De Tapes a São Lourenço do Sul, RS
Escalas no Biru - Ptal de Sto. Antônio / Porto do Barquinho /
Fundeadouro de Cristóvaõ Pereira / Fundeadouro de Bojuru / Barra Falsa do Bojuru
Fernando Maciel
"Sou do tempo em que lancheiros
e velejadores nem se olhavam!".
László Bohn
(Tive a felicidade de conhecer o László e ouvir esta
frase pessoalmente em Novembro/2002)
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Sexta-feira, 28 de abril de 2006.
Peguei minha "Almiranta" e esposa na rodoviária de Porto Alegre, ela acabara de chegar de Garopaba para mais uma navegada.
Ainda tínhamos que ir as compras para logo após pegar a estrada rumo a Tapes onde nosso barco estava "docado". Compras feitas, carro na estrada, estamos a caminho para iniciar mais uma perna de nossa viagem, aventura que ainda não tem destino nem data para seu final.
22:00h, Chegamos ao Náutico Tapense, compras e mochilas guardadas fomos testar os chuveiros, renovados nos entregamos aos braços de Morpheu.
Tapes - Pontal de Sto. Antônio (Biru)
Sábado 29 de abril de 2006.
Logo após o café demos adeus a Tapes e sem nada de vento motoramos rumo ao Biru, estou ansioso por conhecer este lugar sobre o qual tanto já li e ouvi falar.
Ancoramos em 3 metros e com o Zefir fomos até a praia, realmente trata-se de um recanto muito aprazível. Munidos de garrafa térmica e cuia abastecida de erva buena, adentramos ao capão de Pinus decididos a atravessar a estreita faixa de areia que ali separa a lagoa do saco de tapes. Levamos em torno de uns 15 minutos, sem pressa e mateando, chegamos as margens da lagoa e nos deparamos com uma visão deslumbrante deste lugar quase inóspito.
Lendas contam que neste lugar, navegadores já viram "Golfinhos" e até "Cangurus". As mesmas lendas, só não mencionam o que estes navegadores haviam bebido para saciar a sede... Será que estes homens do Mar estariam "a meia guampa¹"?
Valeu a pena a nossa curiosidade! Aproveitamos mais uma vez para registrar tudo em muitas fotos. Marta achou que podia aproveitar de alguma maneira as milhares de pinhas espalhadas no chão, e no caminho de volta juntou uma sacola delas. Já embarcados no Zefir, Marta se interessa em saber como se faz pegar o motor de popa. Algum tempo depois... E após várias tentativas obtém sucesso. Não demorou e em seguida estamos fazendo curvas, acelerando, desacelerando, um pouco mais de curvas e ela faz uma aproximação perfeita para prendermos o bote ao Planeta. Confesso que vibrei! Senti uma mistura de orgulho e alegria. Eu sabia que ela estava superando uma série de barreiras, medos e conflitos. Ela estava mergulhando de cabeça em um novo mundo, o mundo do povo da água.
Biru - Porto do Barquinho
Saímos motorando do Biru, nenhuma gotinha de vento, contornamos o Pontal e seguimos "reto todavida" (catarinês), RM144°, para o Porto do Barquinho. "Porto Fantasma", assim se refere ao lugar o comandante Geraldo Knippling em seu livro “O Guaíba e a Lagoa dos Patos”. Este livro não pode faltar a bordo de nenhuma embarcação de cruzeiro que navegue no Rio Guaíba e na Lagoa dos Patos. "Porto Fantasma", por tratar-se de uma obra grandiosa e faraônica, iniciada na costa leste da lagoa no final dos anos 40 e que a exemplo de outras tantas consumiu enormes quantias dos cofres públicos, mas para nosso espanto nunca foi usado como porto e se encontra completamente abandonada em lugar isolado sem acesso terrestre. Que coisa!
O celular toca... Confesso a vocês que tenho alergia a todo tipo de telefones. Do outro lado da linha, Ladislau Szabo, pergunta como estamos e dispara:-
"Não vai para a costa leste da lagoa, fica só na costa oeste. Tem coisa feia entrando aí!"
Marta dormia no cockpit a BB, e o Porto do Barquinho já estava no visual (foto abaixo). Pensei em voz alta:
-"Agora já estamos aqui!"
17:00h, Entramos no excelente abrigo! Também pudera, o nome já diz: Porto do Barquinho, brincadeiras à parte o lugar é muito bonito e vale ser visitado, as águas são limpas e abrigadas de ventos de todos os quadrantes. Logo âncoramos, e em seguida o Zefir já estava na água para iniciarmos o reconhecimento do local. Encontramos aqui vários pescadores, destes de final de semana e feriados, circulando com seus barcos de alumínio com possantes motores de popa. Revelo que na hora aquele vai-e-vem quebrou um pouco do encanto do lugar, mas logo o por do sol devolveu a poesia ao belo abrigo. Um belíssimo por do sol que mereceu ser registrado. Subimos um bom pedaço do arroio Barquinho com o bote, e encontramos bons lugares para se ancorar junto à barranca do arroio, isto claro para barcos de pequeno calado. De volta ao Planeta... Já é noite e aproveitamos para "aquele" banhozinho no cockpit, sempre loco de especial!
A "Almiranta" caprichou no jantar..."Aquele" banhozinho fez um bem a ela!
Uma bela mesa! Arroz a parmegiana acompanhado de um Cabernet Sauvignon, o vinho preferido pela tripulação do Planeta Água. Barco bem fundeado, porto seguro. Uma noite tranqüila e uma "boa" companhia. Que mais eu posso querer?
Porto do Barquinho - Barra Falsa do Bojuru
Domingo, 30 de abril de 2006.
10:00h, Nos aproximamos do Farol Cristóvão Pereira. Pouco tempo depois, contornávamos a ponta do banco deixando a bóia que nos avisa do perigo por BB. Eu já sabia! Mas teimoso que sou... Estamos agora com vento na proa, faço uma curta tentativa de ir em frente e logo desisto. Voltamos ao abrigo do fundeadouro de Cristóvão Pereira. Outro belo recanto, o Farol Cristóvão Pereira é uma construção bastante imponente. Escutamos sons de motores e na praia vemos vários Jipes fazendo trilha, acabam todos parando junto ao Cristóvão Pereira. E eu que achei que ninguém vinha até aqui!
12:30h, Estamos fundeados. Penso e repenso, o que fazer ? Decido por almoçarmos aqui, e logo a seguir velejar até o Fundeadouro do Bojuru. Chega a hora de tentar mais uma vez, levanto o ferro e novamente contornamos a ponta do Cristóvão Pereira. Seguimos no contravento e sendo muito castigados. RM 213°, logo resolvo aterrar um pouco mais, a costa aqui é bem funda e acho que estaremos mais protegidos de ventos e ondas, navegando mais próximo a costa. Será? Triste engano! As ondas de tanto em tanto, teimavam em passar por cima do Planeta, e mesmo com a tampa da gaiúta de entrada fechada, a água que entrava caia em forma de cachoeira por baixo dela. Todo este transtorno causado pela falta de uma borracha que esqueceram de colocar no lugar (Coisa de um tal Pinga-Fogo²). Marta preocupada, ia secando e torcendo panos.- "Capitão". Me chama a "Almiranta", que comunica: - "Esta encharcando tudo, tem água até dentro da mesa de navegação". Baralho!!
Sentada no sofá de BB, eu podia ver do cockpit sua expressão assustada. Tento acalma-lá e a chamo para ver que estamos velejando agora bem próximos a praia. Digo também que: Em caso de emergência, não hesitarei em encalhar o barco na praia e que neste caso ela nem vai molhar os pés.
Bordos e mais bordos se sucediam... E o Farol Capão da Marca não chegava nunca.
Través do Farol Capão da Marca. Uffffa!!! Bordos e mais bordos se sucederam, e não conseguíamos deixar o Farol Capão da Marca pela popa. Puttzzz!!
Anoiteceu, navegamos agora só pelo GPS rumo ao fundeadouro do Bojuru. De repente vejo um poste passando por BE rente ao costado.Baralho!!
Voltamos, enrolo a genoa e em seguida baixo a mestra. Agora a motor vamos nos aproximando mais da costa.
21:30h, Jogo o ferro em 2,5 metros. Não muito distante, observo um barco de pesca bem iluminado. Que dia, estamos completamente esgotados!
Segunda-feira, 01 de maio de 2006.
Sete palmos de lodo e dois dedos de água.
9:00h, Acordamos tarde, estávamos realmente muito cansados. Subo ao cockpit para dar uma olhada na volta, uma longa praia que se estende até se perder de vista, da mesma maneira não se consegue determinar onde termina o reflorestamento aqui feito visando fins comerciais, (Aracruz Celulose ou alguma concorrente). Mas uma coisa não se pode negar é tudo muito bonito, chama a nossa atenção a cor da água, esta com um tom de azul como aquele que se vê no mar.
Temos que seguir adiante, o tempo esta se esgotando! O plano é: Ir direto para São Lourenço do Sul. Vamos deixando agora o farolete da ponta do banco do Bojuru por BB. Proa no través do farolete do Banco do Quilombo. RM 284°. E adivinhem?... Vento mais uma vez na cara! Novamente a velejada esta difícil e bem desconfortável. Consulto o GPS e ele sentencia: Tempo estimado de chegada a São Lourenço do Sul de 11 a 12 horas. Mantenho o mesmo rumo enquanto mais uma vez penso no que fazer. Havíamos desistido da Barra Falsa do Bojuru, pois, o tempo estava apertado e tínhamos que retornar a Porto Alegre e de lá para Garopaba. A "Almiranta" estava preocupada com a Vitória que havia ficado com a minha mãe, e esta em pleno período escolar. Esta história de sair para velejar com data marcada para voltar, dificilmente da certo, mas...
Não tinha como, o Planeta não avançava. Vento W acima de 25 nós. As ondas continuavam a lavar de proa a popa, e a cachoeira apareceu outra vez. Então resolvo arribar para a Barra Falsa do Bojuru e lá aguardar o vento rondar e diminuir.
Quando batizamos o Deltinha 26 de Planeta Água, eu deveria ter dito em alto e bom som:
-“Que nunca falte um palmo de água abaixo desta quilha". Pois este palmo fez muita falta nestas últimas horas, para ser mais exato foram 48 horas encalhados na Barra Falsa do Bojuru. Entramos aqui com um vento W acima de 25 nós ajudados pelas ondas. Mas antes tocamos o fundo em no mínimo duas tentativas que foram abortadas, é realmente as coisas estavam piorando.
A entrada na barra Falsa do Bojuru.
Resolvo tentar São Lourenço mais uma vez, coloco a proa no RM 305° través do farolete do Quilombo. A lagoa esta agora branca de tantos "carneiros", o vento aumenta de intensidade e as ondas embarcam sem cerimônia abastecendo a Planeta Falls. O dog house não resolve. Agora, aquela borracha que deixaram fora é que faria a diferença... Ela é que vedaria a tampa da gaiuta da entrada junto ao convés.
Após breve avaliação da situação, resolvo investir novamente rumo ao ponto de entrada da barra Falsa do Bojuru. Antes tento enrolar a genoa... Não enrola, emperrou! Abro o stopper e vou até a proa para baixar a vela, tudo certo, vela junto ao convés de proa e amarrada. Com auxilio do GPS e os pontos extraídos do livro do Mestre Knippling, faço mais uma investida com o motor 8Hp e a vela grande. Agora! Como um Dodge sem freios, mais um, dois, três toques no fundo e entramos até junto do engenho e lá uma última e triunfal encalhada. Até tentei desencalhar, mas minha "Almiranta" ponderou:
– "Acho melhor assim, encalhado do que lá fora naquelas ondas e naquele ventão".
12:00h, Resolvi deixar tudo como estava, decisão esta que seria fatal. Coloquei o bote na água e levo uma âncora que lanço na proa e uma segunda que solto na popa. Por via das dúvidas resolvi não arriscar mais nada. Esta noite com toda a certeza vamos passar na Barra Falsa do Bojuru. Enquanto a "Almiranta" providencia um lanche, ligo para o celular do Câe meu filho. Ainda bem que aqui tem sinal! Combinamos o resgate da "Almiranta" Marta por terra, em seguida ligo para o Marcelo (Lampadinha) Kupka para auxiliar no resgate e no desencalhe do Planeta Água. O Lampadinha esta sempre pronto para descascar estes abacaxis!
A noite foi muito ruim! O vento chegou a 33 nós nas rajadas. Eu sentia no corpo todo o desconforto ao qual nosso barco estava sendo submetido. O Planeta preso pela quilha, reclamava por não conseguir flutuar livre. E eu conseguia sentir tudo. Dizem que barco tem alma e sentimentos... E eu acredito!
Terça-feira, 02 de maio de 2006.
Amanheceu, nem olhei para o relógio. Subi direto ao cockpit para ver como estávamos na "foto". Putz! As novidades não são nada auspiciosas.
A água baixou e agora o eco marca 0,70 / 0,80 metros de profundidade alternadamente.
11:50h, O Câe e o Lampadinha estacionam atrás dos juncos, a menos de 100 metros de onde o Planeta encalhara.
Trabalhamos herculeamente durante toda a tarde, usamos todo o nosso repertório de técnicas para desencalhe. Retranca borda a fora... Homem na ponta da mesma, mais gente na borda. Âncora na outra margem da barra e nela presa a adriça da genoa, manicaca na catraca e desta maneira adernávamos o Planeta o quanto podíamos. Dentro d'água eu ajudava fazendo força, apoiava o ombro no fundo do Planeta logo abaixo do espelho de popa, assim procurava ergue-lo o quanto podia tentando livrá-lo num ato de desespero dos sete palmos de lodo que o aprisionavam. Mas nada adiantava! Eram sete palmos de lodo e só dois dedos de água. A "Almiranta" Marta assistia a tudo... É claro que muito preocupada com os resultados obtidos, ou seja, nenhum. Combinamos então que: ela vai embora de carro com o Caê, ficaríamos eu e o Lampadinha com o grande "pepino". Fico olhando o carro ir embora e pensando: Que mulher valente e parceira! Mais tarde já em casa, eu confirmaria meus pensamentos lendo uma bela carta deixada por ela, que já estava de volta a Garopaba.
Vamos pedir ajuda no engenho!... Lá vão os dois malucos com a intenção de pedir um trator emprestado e com ele "arrancar" o Planeta daquele encalhe. Explicamos nossa desventura ao responsável pelo engenho e pedimos que nos auxilia-se com o trator. O homem pensou, coçou o avantajado queixo, e para nossa sorte e do Planeta nos deu outra idéia:
-"Vocês tem que pedir ajuda aos pescadores, daqui a pouco eles estão chegando para se abrigar ali na reversa". O homem aponta com um enorme e grosso dedão para o que parece ser a boca de um arroio. Pra sorte dos gaúchos, o homem é dono de engenho e não proctologista. Enquanto conversávamos, uma canoa de pesca aparece e entra justamente naquela boca de arroio "reversa". O "engenheiro dedudo³", ao ver a canoa, se alegra:
-"Olha lá ó! É só vocês pegarem o botinho e irem lá falar com eles. Com aquela canoa eles conseguem tirar vocês dali."
17:30H, E lá fomos eu e o Marcelo até a tal reversa, aquelas alturas não tínhamos mais força nem pra falar. Uma grande canoa de nome "Mandala" estava encostada na barranca, enquanto cinco pescadores retiravam os peixes de redes que haviam sido recolhidas. Mestre Valdisnei (acho que o pai se inspirou no criador do Mickey Mouse), ouviu atento nossa história e o pedido de socorro. Mestre Valdisnei, olhou para seus quatro companheiros e nos disse: -"Gurizada, amanhã cedo a gente vai lá. Hoje não vai dá!" Agradecidos, nos despedimos de nossos futuros salvadores. Retornamos ao Planeta Água e tratamos de tomar um banho, confesso que nesta hora senti saudades da "Almiranta". A noite estava fria e trocar uma calcinha por uma cueca foi um mau negócio. Tratei de preparar uma massa com atum, prato rápido e prático. Jantamos e após meia dúzia de palavras nos recolhemos exauridos.
Quarta-feira, 03 de maio de 2006.
07:15h, Acordo assustado com fortes batidas no costado do Planeta. Mais alguns segundos e um grito:
- "O gurizada do Planeta, vamo levanta!"
Eram nossos salvadores, não nos deixaram nem tomar um café. Vamos pra faina, junta e emenda cabo, recolhe as âncoras de popa e proa. Passa uma laçada no mastro bem junto da enora e lança a ponta para o exército da salvação que esta apostos na "Mandala". Tudo pronto! A "Mandala" comandada pelo Mestre Valdisnei vai acelerando com cuidado. O cabo de reboque fica esticado e Mestre Valdisnei acelera mais um pouco...Um solavanco e o Planeta esta livre. Recolhemos o cabo e a "Mandala" se aproxima, aproveito para agradecer e apertar a mão do mestre Valdisnei, também pergunto quanto devemos. Com cara de ofendido mestre Valdisnei diz:
-"Não é nada não, deve nada!" Peço ao Mestre que aguarde um minuto, desço e apanho uma garrafa de Johnnie Walker, de volta ao convés a Mandala tinha se afastado um pouco. Faço um sinal que vou jogar a garrafa e digo: -"Lá vai um Joãozinho Caminhador, aceitem como forma de agradecimento." Agora os cinco marinheiros pescadores, sorrindo nos acenam, enquanto a "Mandala" se afasta e ganha a Lagoa dos Patos.
Nós âncoramos e fomos tomar um café. Depois do desjejum, vamos direto para São Lourenço do Sul distante 26MN no RM 308°. Tudo recolhido, levantamos âncora e saímos em direção a lagoa e... Tum, tum. Baralho, estamos encalhados de novo! Fazemos meia dúzia de firulas para desencalhar e nada, voltamos a estaca zero.
Desiludidos eu e Marcelo olhávamos os "carneiros" na lagoa e tentávamos pensar em alguma coisa. Quando já havíamos desistido reaparece a "Mandala" e sua tripulação. Acenamos e eles mais uma vez se aproximam, explicamos que estamos novamente encalhados e que nosso barco precisa de 1,60 metros de água para navegar. Mestre Valdisnei indaga:
- "Gurizada aonde vocês querem ir ?"
-"São Lourenço mestre, precisamos ir para São Lourenço". Respondo. Mestre Valdisnei da uma olhada para a lagoa e rebate:
-"Com este barquinho, vocês querem enfrentar este mar até São Lourenço ?" Sim mestre, temos que chegar lá ainda hoje. Mestre Valdisnei pede mais uma vez o cabo para reboque e nos diz:
- "Vou deixar vocês lá fora e desejo boa sorte". Repetido todo o processo de amarração e depois de mais uma três pancadas com a quilha no fundo, estávamos agora realmente livres e velejando rumo a São Lourenço.
Vamos numa orça apertada, a grande na primeira forra de rizo e a genoa 3. O Planeta navega a 05 nós e os banhos no cockpit são cortesia da lagoa. Falo para o Marcelo que a tripulação da "Mandala", não ficou com nenhuma dúvida de que éramos doidos de atirar pedra.
Velejada dura!... Soma-se o cansaço de todos estes dias, e acaba que estamos nessa por amor a camiseta.
17:30h, Entramos no Arroio São Lourenço. O cansaço é gigantesco, acabo fazendo uma aproximação troglodita e ignorante, termino atropelando o trapiche, minha sorte é que a âncora foi que sofreu a pancada, e o prejuízo foi só o pino qua transpassa a ferragem e a âncora fixando-a.
Achei o Iate Clube de São Lourenço do Sul, muito simpático. Na verdade é uma mistura de camping e Iate Clube, mas bem aconchegante e receptivo. Nossa primeira pergunta no clube foi sobre onde ficavam os chuveiros. E após nos tornarmos novamente gente civilizada, barbeados, de banho tomado e roupa limpa. Tratamos de saber como atravessar o arroio para chegar aos restaurantes, pois, não estávamos dispostos a colocar o nosso bote na água. Acabamos conhecendo o Zé Bandido (nascido Vandir), marinheiro, guarda e etc do Iate Clube. Pois o Zé Bandido, gentilmente emprestou seu caíque para fazermos a travessia. Já do lado de lá, fomos em busca de um restaurante que tivesse algum movimento, caminhamos pela Av. Getúlio Vargas a da beira da praia, e encontramos um restaurante que atenderia nossa expectativa gastronômica. Bife a parmegiana pra dois e uma garrafa de Gato Negro...Mais uma garrafa de Gato Negro e estamos prontos para voltar aos beliches do Planeta Água.
Quinta-feira, 04 de maio de 2006.
Dia de voltar para o trabalho, estamos aguardando nossa carona chegar. Enquanto isso vamos organizando tudo o que podemos, o bote resolvemos esvaziar e levar para Porto Alegre. Pretendo troca-lo por um menor com fundo rígido. Vai ser melhor de transportar e também navegara mais rápido. Deixamos o Zé Bandido encarregado de cuidar do Planeta e dar uma boa geral nele. Tudo combinado, não demora muito chega nossa carona para casa, mas no caminho de volta ainda entramos em Tapes para pegar meu carro que havia ficado lá.
Meteorologia
Nesta ciência está a diferença entre o Céu e o Inferno, para aqueles que navegam. Por não ter dado a devida atenção a meteorologia, acabei passando todo este perrengue, e pior carregando comigo esposa, filho e amigo. A importância de se checar os sites meteorológicos antes de soltarmos as amarras de nossos portos é imensa. Digo que isto deve ser obrigatório. Analise os sites e os mapas meteorológicos com muita atenção, neles vão estar as dicas para você fazer uma passeio ao céu ou ao inferno. Na dúvida não solte as amarras.
Iate Clube de São Lourenço do Sul - RS. Brasil http://www.icsls.com.br/
Prefeitura de São Lourenço do Sul - RS. Brasil http://www.saolourencodosul.rs.gov.br/
Site do Turismo de São Lourenço do Sul - RS. Brasil http://www.saolourenco.net/site/index.php
Carta náutica utilizada: 2140
Leitura Sugerida: O Guaíba e a Lagoa dos Patos - Geraldo Knippling
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¹ Meio embriagado, levemente ébrio.
² Pinga-Fogo, prestador de serviços que tem oficina no Iate Clube Guaíba.
³ Dono de engenho com dedo destroncado, avantajado.
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