Breve histórico sobre Itapuã
Vocação Náutica
Carlos Alberto S. Mancio


A história de Itapuã registra alguns aspectos interessantes, que vão desde a colonização, através dos Portugueses Açorianos, passa pela Revolução Farroupilha, até a Lei Seca determinada pelo Estado Novo de Vargas. Em todos estes períodos, destaca-se a vocação náutica, determinada pela sua situação geográfica.

Porto natural
Localizada às margens do Guaíba, onde este se encontra com a Lagoa dos Patos, o Saco de Itapuã sempre foi um porto natural, servindo de abrigo aos navegantes que se aventuravam enfrentar o nosso mar de dentro, como é conhecida a Laguna dos Patos.

Foi considerando estas questões, que alguns historiadores defendem a tese que os Açorianos, vindo de Rio Grande, aportaram em Itapuã, dirigindo-se por terra para Viamão quando então vislumbraram o Delta. Segundo a lenda, o formato de uma mão aberta formada pelos cinco rios, deram o nome ao lugar.

Guerra dos Farrapos
Durante a Revolução Farroupilha, aconteceram importantes episódios na Garganta do Itapuã, estreitamento determinado pela Ponta da Lage (Morro da Fortaleza) e Ilha do Junco, tornando-se ponto de resistência dos Farrapos, que impediam a chegada das forças Imperiais a Capital do Estado. No Largo da Praia das Pombas, aconteceram combates sangrentos, onde repousam até hoje restos de embarcações Farroupilhas, que foram afundadas pelas forças do Império.

Cachaça na farinha
Por ser um porto natural, Itapuã sempre esteve na rota da navegação mercantil e costeira do Mar de Dentro, desenvolvendo-se aqui, uma economia baseada na produção de farinha de mandioca que era transportada em barcos para os centros consumidores do Estado e do País. Esta atividade tornou-se muito lucrativa durante a Lei Seca, que proibia a comercialização de bebidas alcoólicas no País. E sendo Itapuã um grande produtor de cachaça, esta bebida era carregada, em forma de contrabando, sob a carga de farinha.

A torre da igreja como referência
A navegação sempre foi à atividade mais importante desta região, exigindo a construção de um farol em 1860. A Vila de Itapuã sempre esteve voltada para o Guaíba e este fato se comprova com a construção da Igreja, voltada para as águas e tendo como padroeira a Nossa Senhora dos Navegantes. Antes do advento da luz elétrica, o ponto de referência no Saco do Itapuã era a torre da antiga Igreja, que podia ser avistada pelos navegadores de qualquer ponto (ao fundo, na foto ao lado, a igreja atual).

Obras - molhe e dragagem
Após a enchente de 1941, que destruiu o Porto de Itapuã, a comunidade se afastou um pouco de sua vocação náutica, sobrevivendo apenas da pescaria artesanal. Com a criação do Parque Estadual de Itapuã e a revelação de suas belezas naturais, o porto foi reativado, sendo construído um molhe de contenção e a dragagem do canal. É importante ressaltar, que estas obras foram construídas por iniciativa da Comunidade, que contribuiu com uma parcela considerável de recursos financeiros.

Clube náutico
Com a dragagem do Canal os barcos de lazer passaram a incluir Itapuã como parada obrigatória nas suas incursões a Laguna dos Patos, mudando significativamente a paisagem local. Diante disso, a Administração Municipal construiu uma Marina, fato este que possibilitou moradores de Itapuã que tinham barcos a se organizarem em torno de uma idéia muito antiga de fundar um Clube Náutico. Isto foi feito em junho de 1995, quando então foi fundado o Clube Náutico de Itapuã, estabelecendo a ligação que faltava entre Itapuã e os demais Clubes Náuticos.

Carlos Alberto S. Mancio
, 1998

 

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