Navio Museu A.R.A. Corveta Uruguay
Relato com fotos de visita
Rodrigo Beheregaray, Jun 2003

 


A Corveta Uruguay fez história. Foi o primeiro navio metálico da Argentina, onde chegou em 1874, para garantir a soberania nacional. Apesar do mal estado atual, conforme relata Rodrigo, é louvável que uma nação tente divulgar os feitos do passado, mostrando suas relíquias. O que se tem em volta, afinal, veio com luta.
Em que pese a existência de museus navais no Rio de Janeiro, o Rio Grande do Sul, palco de tantas batalhas pela soberania, bem que poderia ter algo mais do que uma réplica do Seival.
[popa.com.br]

Em 1874 a corveta inglesa é adquirida por Domingo Faustino Sarmiento.

Em 1877 a Escola Naval Militar instalou-se a bordo - iniciam as primeiras promoções.

Em 1885, traz de Montevideo os restos mortais de Nicolás Avellaneda.

Em 1903 cumpre sua maior façanha resgatando da Antártida a expedição do cientista sueco Otto Nordenskjölk do qual participava o alferez de fragata argentino José M. Sobral e os náufragos do "Antarctic";

Em 1904 reaprovisiona a Orcadas del Sur e em 9 campanhas antárticas posteriores e também nas Geórgias do Sul; reafirmou a soberania argentina no Atlântico Sul e na Antártida.

Em 1967, é declarada como Monumento Histórico Nacional.

A Corveta Uruguay, comparando com a Fragata Presidente Sarmiento, foi a mais intrigante, interessante e com maior "personalidade". No entanto, a ação do tempo está visível, assim como o desgaste econômico da Argentina, e há vários pontos onde há necessidade urgente de uma restauração e cuidados pois pude ver locais onde a madeira está se deterioramendo rapidamente, assim como pontos internos do casco de aço.

Na Presidente Sarmiento a enorme retranca de mezena está praticamente se desintegrando em alguns pontos. Os escaleres estão se desmanchando na intempérie e a madeira se desfazendo ao toque da mão. Também pude ver no porão de popa, por um alçapão aberto, que o assoalho e casco interno tinha tanta ferrugem que não possuía mais uma parede lisa e sim disforme com a ferrugem acumulando-se em montinhos como se fosse serragem.

Espero que uma melhora orçamentária recupere urgentemente essas preciosidades porque creio que vontade dos órgãos argentinos em manter sua história preservando adequadamente o seu patrimônio naval não falta.
De qualquer forma, ainda vale a pena visitar os dois navios por tudo que oferece. Senti falta, porém, foi de maiores informações acerca das embarcações.
Os marinheiros não souberam fornecer maiores dados e não havia folhetos informativos a serem distribuídos. Se alguem tiver mais dados a respeito e quiser me passar, eu agradeço. Obrigado.
Rodrigo Beheregaray "Asterix"

Fotos

 

 

 

3: Visão geral da proa do Uruguay.

 

 

 

 

 

 

 

 

5: Cartaz na entrada: "o mais antigo navio argentino na água". Eles dizem "en flote" (flutuando...), mas vou dar um refresco nessa tradução, pq "flutuando" pega um pouco mal, né?


 

 

 

 

 

6: Convés visto por boreste para a popa.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

7: Comando de velocidade da ponte de comando. O mecanismo apenas era um indicador que apontava a velocidade num aparelho igual, mas nas salas de máquinas, para os homens de lá aumentarem ou diminuirem a força do vapor nas caldeiras, câmaras e registros, o que o trabalho era bem mais complexo do que simplesmente acionar a alavanca deste mecanismo de "velocidade".

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

8: Furo de bala que atravessou a chaminé do vapor. Esse furo foi preservado e há uma placa informativa que foi provocado durante a revolução (1933 ?).

 

 

 

 

 

 

 

9: Primeiro mastro, o de vante, onde pode-se ver os detalhes de encaixe das vergas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

10: Vista, pelo convés, da proa do Uruguay.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


11: Nas cabines, há um pequeno museu sobre a embarcação. Na foto, está a sala dos oficiais e nas paredes a foto dos comandantes que já passaram pelo Uruguay.

 

 

 

 

 

 

 

 

 



12: Museu: cartazes, fotos antigas e peças originais da embarcação.

Cartaz (tradução livre): "A Corveta Uruguay chegou ao país em 1874 e foi o primeiro barco metálico que a Armada Argentina possuiu. Participou em 1878 na Expedição do Atlântico Sul do Comodoro Luis Py e contribuiu pelo afiançamento da soberania argentina na Patagônia.

Em 8 de outubro de 1903, partiu até a Antártida em busca da expedição sueca do cientista Otto Nordenskjölk que havia se perdido pelos frios e gelados mares do sul do mundo. Depois de pouco mais de um mês de navegação, a Corveta Uruguay encontrou a expedição perdida na ilha Snow Hill. Recuperou os sobreviventes e regressou rumo ao norte com toda a tripulação e os membros da expedição".

Peça (cadernal): o cartaz acima indica "Aparejo con cuadernal para maniobras varias de arboledura". O cadernal era usado para caçar e folgar velas além das manobras de posicionamento das vergas.

13: Roda de leme original da Croveta Uruguay. Está posicionada bem a popa da embarcação. Junto e à frente da roda de leme, a bússola em detalhes de madeira e bronze. Logo à frente e abaixo deste conjunto, havia uma roda de leme sobressalente.


 

 

 

1: Mapa de localização de Puerto Madero. Indo pela Av. Corrientes, não tem erro: no final está o Dique 4 e mais ou menos direto está a Corveta Uruguay (A). No Dique 3, em (B), está o Navio Museu "Presidente Sarmiento", que também merece uma visita. No Dique 4 também está o Yacht Club de Puerto Madero (acesso pelo outro lado do Dique), com inúmeros veleiros de porte médio a grande.

Em frente ao Uruguay, está um restaurante muito bom, o La Caballeriza, com motivos de estábulo, haras, etc., muito bem decorado. Pratos com preço médio de $15,00. Só se resolver comer na rua, admirando a Uruguay no nariz e os veleiros do Yacht Club ao fundo, um conselho: cuidado com as pombas-cara-de-pau... se bobear elas comem sua comida. Aviso dado.

 

 



2: Ingresso para visitar o Navio Museu A.R.A. Corveta Uruguay: $1,00. O navio é um vapor com três mastros, construído em 1874 na Inglaterra. Este ano está comemorando 100 anos do que, a princípio, foi seu grande feito histórico em 1903: o resgate e salvamento da expedição chefiada pelo cientista sueco Otto Nordenskjölk na Ilha Snow Hill, na Antártida, onde o navio que os levava, o Antartic, afundou.

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