Barquinhos na Redenção
O Fomento à Vela nos anos 30
Foto e texto: Cmte Augusto Chagas

Na Semana da Pátria, a Liga de Defesa Nacional junto com a Prefeitura começou a organizar regatas de modelos de barco no Lago do Parque da Redenção, em Porto Alegre. O negócio era leme de vento e seja o que o vento quiser. De saída era classe aberta mas no ano seguinte foi adotado um barco de 93 cm. O Chaguinhas ( o outro ) chegou a fazer uma série de uns oito, eu acho.

Todos os adultos da foto estão com chapéu de feltro na cabeça. O guri do meio com um barco de dois mastros está de luto e o bem da esquerda da foto estava na quarta série do Ginásio Rosário. Nesta época as mulheres já estavam começando a velejar.



Na foto de 1938, o Cmte Augusto Chagas (Chaguinhas), então com 8 anos, está de pé à direita, com o logotipo do Grupo Escolar Paula Soares no peito.
O modelo que segura é o Iponá, feito pelo irmão dele, o Chaguinhas do Jangadeiros.

ESCOTEIROS DO MAR 1936

O barco chamava-se João das Botas, em homenagem a João Francisco de Oliveira Botas que ficou famoso na campanha do Rio da Prata, contra os argentinos em 1825 e contra a esquadra portuguesa, na Bahia, em 1833.

O João das Botas ficava atracado na margem direita do Arroio Dilúvio, mais ou menos no começo da rua da Margem (hoje João Alfredo), um pouco a montante da Ponte de Pedra. O chefe da tropa era o Antonio Machado, ex-oficial da marinha mercante. Ele morava na Rua Avaí, quase esquina da Rua da Margem. Na sua casa é que era guardada toda a palamenta do bote.

Na foto da turma remando, a boreste, perto do timoneiro sou eu com seis anos e pouco. Não tinha idade para ser escoteiro mas meu irmão Luiz me levava para essas aventuras.

Na foto em que estão croqueando e remando para sair da praia, o escoteiro que está atrás do mastro é o Luiz.

A sigla NAM - 6 queria dizer Navio de Alto Mar # 6, que eu acho era usada pela marinha na época. Esta foto é mais ou menos na foz do arroio Dilúvio vendo-se a Baia da Praia de Belas tendo ao fundo o asilo Padre Cacique. Nos morros, casa nenhuma.

 

 

 

[popa] Photographias como essas são raras. Mostram o passado do esporte à vela. Mostram de onde veio tudo o que temos e desfrutamos hoje em dia. Mostram ainda que naquela época era preciso construir, além de velejar. Não apenas barcos, mas infra-estrutura. Foram tempos mais difíceis.

Os sócios do Clube dos Jangadeiros chegaram a fazer uma ilha! O Veleiros do Sul teve que construir uma nova sede e assim também o Iate Clube Guaíba, que tinha sede no bairro Menino Deus. O ex-comodoro do Veleiros do Sul, Mário Hofmeister, pai do Capitão Ferrugem, pleiteou a posse da Ilha Francisco Manoel junto ao governador do estado, no peito e na raça. Os molhes do Veleiros do Sul foram construídos por benesses do já extinto DNOS (Departamento Nacional de Obras e Saneamento). Na marra!

O pessoal se virava ! E pouco se faz (pra não dizer nada) para homenagear muitos desses caras que ainda estão por aí...
Aproveito para fazer um apelo a todos os velejadores para que prestigiem essa gente a quem tanto devemos.

Os velejadores velhos, esses que já venderam os barcos e que precisam de ajuda para embarcar, são sumariamente ignorados. Não podem mais contribuir na faina a bordo. Nem mesmo descer à cabine para trazer uma lata de cerveja. Precisam de ajuda para embarcar e de ouvidos para poderem contar suas histórias e dar seus palpites a bordo.
Meus parabéns ao Comandante Paulo Hennig por levar o ex-comodoro Laszlo Bohm a navegar. Botou uma cadeira no convés do Charlie Bravo V pro Laszlo sentar e o fez muito feliz. Que sirva de exemplo.
Danilo.

O Chaguinhas continua aprontando.

-o-

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