Saudades do Atrevida
Lembranças de infância
Jorge Antonio da Rocha Coelho
20 Jan 2008 Sei que esta história não é de muita importância, para os outros, porque não tiveram as emoções que tive ao conhecer este lindo veleiro. Quando eu tinha entre nove e dez anos tive meu primeiro contato com a grandiosidade do Atrevida. Deu-se quando fui ao barco do meu pai, o MALAGÔ - um Classe Brasil por ele construído no ICB, Salvador/BA - que estava fundeado ao lado do Atrevida, no iate clube do Rio de Janeiro. O Atrevida, ao olhá-lo mesmo sem os 1000 metros quadrados de velame içados, dava a impressão de velocidade de um carro esportivo de luxo. Lindo, por dentro e por fora. Ainda me lembro das salas, das suítes, da cozinha com um frigorífico que cabia um boi inteiro, da sala de rádio e da oficina com uma furadeira de coluna e um torno mecânico. Parece mentira? Mas para mim basta fechar os olhos e rever aquela emoção toda que tive. Eis que no dia 11/11/1962 (meu aniversário de 11 anos) eu queria ir até o Malagô, e os barcos de apoio do ICRJ estavam ocupados. O Albino me ofereceu uma carona num pequeno bote, com um motor de popa Johnson 40hp, que estava sendo testado. Para encurtar, ele engatou a ré, afastou-se do cais da piscina do iate clube, engatou à frente e o motor morreu. Ele ligou o motor sem desengatar e o mesmo disparou, fazendo que nós dois caíssemos dentro d'água, ele por fora do círculo que o bote desgovernado fazia e eu do lado de dentro. Resultado: a hélice (desculpe, mas não me acostumo a escrever o hélice) raspou em minha perna direita e levei 21 pontos no Hospital Miguel Couto. Comentários: info@popa.com.br |