De Fortaleza a Trinidad
Passando pelos Lençóis Maranhenses
Ademir de Miranda Gigante
![]() Foram cinco dias de peregrinação, documentos, compras, abastecimento (foto abaixo), limpeza, pequenos reparos (incluindo no mastro, foto mais abaixo) e a instalação de um rastreador por satélite (veja a carta com o track, mais abaixo). Conversamos com outros velejadores buscando informações sobre Trinidad, tivemos ajuda dos velejadores Fred e Beto. Ao nosso lado na Marina Park havia um veleiro Espanhol, Antônio e sua companheira, que nos deu importantes informações e também nos cedeu um programa de cartas que eu já conhecia (Maxsea). Sua mulher gentilmente instalou em meu computador. - “Beleza, agora tenho três programas de cartas, vou tentar eleger o melhor”.
Na noite voamos baixo. Acho que vai melhorar a nossa marca, e melhorou, fizemos 180 milhas. Às 11 horas do dia 9/12 fundeamos em frente de uma enorme duna na Ilha dos Lençóis no Maranhão, 443 milhas de Fortaleza 63.30 horas, média de 6.7 nós. Acho que aqui também é o paraíso. Resolvi motorar na chegada pois há uma correnteza e queria ver se o barulho do hélice parava, e parou, acho que deve ser o anodo do eixo que soltou. O lugar é de uma beleza particular inigualável, vale a pena para quem sobe ao Caribe fazer um pit stop. Não se desvia muito e é fácil entrar. Fique sabendo desta ilha acompanhando o site do veleiro Maracatu, com os relatos do Helio Viana na sua passagem por lá em 2006, no catamaran Caca Maumau, e as informações do Harley, insistindo que deveria conhecer o lugar.
Para quem quiser passar por lá vale a pena, segue nossos pontos todos com profundidade boa, media 5 metros. LENÇÓIS 1 ( 01. 21,368’S ) ( 044. 52,723’W ) Às 9:30 Horas do dia 10/12 saímos rumo a Trinidad, mil trezentas e tantas milhas pra frente. O vento sempre bom 18 a 22 nós ¾ popa, e às vezes um pouco SE. Não tem muito que fazer, o barco anda sozinho, a gastronomia corre solta, sempre estamos comemorando alguma coisa, com cerveja, às vezes lasanha, no almoço carreteiro, arroz com lingüiça, massa com atum e por ai vai. Cruzamos a latitude de zero grau, linha do Equador em 11/12 às 2:30h da madrugada, comemoramos a passagem com um brinde de champanhe e sem vento, no motor (dados no painel acima). De manhã o Fernando fez torradas com capuchino, agora são 10 horas e continua sem vento, no motor. Na tarde o vento retorna, na manhã do dia 12/12 entramos em uma corrente favorável em média de 2 nós. Com todos os panos fizemos a nossa melhor singradura, 216 milhas em 24 horas media 9 nós dia 13/12. Costumamos tirar a media às 9:30 horas todos os dias, após conversarmos chegamos a conclusão que foi um pouco irresponsável manter tudo em cima a noite, mas o vento era fraco de 15 a 18 nós.
15/12 fizemos 187 milhas. O pão acabou, fui fazer alguns pães pois ainda faltam dois ou três dias para Trinidad. Bem na hora que estou preparando os pães, entrou outra pauleira, com chuva forte e mar alto ondas igual um caldeirão, o vento de novo não passou dos 28 nós, depois se manteve entre 18 a 24, vamos velejando rizado com mar mexido todo o tempo.
O pão ficou maravilhoso, fiz três pois só cabem três formas no forno. Este pão, é receita de família chamado pão da Muti. Muti é como chamo minha mãe desde ter aprendido a falar, por ser de origem Alemã. O pão barqueiro, quero dizer, caseiro tem seu valor mesmo feito no meio da pauleira, e tem um prazo de validade muito bom. Para quem quiser experimentar, aí vai a receita do pão da Muti. Velejamos todo o tempo no meio destas ondas desencontradas, nem nosso terceiro tripulante reclamou, Xixanel “piloto Automático” (foto abaixo). À noite, às vezes estrelada, e às vezes passava uma nuvem e desabava uma água para nos sacanear. Foi assim toda a noite. 16/12 fizemos a mesma singradura do dia anterior 187 milhas, um relógio, parece tomada de tempo de corrida de automóvel.
1774 Milhas em 10 dias e 19.30 Horas, menos 24 Horas parados na Ilha dos Lençóis. Horas navegadas, 235.30 Horas, desde Fortaleza, velocidade media 7.35nós, 85 Horas de motor, 150.30 Horas velejando. Atracamos no píer da imigração e fomos direto dar entrada, foi difícil, pelo idioma, quando estava preenchendo um monte de papeis olhei o cidadão ao lado, era velejador de Porto Alegre, Tatu, nos deu a maior força com as formalidades e com a marina onde ficamos bem instalados, Marina Crewsinn (Ponte Gourde Chaguaramas Bay). Telefonamos para a família, jantamos no barco e apagamos, vencidos pelo cansaço.
A noite nos reunimos combinamos um churrasco na churrasqueira da marina, cada um levou alguma coisa cerveja carne salsichão, estávamos entre sete Brasileiros um Holandês e sua companheira da Nova Zelândia. Eu, Fernando, tatu, Marcelo Aaron, Alexandra, Luciano Zin, Igor. Também foi a despedida do Fernando que pela manhã iria voltar para o Brasil. Agradeço ao Fernando em especial, pela parceria nesta viagem, é um privilegio tê-lo como amigo e tripulante no Entre Pólos. Aqui os dias na Marina vão se passando com muito trabalho para organizar o barco, pequenos consertos. Agora o bimini e o dog j 24/12. Hoje é Natal fizemos uma janta no Entre Pólos, eu assei no forno um entrecot que trouxe do Brasil, o Paulista Helio do veleiro Crapum fez uma massa com molho de camarão, o Gaucho do veleiro Tritom Luciano Zim fez a salada, pra acompanhar um licor de Porto Belo, e muita cerveja. Próxima perna com a família, TRINIDAD A ST. MARTIN. |
Fotos Fortaleza - Trinidad passando pelos Lençóis Maranhenses
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