BigBóia, confinamento em alto mar Português naturalizado brasileiro, aos oito anos Mario Roma já era campeão de vela em sua terra natal, e a partir daí passou a se envolver cada vez mais com a aventura de atravessar oceanos em barcos à vela. E foi nesse esporte que ele pôde passar um dos maiores desafios de sua vida pessoal e profissional com mais três atletas, em 1983. “Foi no norte da África. A gente ia para Cabo Verde e pegamos uma tempestade e o mastro quebrou e bateu no casco. Não tínhamos os alicates para cortar os cabos de aço, e o mastro ficou batendo no casco até quebrá-lo, e afundamos. Tudo isso não demorou 45 minutos”, contou ele sobre o naufrágio do barco de 22 metros em que ele e sua equipe treinavam para Antígua Race Week, que acontece no Caribe. “Quando afunda um barco você manda um sinal que se chama mayday e se alguém pegar o teu sinal é a mesma coisa que gritar 'Ai, Deus me acuda', se alguém ouvir vai te acudir, mas se ninguém ouvir, quem vai acudir? Então a gente ficou naufragando quatro dias, e uma pessoa passou muito mal e tem seqüelas até hoje por desidratação, e nós três nos viramos”, explicou ele dizendo que todos ficaram em um barco salva-vidas de borracha de aproximadamente três metros de diâmetro, que tem uma tenda de proteção contra o sol e o calor. Os aventureiros foram resgatados por um barco pesqueiro angolano quando já haviam passado de Cabo Verde. A sobrevivência do grupo foi dada graças a um sistema de filtração de água do mar feito com a luz do sol e a uns pacotes de biscoitos que eles conseguiram pegar do veleiro antes de afundar. “Você tem de ter um raciocínio muito rápido na hora e pensar como a música do Zeca Pagodinho, Deixa a vida me levar, umas cem vezes. Tem que ter muita calma de espírito senão você mata um ao outro”, disse ele sobre o momento que eles saltaram do barco que estava afundando e foram para o bote de borracha com alguns alimentos. “Você só pensa em querer viver. Você acredita que vai sair dessa”, falou Roma. Confinamento - “O tempo passa mais rápido do que você pensa”, disse ele sobre os quatro dias em alto mar. “Tem o fator medo também, essa é a salvação, você desligar, e ligar o 'stand by'. Você não está morto de espírito, mas está morto de raciocínio de se mexer. Você entra em transe. Afinal são quatro homens dentro de uma bóia de borracha de três metros de diâmetro. Vai acabar culpando um, culpando outro porque só nós estávamos no barco e ele afundou... “, completou Mario. “Duas mulheres no banheiro já brigam por uma escova, imagina quatro homens num bote de borracha. O Big Brother é fichinha. Ali é o Big Bóia”, brincou o atleta. |