"Naufrágio no Albardão"
TV grava sobre naufrágio de navio inglês em 1861
19 Jan 2008 __________________________________________
A Questão Christie, em termos de Relações Internacionais do Brasil, constituiu-se num contencioso entre o governo deste país e o do Reino Unido. Teve lugar de 1862 a 1865. Esta questão diplomática foi fruto de um conjunto de incidentes envolvendo ambas as nações, culminando, pela atuação inábil do embaixador britânico creditado no Brasil – William Dougal Christie - no rompimento das relações diplomáticas por iniciativa do Brasil (1863). Em 1862, alguns marinheiros ingleses foram detidos na cidade do Rio de Janeiro, pois, embriagados e em trajes civis, promoviam arruaça nas ruas da então Capital. Constatada a sua condição de militares britânicos, foram imediatamente soltos. O embaixador Christie, não satisfeito, aproveitou a ocasião para exigir a pronta indenização pela carga do navio Prince of Wales, naufragado na costa do Albardão (então Província do Rio Grande do Sul) (1861), a demissão dos policiais brasileiros que tinham efetuado a detenção e um pedido formal de desculpas do governo imperial à Inglaterra. Christie, acerca do naufrágio do navio britânico afirmou ainda que os seus tripulantes foram assassinados por brasileiros antes do afundamento, que teriam procedido o saque da carga. No ano seguinte, uma esquadra de guerra, sob o comando do almirante Warren, partiu da estação naval do Rio de Janeiro e procedeu o apresamento de cinco navios mercantes brasileiros. Esse incidente acirrou os ânimos na Capital, resultando em diversas manifestações de protesto, tendo a população ameaçado represálias contra propriedades inglesas no Brasil. O Brasil não podia fazer muito mais. Diante de um adversário militarmente mais forte. Coube ao país pagar, sob protesto, o montante solicitado pela Grã Bretanha para o caso do naufrágio do Prince of Wales. Em relação aos oficiais da fragata Forte, o caso foi deixado para o arbitramento internacional, a cargo do Rei Leopoldo I da Bélgica. O governo brasileiro, através da sua representação em Londres, ainda encaminhou um pedido de indenização em função da apreensão de embarcações feita pelo almirante Warren no início do ano de 1863, além da exigência de desculpas pela violação do território nacional. Em virtude da resposta negativa, D. Pedro II decidiu romper relações diplomáticas com a Inglaterra em maio daquele ano. Em relação ao arbitramento internacional, o rei belga deu parecer favorável ao Brasil. O resultado foi comunicado ao representante do governo brasileiro em Bruxelas quando este foi recebido na corte em 21 de junho de 1863. Somente quando o governo inglês apresentou desculpas formais ao imperador brasileiro (1865), iniciada a Guerra do Paraguai, é que se reataram as relações diplomáticas entre as duas nações. |
Assunto relacionado: Vereker, 1860