1 O desafio parece fácil para o homem que já atravessou em um catamarã os mares da Antártida à Groenlândia, incluindo a temida Passagem de Drake. Mas essa será a primeira expedição de longa distância em mar aberto - e sem equipe de apoio. Pandiani só terá a companhia do velejador francês Igor Bely, com quem revezará o leme. "Passaremos um longo período no mar, sem escalas." Tal ousadia só é possível com a tecnologia de nosso tempo. O Bye Bye Brasil - como é chamado o catamarã - tem um sistema com rastreador que informará às bases navais a posição do barco a cada três horas. A dupla terá internet e telefone via satélite. "Poderemos checar a previsão do tempo e enviar dados para nossas bases", explica Pandiani. E pensar que, em 1994, quando viajou de Miami a Ilhabela, ele mandava telegramas - duas frases demoravam sete minutos para serem transmitidas. "Hoje ligo a câmera e passo vídeo ao vivo." Desde então, os computadores evoluíram - e muito. Têm mais memória e processadores rápidos. Mas a novidade é o notebook à prova d'água e resistente a choques, desenvolvido especialmente para a expedição do velejador.
O barco é ecologicamente correto. Além de não ter motor, conta com placas solares, para gerar energia, e dois dessalinizadores, para que a dupla possa usar a água do mar para beber e cozinhar. O cardápio será equilibrado, com 3.500 calorias diárias e comida liofilizada - tipo de refeição desidratada. "Mas levaremos alguns quitutes, como barras de cereais, chocolates e bolo inglês", conta. A aventura começa antes mesmo de cair n'água. Pandiani e Bely vão percorrer 4 mil quilômetros de carro, rebocando o Bye Bye Brasil, entre São Paulo e Viña del Mar, no Chile, numa viagem de seis dias. A previsão da dupla é deixar o Chile em 4 de outubro e, 15 dias depois, chegar à Ilha de Páscoa - ponto mais isolado do mundo, a mais de 4 mil quilômetros da costa chilena.
Pausa de alguns meses para a temporada de ciclones na região. O catamarã ficará por lá enquanto Pandiani e Bely voltam para o Brasil. A segunda parte da aventura começará em maio de 2008 para mais 80 dias entre Taiti e Austrália. Uma equipe de fotógrafos e cinegrafistas registrará a aventura. A expectativa é transformar a viagem em livros de fotos e documentários. Quem não quiser esperar até lá, poderá acompanhar todos os dias o diário de bordo da dupla, no endereço: www.yahoo.com.br/travessia. Com fotos, textos e vídeos. "Para se lançar numa viagem como essa é preciso preparação", diz Pandiani. "Mas acho morar em São Paulo mais arriscado do que atravessar o Pacífico." |