Tesouro do Morro da Formiga Jul 2008 Quando encostamos, dentro da alagada, no pontal, fomos ajudados por um pescador que estava acampado por lá. O que estranhamos foi que o camarada estava bem barbeado e falava português bem melhor que nós. Dois dias depois, chovendo ainda, começamos a pensar em voltar mas, para tanto, teríamos que bordejar contra o sul para vencer o pontal. Resolvemos consultar o pescador, que estava abrigado num telhado de santa fé que nem parede tinha, para saber se com aquele vento a gente poderia virar a ponta sem maiores problemas. Levamos uma pequena carta da Lagoa, ainda não existiam as cartas da Marinha e, uma Bússola Bezar, a única a bordo.
Tínhamos comentado muito sobre esse pescador, tão estranho na sua maneira de se comportar. Chegados ao abrigo, chovendo, nos convidou para entrar e sentar. Ele estava lendo um grosso volume e o único móvel que tinha era um baú de madeira. Sentamos no chão de areia e expusemos a nossa dúvida. Para nossa surpresa e para aumentar as nossas suspeitas ele colocou a carta no chão, pos a bússola em cima e orientou a carta. Pela direção e intensidade do vento ele achou melhor que esperássemos mais um pouco porque a direção do vento estava começando a mudar. Conversa vai, conversa vem, ele acabou contando sua história, começada assim: “Vejam o que a ganância faz com as pessoas, eu sou paulista e era um grande numismata e filatelista. Um dia numa viagem à Espanha vi uns documentos que falavam de um tesouro deixado pelos jesuítas nas margens da Lagoa dos Patos. Nas minhas primeiras férias vim ao Rio Grande do Sul e, depois de muitas pesquisas, fui parar no Morro da Formiga onde havia uma capela feita pelos jesuítas. (na primeira vez que estive nesse local, lá por 1949 ainda existiam as quatro paredes desta capela). Neste primeiro ano que estive no Morro da Formiga encontrei indícios de que alguma coisa havia de verdade na história do tesouro. De volta a São Paulo continuei a pesquisar e descobri que naquela zona havia tido uma Missão Jesuítica que era justamente aquela encarregada de levar os bens havidos no Brasil para a Europa e que, quando da expulsão dos jesuítas, eles não tiveram tempo de embarcar tudo o que tinham. Deixaram escondido ouro e pedras preciosas para depois buscar e deixaram sinais para que pudesse ser encontrado por quem soubesse interpretá-los. Nesse ano que se seguiu continuei a pesquisar e me especializar em sinais cabalísticos. Minha obsessão pelo tesouro me levou à conclusão de que se eu realmente desejava encontrar alguma coisa eu tinha que ficar por lá até dar certo. Com esse pensamento vendi as minhas coleções de selos e moedas, me desfiz de outros bens e vim morar no Morro da Formiga (foto abaixo). Quando aqui cheguei e comecei a estudar aquela infinidade de sinais, me dei conta que era uma coisa muito inteligente e que eu acabaria descobrindo o código deixado. O problema que eu senti era que, de repente, alguém com mais sorte pudesse encontrar antes de mim. A solução que encontrei foi marcar num mapa, com todo o cuidado, a posição e o desenho que tinham nas pedras e dinamita-las depois. Era voz corrente nas cercanias que um louco andava dinamitando pedras para ver se encontrava um tesouro debaixo. O nome desse senhor é Jorge Lima. Nunca mais o vimos ou ouvimos falar dele. Nossa velejada de volta foi sensacional, mestra rizada até a cruzeta, bujinha de temporal na proa, asa de pomba com o croque servindo de pau de espinaquer, bolina quase toda até em cima e, um jacaré depois do outro, sem parar, até Itapuã. Assunto relacionado:
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