Batimetria do Porto do Barquinho (Lagoa dos Patos)
Com uma taquara, GPS, computador, bote e iniciativa, faz-se uma carta
Victor Scur Barth

07-07-07
Em janeiro de 2006, após nossa longa velejada para punta del este, fizemos diversas escalas antes de retornar ao nosso porto permanente. Rio Grande, Pelotas, São Lourenço do Sul, Bojuru, Porto do Barquinho, CNI e, então, o Veleiros do Sul.

No entardecer do dia 7 de fevereiro de 2006, chegamos ao Porto do Barquinho (foto ao lado), onde ficamos atracados na barranca do riacho durante 5 dias. Na tarde do dia 8 eu estava observando aquele belíssimo local e lembrando das nossas dificuldades para chegar até ali.

Nas três vezes que tentamos entrar no porto ficamos encalhados e sempre dando aquela dragada no fundo, tanto para entrar quanto para sair. Sem muito conhecimento na área de cartografia, mas com uma boa dose de boa vontade, um GPS Garmin de mão e um laptop com Oziexplorer, comecei a mirabolar planos de como fazer uma carta com a batimetria para aquele local. Nos três dias seguintes inteiros, eu andava por todos os lados com o GPS coletando dados e descarregando ao Ozi, sempre cuidando muito da precisão, pois se trata de uma carta de uma escala muito grande.

Durante a noite organizava os dados e via o formato da carta começar a aparecer. Infelizmente nosso prazo de permanência tinha se esgotado e tivemos que voltar para Porto Alegre, mas felizmente a carta já estava pronta, porém, ainda faltavam as profundidades.

Nesse ano, 2007, após a nossa travessia a Angra dos Reis, fizemos as mesmas escalas de sempre. No Bojuru, escala anterior ao Barquinho, ficamos ancorados à noite com um vento extremamente forte de nordeste que soprou a noite inteira, e que mal nos deixou dormir, devido a ondulação. No dia seguinte a lagoa havia baixado significativamente, perfeito para coletar dados de profundidade. Levantamos as velas e chegamos ao entardecer no barquinho. Já deixei tudo preparado para no dia seguinte começar os trabalhos.

Durante quatro dias, acordando às 10 e parando às 8h devido à baixa luminosidade fui tocando adiante meu trabalho. A altura da lagoa estava bastante baixa na ocasião, sendo possível avistar embaixo da água, o banco que fica na entrada do riacho. A medição era feita em pontos determinados e com o GPS eu me guiava dando as profundidades. Apesar de parecer um pouco arcaico, as profundidades eram coletadas com uma taquara (foto ao lado). Contudo, sua precisão não deixa a perder.

Na verdade, para se coletar esses dados de profundidade, deveria-se ter um estudo muito mais aprofundado e rigoroso de alturas da lagoa naquela região, o que não existe. Porém, as profundidades que representei servem como uma boa base.

Apenas no último dia tive a chance de curtir a paisagem e observar as emas com seus filhotes. Aquele ambiente que só o Barquinho nos dá: uma mistura de se estar no interior e ao mesmo tempo velejando.

Colocando os dados no Ozi Explorer e montando a carta no Paint ela estava pronta!
Obs: As cruzes representadas com amarelo em volta, significam um molhe submerso e apenas foi colocada a cor para dar ênfase.

Para os usuários do Ozi Explorer: alguns detalhes devem ser observados para se aumentar a precisão quando se trabalhar no modo Moving Map nessa carta. É importante que o TI (Track Interval ou Intervalo de Track) esteja configurado para um número bem baixo, para que sejam coletados dados do GPS com uma freqüência maior, assim a precisão será maior. O uso normal do TI é dez, ou seja, a cada dez unidades de distância será coletada uma informação de posição. Nesse caso é necessário o uso do um ou do zero. Nesse último caso as informações de posição são coletadas imediatamente. Outro detalhe é o UR (Screen Update Rate ou Refresh da Tela) que é o intervalo, em segundos, dos updates da tela, devendo ser colocado para zero, assim os seus updates serão contínuos.
No mais é só organizar uma galera e ir curtir uma churrasqueada no barquinho! E desta vez sem encalhes!

O trabalho está sendo apresentado sob forma de carta geo-referenciada para uso com o programa Ozi Explorer. Consta de 3 arquivos, sendo um deles a carta propriamente dita (extensão bmp), um outro arquivo contendo o geo-referenciamento (extensão map), e um terceiro arquivo com o track do Victor (foto acima) no Barquinho (extensão plt). Os 3 estão compactados em um único arquivo zip (5.4MB). Para utilizar a carta, descompacte o arquivo na pasta de cartas do Ozi e carregue normalmente. Veja o link para download do arquivo, mais abaixo nesta página.

Para quem não roda o Ozi, ou não dispõe de computador a bordo, a carta acima indicada pode ser impressa e levada a bordo.

A versão abaixo é uma redução da carta original, apresentada apenas para ilustrar o trabalho, com acréscimo de curva isobatimétrica. A redução tornou as cotas um tanto ilegíveis, mas podem ser perfeitamente lidas na carta original.