Marolas crescem subitamente em Itapuã Há uns dois anos atravessei o canal de navegação do Guaíba, da Ponta da Fortaleza para a Ilha do Junco (Itapuã), um pouco antes da passagem de um navio. O O'Day23 chacoalhou muito por conta do "tsunami" gerado pela interferência das ondas. O pior foi a surpresa. Não dava para acreditar que aquelas marolinhas junto ao navio iriam se transformar em ondas, logo em seguida. Nos 450 metros entre o eixo do canal e a praia da ilha há uma rampa natural submersa com 100m de extensão, onde a profundidade varia de mais de 30m para em torno de 1m (observe a batimetria na carta náutica abaixo). Ao atingir essa rampa, de uns 20º, as marolas crescem*. Trata-se de um fenômeno ondulatório estudado pela Física, chamado Interferência de Ondas. A marola acumula amplitudes ao aproximar-se da Ilha do Junco. As ondas refletidas pela rampa somam-se às que vêm depois delas. "A velocidade de propagação da onda é proporcional à profundidade. À medida em que a profundidade vai diminuindo, a onda vai sendo freada e diminui o comprimento de onda (distância entre as cristas). A conservação de energia faz com que a amplitude (altura) da onda aumente. É o mesmo fenômeno que gera a quebra de ondas em beira de praias", explica o Comandante Plinio Fasolo, astrônomo e ex-professor de física da PUC. "Nas praias do lado leste da ilha é preciso considerar essas ondas, que podem jogar um barco pequeno à praia", escreveu o Comandante Geraldo Knippling sobre a passagem de navios pela Ilha do Junco, na bela obra "O Guaíba e a Lagoa dos Patos" (à venda na secretaria do Veleiros do Sul 51 3265-1733). (*) A poucos metros dali as águas do Guaíba atingem a profundidade máxima, em um poço de 64m (~S30º 21,327' W051º 03,650'). |
A imagem do satélite mostra a formação da "interferência de onda" na marola do navio
A interferência se dá na abrupta redução de profundidade (da área branca para a área azul, junto à ilha)
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