O Barco Que Não Queria Morrer
Aderbal Torres de Amorim
Orelhas do livro
"Silêncio no rádio, vazio no radar. Ruídos suspeitos por toda a parte, o Maragato subia e descia os paredões líquidos, montanhas invisíveis de toneladas de água salgada e fria.
Nas cristas das ondas, brancas como osso, o barco se iluminava na florescência breve da espuma e dos Noctiluca miliares.
E quando despencava no rumo dos abismos das cavas, parecia não resistir ao impacto de bater no fundo da onda. Era uma rolha. Dentro, a única posição possível era deitado. Ninguém caminha nessas condições.
Penso na grandeza da expressão Mar, és o homem e a mulher.
Penso nos tumbeiros que conduzem barcos sem conta,direcionando-os fatidicamente, às proas do inferno, para a viagem sem volta. A imensidão do Mar me faz meio sonhador, meio poeta.
Em face dele, não sou mais que um ser minúsculo e frágil; quando a ele retorno, lembro sempre: quem foi ao Mar e voltou, nunca mais será o mesmo. Terá aprendido a própria insignificância. O Mar verdadeiramente mostra-nos o que somos."
Falando de suas próprias experiências, Aderbal Torres de Amorim aborda com conhecimento de causa os perigos de se navegar de Laguna a Punta del Este, a costa aberta mais extensa do mundo.
Com escrita leve e apurada, a experiência de travessias transoceânicas, o autor narra a epopéia do veleiro Maragato nas águas traiçoeiras do Atlântico Sul.
Percorrendo os mais de 1.000 quilômetros da costa temível, Amorim descreve as tragédias do Congerie, do navio Taquari e do Agamenon, o famoso barco do Almirante Nelson, o herói de Trafalgar.
O livro conta dos piratas que até hoje saqueiam embarcações que se atrevem por essas águas e desvenda o mistério da Maré Vermelha.
Narra ainda o triste episódio do furacão Catarina, que assombrou a região, e o desastre do Christie, que levou Brasil e Inglaterra à beira da guerra.
|