Regata em solitário 16/03/2008 Nem percebi o que aconteceu. Levei uma pancada e fui direto ao chão. A carreta, que também avançou o sinal, tinha uma bandeirola de sinalização, que deve ter me acertado em cheio. Na verdade, não sei bem o que me bateu, mas acredito ser a bandeirola, pois se fosse a pá do trator eu não estaria aqui pra contar história. Felizmente foram apenas algumas contusões no corpo e uns poucos danos materiais. A preparação ficaria para o outro dia. Esta seria a minha terceira regata, todas em solitário. Embora eu não seja especialmente competitivo, gosto da função das regatas. Afinal, um pouquinho de competição não faz mal a ninguém, e é quando posso aferir o meu desempenho frente a outros barcos. Na primeira regata, havia abandonado em último lugar. Na segunda, consegui deixar um barquinho para trás, embora tenha chegado uma hora e sete minutos depois do fita-azul, o Friday Night, da classe Cruzeiro 40. Desta vez queria deixar pelo menos dois barcos pela popa e andar mais próximo do grupo. Chegando no barco, pouco antes da prova, coloquei a rota no GPS, preparei a genoa 2, tirei a capa da mestra e me fui pro embate. Estava ventando relativamente bem. Não tenho anemômetro, mas a estação de vento do Clube dos Jangadeiros registrou entre 12 e 18 nós de vento para aquela tarde. Lá fora, no Guaíba, devia estar ventando um pouco mais. Saí no motor, deixando para levantar as velas já em água aberta. Como não tenho enrolador de genoa, piloto automático, ou contole de rizo no cockpit, adotei uma postura cautelosa, e já levantei a mestra no primeiro rizo. Daí foi aquele negócio de esperar a largada. Camba para um lado, camba para o outro, jaibe, um saco. Preferi me afastar da turma para não fazer tanta manobra, judiando do pobre do Tiza. Saí em último... Mas o Tiza até que anda bem quando eu não atrapalho, e devagarzinho consegui conquistar duas posições e me aproximar de outras possíveis presas. Estava bom demais para ser verdade. Mas aí cheguei em um trecho onde o vento não se decidia entre leste, sudeste e sul, atrapalhando a minha estratégia de aproximação de uma bóia. Junte-se a isto mais algumas barbeiragens, e perdi uma posição e a proximidade do grupo. Só mais para o final do percurso é que consegui me aproximar novamente, fazendo mais uma presa. Mas o meu desejo estava realizado, tinha deixado dois barcos para trás: continuava fazendo progresso. Meu tempo também melhorou, agora foram “apenas” quarenta e cinco minutos atrás do fita-azul, o Maison Blanche, da classe Cruzeiro 35. De noite veio a maior surpresa... Olhando os resultados da regata na internet, verifiquei que era o único na minha classe a concluir a prova: iria ganhar um troféu! Fiquei imaginando o troféu na minha sala, cheio de glamour... Regata Copa Cidade de Porto Alegre: que nome pomposo.... Regata em solitário, primeiro lugar... Impressionante... Só não precisamos espalhar que, de fato, eu corri “solito” na classe Cruzeiro 26: fica entre mim e vocês. Além do mais, correr sozinho, pouco equipado, e com direito a surfadas e adernadas, deve valer alguma coisa, não acham? -o- |