Navio-escola do Canadá traz estudantes a Salvador
Estudando a bordo

25 Jan 2008
Por R$45 mil é possível estudar um semestre em alto-mar no navio-escola Concórdia, de bandeira canadense, dividindo experiências com estudantes de todo o mundo. São europeus de nacionalidades diversas, mexicanos e asiáticos, que investiram numa forma de aprendizado peculiar. Hoje, eles embarcam de volta ao Canadá, país de origem do projeto Class Afloat, que desde 1984 percorre o mundo para semestres escolares bem diferentes do convencional. No barco, salas de aula, alojamentos, refeitório e deck para a prática de exercícios físicos. Pela primeira vez, Salvador foi incluída no roteiro, que passou por Dinamarca e Senegal, antes de atracar na Baía de Todos os Santos.

Ontem, nenhum dos 48 estudantes foi encontrado a bordo. Afinal, é durante as paradas em terra que eles podem ter dias realmente diferentes _ fora da rotina diária em alto-mar, que exige participação e cooperação de todos nas tarefas diárias. Com idades entre 16 e 20 anos, a turma seguiu para passeios nas praias da capital e em pontos turísticos. Como o semestre está acabando, a estada foi reduzida de uma semana para três dias. Doze professores canadenses, da província de Nova Escócia, são responsáveis pelas aulas de geografia, inglês, biologia marinha e disciplinas que integram o currículo high school canadense.

É exigido dos participantes, inglês fluente, boa saúde e espírito de aventura. No barco, que conta com a tripulação de seis marinheiros, os estudantes também assumem tarefas na limpeza, cozinha e demais afazeres. A coordenadora do Class Afloat, Kate Knight, explica que o navio já passou por cidades como Natal e Belém, mesmo sem registrar a participação de alunos brasileiros. A escolha por Salvador foi por causa do mix de culturas e da beleza da cidade.

“O objetivo não é só didático, mas envolve desenvolvimento pessoal, trabalho em equipe e liderança”, explicou o diretor da agência responsável pelo programa no Brasil, Flávio Crusoé. Ele pontua que nas diversas cidades onde o navio atracou, além de conhecer o povo e costumes dos locais, os estudantes participaram de trabalhos voluntários.

Conviver por tanto tempo com adolescentes num barco é uma tarefa também que exige jogo de cintura de Kate. “É desafiador, mas também recompensador. Alguns dão mais trabalho que outros, mas no final o balanço é positivo”, revela Kate. “A dica é mantê-los ocupados, para não ter problemas”, segreda. Quando estão em alto mar, a rotina começa às 7h, com exercícios físicos no convés. Em seguida, a turma toma café e às 9h têm início as aulas _ normalmente são quatro horas por dia. O roteiro intercala 20 dias de navegação com visitas a portos de diferentes países. O conteúdo das aulas passa a ser mais palpável, na medida em que há a possibilidade de os alunos irem para os lugares que estão estudando (em disciplinas como história e geografia), aprofundando o conhecimento sobre povos, natureza e peculiaridades do mundo.
Fonte: Correio da Bahia / Fotos: classafloat.com