Cristóvão Pereira de Abreu
Carlos Altmayer Gonçalves - Manotaço

Quem foi Cristóvão Pereira de Abreu?

Este ilustre desconhecido para a maioria dos gaúchos, mesmo para aqueles que conhecem o monumental farol que leva seu nome, era um coronel das forças imperiais, a serviço do vice-rei.

Quando as forças imperiais decidiram levantar um forte na barra do Rio Grande de São Pedro, armaram uma pequena frota a mando do brigadeiro José da Silva Pais. Esta ficou aguardando em Santo Antônio dos Anjos de Laguna, que uma força por terra fizesse o reconhecimento da barra. Esta tarefa coube ao coronel Cristóvão Pereira de Abreu, que era "vaqueano" daquelas paragens, pois seguido efetuava por terra a viagem desde Laguna a Colônia de Sacramento. Após efetuar o levantamento da barra, fazer uma "carta" da mesma e duas atalaias, enviou um "próprio" a Laguna, por terra, levando as informações a Silva Pais. No dia 19 de fevereiro de 1.737, a frota adentrou a famigerada barra sem maiores dificuldades.

A frota:
Nau capitã : Leão Dourado - galera
Bicha Cadela - bergantin
N.S.da Conceição - balandra
Bonita - galera


Simão Pereira de Sá, cronista dos primeiros tempos do nosso Rio Grande, deu-nos esta transcrição de um relato do feito :
"...não foi menos útil para guia dos navegantes levantar nos pontais da barra dois madeiros de extrema ordinária grandeza com cata-ventos nos remates para conhecimento dos rumos e facilitar com estas balizas o perigoso e cotidiano ingresso das embarcações ligeiras..."

Ergueram então o forte Jesus Maria José, na margem direita, atual cidade de Rio Grande. Cristóvão Pereira andava por aqui desde 1.731, levando gado "alçado" para Curitiba, para as forças imperiais. Escreveu alguns "roteiros" do trajeto, conhecidos na época como "práticas". A tática para cruzar a barra do Rio Grande era embarcar o "sinuelo" numa jangada e forçar o resto da tropa a segui-lo.

Cristóvão requereu e ganhou a sesmaria da área que ficou conhecida como Rincão do Cristóvão Pereira, que é basicamente a ponta aonde se localiza o farol, estabeleceu uma estância de criação de gado (bovino, cavalar e muar) com intuito de fornecer ao império. Daí o nome de Lagoa do Rincão. Quando a marinha resolveu erigir os faróis da Lagoa, batizou-os com o nome do local aonde foram erguidos : Itapuâ, Cristóvão Pereira, Bujuru e Estreito. Capão da Marca foi construído mais tarde. Desta forma indireta ficou registrado para a posteridade o nome deste pioneiro do Rio Grande, muito pouco conhecido dos gaúchos. Por outro lado, creio não haver algum outro personagem de nossa história que tenha sido homenageado com um monumento do porte do farol Cristóvão Pereira.

Glossário:
Vaqueano: guia, sujeito com experiência e conhecimento da região.
Próprio: abreviatura de "mensageiro próprio".
Sinuelo: ponta de gado amansado que se usa para guiar uma tropa xucra.
Bibliografia:
1- Primeiros Cronistas do Rio Grande do Sul
1.605 - 1.801 - Guilhermino César
2- Pelas Águas do Rio Grande
Raphael Copstein - Paulo Xavier
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Porto Alegre, 8 de maio de 2.004
Carlos Altmayer Gonçalves - Manotaço

Farol Cristóvão Pereira

Um tal Cristóvão Pereira

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