como por exemplo, os copépodos (que fazem parte do zooplâncton). Quando um copépodo (o ladrão) avança sobre uma noctiluca (o carro), a luz ascende (o alarme dispara), o que atrai a atenção de pequenos peixes (os policiais) que se alimentam dos copépodos que estão mais visíveis no ambiente iluminado. Dessa forma, as noctilucas são capazes de diminuir o efeito de predação existente sobre elas.

 Nos divertimos um bom tempo com o holofote atraindo os peixes para o barco, cujo movimento de suas nadadeiras identificavam o local e o tamanho de seus corpos através destas algas.

Domínio de Piratas
 No dia seguinte após velejar até o local da Freguesia para curtir um explêndido banho, me afastei por uma trilha para descobrir o tal cemitério abandonado próximo à praia do outro lado da ponta da Freguesia até encontrar um cemitério perdido na mata. Depois de varar o canal para Angra dos Reis passando próximo às Ilha Saracura, Laje dos Homens, Ilhas de São João, que contém as famosas Botinas ancoramos na Marina Pirata´s Mall. Enquanto deslocávamos, tentava imaginar a fascinação dos antigos navegadores nestas belas águas protegidas por ilhas de todos  aspectos e formas.

O nome Angra dos Reis é uma homenagem aos Reis Magos, por ter sido descoberta no início de Janeiro de 1502 pelo navegador Português Gonçalo Coelho.

 Segundo os ilhéus de Ilha Grande, histórias e vestígios que atravessaram os séculos, piratas franceses, holandeses e ingleses utilizavam suas paradisíacas baías, sacos e enseadas como esconderijos e base de preparação dos assaltos. Nos séculos XVI, XVII e XVIII assaltavam os batelões e galeões que transportavam o ouro entre Paraty e Rio de Janeiro, extraído das Minas Geraes com destino a Portugal. Entre os mais famosos que causavam grande terror local constavam nomes como Edward Fenton, Thomas Cavendish e Duguay Troin. Os piratas chegaram a construir cemitério próprio na Enseada da Frequesia de Santana, região norte da Ilha Grande. Entre os piratas Franceses, alguns eram  remanescentes das batalhas da Ilha de Paquetá em 1565. Já os ingleses, representados por Thomas Cavendish, invadiram São Vicente e saquearam Santos na noite de Natal de 1592. Visando coibir estes abusos no início do século XIX os Portugueses construíram entre as ilhas e pontas de Paraty pelo menos 5 fortes equipados de canhões para combate à pirataria, todos posteriormente desativados e destruídos pela ação do tempo com exceção do forte Defensor Perpétuo, hoje museu em Paraty.

Paraty e seus índios
À noite de Quinta para sexta ancoramos na poita de uma enseada ao Sul da Ilha de Gipóia em meio à criação de ostras de um pescador guardião do local. Seus cães uivavam que nem lobos à noite oferecendo um clima diferenciado próprio para a aventura.

Esta ilha separada de Angra por um canal, segundo a história era habitada  pelos índios da aldeia de Cunhambebe maior chefe indígena de toda região, muito temido não só pelos portugueses como por outras tribos

No dia seguinte rumando para Paraty atravessamos o cinturão de pequenas  ilhas na saída de Gipóia perfazendo as 25 MN em 8 hs. No rumo de GPS 240º deixamos as Ilhas de Mantimento, do Cachorro, Rasa, Duas Irmãs, da Bexiga a boreste sem descuidar da enseada de Jurumirim, com a casa de Amyr Klink ao fundo, sem sinais de habitação. Seu morador encontrava-se concluindo a 2ª circunavegação austral no Parati II. Na bela Paraty fomos à única livraria da cidade atrás de histórias da ocupação daquelas regiões.

Paraty pertence ainda à baía da Ilha Grande. Esta baía abriga a maior frota de embarcações de turismo e recreio do país. São 365 ilhas, 8 baias e 2000 praias, águas azuis e cristalinas convidam constantemente ao mergulho. Paraty, é uma cidade transformada em Monumento Histórico Nacional. Os primeiros contatos registrados do branco com os índios datam de 1554 quando Hans Staden, pesquisador alemão, ficou prisioneiro passando um ano pelo litoral da região. Posteriormente o Padre José de Anchieta lá esteve em 1563, 1564, 1565 arregimentando índios para combater os franceses que haviam se apossado do Rio de Janeiro.

Em 1595 o inglês Anthony  Knivet desembarca em Paraty buscando apoio dos índios Guaianeses.

As relações dos brancos com os índios e vice-versa, sempre foram amistosas na região, tanto que a Condessa de Vimeiro ao doar em 1630 à Maria Jacome de Melo, as terras que iriam constituir Paraty, exigia respeito aos desejos destes índios que com esta condição cumprida, se mantiveram dóceis, obedientes e trabalhadores. As terras de Paraty eram Distrito de Angra dos Reis, ambas pertencentes à Capitania de Itanhaem, até 1.667, quando se tornaram independentes do antigo Distrito e Paraty sob o nome de Vila de Nossa Senhora dos Remédios de Paraty.  Ainda hoje existem reservas de índios em Araponga, Paraty Mirim e Bracuhy interligadas, compondo 2.500 ha.

150 fábricas de cachaça (já em 1863)
O porto de Paraty, considerado ótimo para ventos de todas as direções, passou por épocas gloriosas e de abandono. Em 1597 foi estabelecido o caminho para embarque do ouro e pedras preciosas oriundos dos sertões das Minas Geraes para o Rio de Janeiro e Portugal. Os descaminhos, no entanto, contrabandos, desvios por assaltos e pirataria, fizeram com que um novo caminho direto fosse criado entre o Vale da Paraíba e o Rio de Janeiro, conhecido como Caminho Novo da Piedade. Entre 1703 e 1751, estes dois caminhos se alternaram em proibições políticas, ora favorecendo ou desfavorecendo Paraty, finalmente fixando o último como o oficial, mas o caminho velho voltou ainda a ser trilhado em 1835 após um calçamento parcial. Mas nem só de comércio do ouro vivia a vila, assim como a cultura do café entre 1798 e 1844 também a cultura da banana já no século XX teve grande contribuição econômica para a região. Outras mercadorias como fumo, carne de porco, toucinhos eram negociados em suas casas. O café descia a serra e na volta subia o sal, azeite, além de artigos de 2ª e 3ª necessidade para os Barões do Café.

Ainda a partir do século XIX em 1808 iniciava a produção de aguardente da cana de açúcar, cujos engenhos tornaram-se famosos como marca de Paraty. Em 1863 já havia 150 fábricas de destilação de aguardente, além de estaleiros para fabricação de embarcações específicas para seu transporte. Muitos dos engenhos de cana  produzem ainda hoje aguardentes tradicionais da região

Ou faziam a confissão ou morriam afogados...
A travessia entre Paraty e Ubatuba 55MN em 15h foi toda realizada no motor em virtude de uma massa de ar de alta pressão estacionada sobre São Paulo. Quando passávamos ao largo do saco de Mamanguá, Ilha do Algodão e principalmente Ilha Cotia em frente a Parati Mirim, a qual não podemos visitar por falta de tempo, admiramos a beleza daqueles dentes de água que avançam sobre a terra querendo imitar “Fjords” que certamente ofereceram descanso e esconderijos aos piratas. Tínhamos a intenção de dormirmos ancorados na ilha da Cotia, porém o adiantado da hora e a noite particularmente escura impediu nossos planos. A ilha possuía história, abrigo natural e local de inúmeros embarques/desembarques de contrabando de mercadorias, ouro, refúgio de piratas e porto onde arribavam os escravos vindos da África para os fazendeiros das grandes estâncias de cana e café da época colonial. Lá, eram recuperados da estafante viagem antes de serem vendidos, sobrando para os rebeldes açoite impiedoso, cujas lendas falam de gemidos, lamentações e assombrações fantasmagóricas. Consta que ao serem castigados os homens eram amarrados a ferro em uma gruta existente. Ao subir a maré ou faziam a confissão ou morriam afogados. De fato na ilha, encontraram ossadas humanas e antigos ferros submersos, testemunho destes acontecimentos.

A 30 MN, antes da ilha das Couves, após uma passagem sofrida pelo mar virado da Ponta da Juatinga, onde se avista vários alinhamentos de divisões de água (densidades distintas) já se divisava no horizonte as altas formações rochosas das ilhas Vitória e Búzios vizinhas da Ilha de São Sebastião, todas pertencentes ao arquipélago de Ilha Bela.

Ao cair da tarde passamos pelo canal da ilha Anchieta, nos dirigindo a Ubatuba para pernoite de sábado para domingo em uma poita de um dos 3 Iates Clubes locais.

O Padre Anchieta
A ilha Anchieta vale um destaque especial, é a 2ª maior do litoral paulista já foi presídio político entre 1904 e 1955 cuja construção hoje está em ruínas. Em 1977 foi criado o Parque Estadual da Ilha Anchieta com 828 ha de exuberante mata atlântica e praias de águas azuis além da variedade de fauna protegida que a habita. É um poderoso abrigo natural, como um grande quebra-mar, na boca da enseada de Ubatuba e imprime uma beleza cativante ao local.

Seu nome, Anchieta, foi renomeado em 1934 como uma justa homenagem ao apóstolo do Brasil conferido na passagem do 4º centenário de seu nascimento. Ele, que participou dos maiores acontecimentos da época pós-descobrimento desde o sul do litoral paulista, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia até Olinda em Recife, sentia-se bem no mar, navegou estas águas, atravessou estas baías e ilhas, enfrentou temporais, sem jamais ter naufragado ou ser surpreendido pelos Corsários e Piratas que eram o flagelo destes mares.

Nascido a 19 de março de 1534 na Ilha Tenerife, Arquipélago das Canárias de descendência portuguesa por parte de mãe e espanhola do país Basco, por parte de pai, foi mandado aos 14 anos estudar Humanidades (letras, filosofia, artes) na Universidade de Coimbra em Portugal. Após a conclusão sentiu o chamado da vocação religiosa, iniciando como noviço na Ordem Jesuíta. Sua juventude foi fragilizada por uma tuberculose ósteo–articular que lhe curvou a costas antes de se graduar aos 19 anos como Irmão Jesuíta, partindo ainda doente para o Brasil, mas já se recuperando parcialmente no mar. Fora designado missionário para catequizar os índios no Brasil. Aqui, chegando em Julho de 1533, se fixou inicialmente em São Vicente.

Sua obra se caracterizou pela fé inquebrantável, humildade e pobreza  extrema adotadas na tarefa obstinada de catequizar e converter os silvícolas à Religião Católica. O Apóstolo do Brasil, como ficou conhecido, fez de sua vida uma entrega total à missão religiosa apostólica, artística e cultural sendo ainda considerado no meio artístico fundador do teatro, arte que se valia na sua missão de Doutrinador e Mestre. Também fundou a cidade de  São Paulo e ajudou Estácio de Sá, vitimado por uma flecha envenenada dos índios tamoios, a expulsar os franceses durante a fundação da cidade do Rio de Janeiro. A pedra fundamental da cidade de São Paulo foi estabelecida a mando do Pde. Manuel da Nóbrega em 1554, em homenagem ao dia da conversão de São Paulo, a partir de um galpão de colégio de 140 idealizado por Anchieta e construído pelos índios Tupi na então Piratininga. Já, a batalha de fundação do Rio de Janeiro contra o governo francês de Villegaignon ocorreu só em 1565 com os reforços de Portugal e indígenas tupis reunidos  pelo Pe. Anchieta.

Em 1562, num ato de coragem, se fizera prisioneiro ele e o Pe. Manoel da Nóbrega dos ferozes Tamoios por 3 meses em Iperoig, atual Ubatuba, para a obtenção da paz e cessação dos ataques às aldeias de São Vicente e São Paulo por estes índios rebelados dos portugueses. Nesta ocasião, devido aos perigos e tentações superadas escreveu nas areias da praia como homenagem e agradecimento a Nossa Senhora, o Poema da Virgem.

Viveu a maior parte do tempo nas praias de Peruíbe e São Vicente, sendo ordenado Sacerdote em Salvador somente em 1577 após 2 anos de estudos complementares, assumindo lá como Provinçal dos Jesuítas de todo Brasil por 11 anos, para depois ser designado no fim da vida, Provinçal na Capitania do Espírito Santo. Anchieta proporcionou vários milagres testemunhados por seus contemporâneos entre habitantes, índios e padres.

Faleceu em 1597 na cidade de Reritiba, atual Anchieta, no Espírito Santo dedicando 44 anos à missão de Apóstolo defensor dos índios do Brasil sem nunca ter querido retornar às origens. No entanto, após sua morte, os restos mortais foram reivindicados por Portugal. Curiosamente na viajem de retorno seus despojos naufragaram junto com a embarcação em algum ponto ermo do Oceano Atlântico restando como única relíquia uma tíbia, osso da perna de Anchieta exposto no museu da cidade de seu falecimento no Espírito Santo. Foi proclamado Beato em 1980 pelo Papa João Paulo II.

Enforcando o pirata no mastro da nau capitânia
 A distância até Ilhabela de 27 MN foi percorrida a motor pela falta de vento ocupando toda a manhã e uma parte da tarde. Com as condições adversas demoramos 8 hs, encontrando uma corrente contrária de 1 a 2 nós. Após passarmos o Mar Virado com sua Ilha homônima, finalmente Ilhabela foi se revelando pelo lado norte em toda sua grandeza até enfrentarmos a pronunciada corrente contrária do canal de São Sebastião. O motor marcava pelo Log do Tridata 3,5 nós e no GPS o avanço de 1 a 1,5 nós, a diferença era subtraída pela contracorrente.

Em Ilhabela o carnaval começava explodir nas ruas cheias de turistas, com as bandas ensaiando músicas carnavalescas, entre outras da Ivete Sangalo, apesar da chuva.

A cidade local é muito hospitaleira, seu comércio, seus restaurantes, tudo está inspirado em motivos náuticos. Há uma seleção natural pelo fato da ilha só ter acesso de carro por balsa o que cria grandes filas nos fins de semana. A chuva não entusiasmava é até impedia o acesso à Baia do Castelhano no lado oposto da ilha.

A ilha de São Sebastião descoberta pelo Navegador Américo Vespúcio a 20 de janeiro de 1502 só foi ocupada em 1.608 por Diogo de Unhate e João de Abreu. Com 330 km² é a maior do litoral brasileiro.Em sua topografia 80% se situa a mais de 100m e 7% a mais de 1000m, sem dúvida um rabo perdido da Serra do Mar. O canal formado com o continente registra profundidades superiores a 40m em alguns trechos. Habitada pelos índios Tupinambás, excelentes guerreiros e navegadores, a ilha se tornou conhecida pelas muitas histórias e lendas, não só dos 1ºs habitantes, como dos piratas.Estes se concentravam na praia da baía de Castelhanos, do lado leste, para abastecimento e base de assaltos, sempre retornando após. O mais marcante deles foi Thomas Cavendish que agia com uma frota de 3 naus, mas acabou enforcado pela própria tripulação amotinada enfraquecida pelo escorbuto. Depois de aprisionado o enforcamento ocorreu no mastro da nau capitânia. A tripulação rebelde retornou a Baía afundando as naus e permanecendo na ilha. Dizem que seus descendentes são identificados hoje pelos Caiçaras de olhos azuis. Mais tarde, no século XIX a Baía dos Castelhanos foi utilizada pelos navios traficantes de escravos vindos da África. Os escravos se recuperavam da viagem numa fazenda de nome Laje de Pedra e depois eram conduzidos até Ilhabela pelas montanhas.

Bússolas enlouquecidas
Com terras férteis e mão de obra farta, a ilha transformou-se em grande produtora e exportadora de café.

Segundo historiadores pelas encostas marítimas da ilha existem mais de cem navios afundados pelos mais diversos motivos, entre pequenos e grandes, alguns famosos. Corre lenda que além de tesouros enterrados pelos piratas, as pedras magnetizadas da Ilha, enlouqueciam as bússolas das embarcações que em meio da cerração e temporal, comuns na região, seus ponteiros eram atraídos pela radioatividade das rochas.

Vários engenhos de cana existiram na Ilha, permanecendo apenas o Engenho D´Água, o último remanescente, recentemente tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional. Os demais são avistados apenas pelas ruínas.

Atualmente Ilhabela é conhecida nos meios náuticos como a Capital da Vela no país, apesar de possuir apenas um Iate Clube. As marinas próximas apenas exploram poitas para estacionamento de lanchas e veleiros. O Iate Clube é subdimensionado para tantas embarcações, gerando procura maior que a oferta. As lojas e comércio local exploram este tema e respira-se turismo e ambiente náutico da manhã à noite.

O acesso à baía de Castelhanos pode ser realizado por terra, porém os obstáculos só são vencidos por veículo tracionado nas 4 rodas com tempo favorável dado a precariedade da trilha.

 

P. Alegre, 08/05/2004

Texto de José Antônio Torelly Campello cedido para o sitepopa.com.br

 

 

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