Para onde foram as velas enfunadas?
Lamento baiano
Erico Amorim das Virgens


Em 23 de fevereiro passado realizou-se o XVII CIRCUITO COSTA DOURADA. Um evento náutico que em anos anteriores incluía uma regata da praia de Maragogi para Maceió e na semana seguinte (com os barcos em Maceió) eram realizadas outras regatas que completavam o circuito.

Agora em 2008 foi uma tristeza assistir ao que talvez tenha sido sua última edição. Já não há mais barcos na raia. Para atrair os barcos dos Estados vizinhos tentou-se realizar o evento na praia de Maragogi. Mesmo assim foi uma lástima: um barco de Recife(Resgate), um barco de Natal (Musa) e um único representante de Alagoas, o barco Cahetel. Logicamente que três barcos desiguais não estavam correndo regata nenhuma. Cada qual estava fazendo o mesmo percurso para cumprir uma rotina e não ser deselegante com os anfitriões.

Infelizmente o que houve em Maceió repete-se em Natal e em João Pessoa. O vento continua a soprar docemente mas já não encontra o colorido das velas. Quanta saudade das regatas realizadas com tanto sucesso e expressivo número de barcos nas três cidades citadas.

Natal, particularmente, tinha um expressivo calendário de regatas de barcos de oceano com eventos em homenagem às Forças Armadas e outras tantas de caráter festivo. O que vemos hoje são alguns barcos ainda em bom estado de conservação permanecerem eternamente em seus berços, esquecidos por seus donos. Apenas Recife constitui uma exceção, com um calendário de regatas e uma participação efetiva da flotilha de oceano.

Faço um apelo para que os proprietários tratem seus barcos como os criadores de cavalos tratam seus animais. Se não mitigar-lhes a sede eles morrerão. Vá lá que o espírito de competição tenha esmorecido para muitos que estão mais preocupados com seus afazeres profissionais, mas são exatamente esses que precisam de uma navegação anti-stress. O mínimo que seu veleiro quer é ver o sol se por e esperar pela beleza da lua. Um pouco de Vivaldi ou Maurice Havel também lhe fará bem. Pense nisso e dê um basta ao descaso que acorrenta seu barco no cárcere do alfalto.
Provavelmente em 2008 sepultou-se a regata em Maragogi mas a quantidade significativa de veleiros nessas três cidades precisa apenas de um vento favorável para que elas se irmanem e voltem a se enfunar.
Colaboração: Nelson Mattos Filho