Aquecimento global: farsa descoberta 17 Jan 2010 Auto-punição A intensa catequese global tem apontado o homem como o grande culpado dos acontecimentos que causam danos à natureza. Até que ponto isso é verdade? Esse tema é tão amplo, tão grandioso, tão complexo e tão autoconvincente, que a maioria assiste à TV e sai repetindo e respaldando automaticamente, sem ter como conferir o que ouve, nem se realmente houve. Imagens apelativas "provam" o aquecimento global (veja ao lado). As pessoas penitenciam-se pelas suas atitudes e de seus semelhantes, mesmo que pouco entendam sobre as questões ambiental, meteorológica, geológica, etc. Pior do que isso, as variações mais significativas do clima trazem a impressão de que o mundo está mesmo mudando muito, corroborando no aceite da culpa. O homem passou a ter culpa de qualquer coisa que acontece de errado no mundo. Acontecimentos como o desabamento da encosta em Angra dos Reis,RJ na virada de ano, e as tremendas chuvaradas de novembro no RS têm sido atribuídas ao mau uso do planeta pelo homem. No entanto, são facilmente explicáveis como naturais. Idem as sistemáticas variações do clima. Já dizia uma tia minha, que hoje teria mais de 110 anos: "Quer mentir? Fala do tempo!". Efeito Estufa x Aquecimento Global O gás carbônico é produzido pela descarga dos automóveis, pelas chaminés das indústrias e pela queima de florestas. Sai também dos vulcões e dos oceanos em enorme quantidade. O volume desse gás produzido pelo homem em todo o planeta, incluindo as queimadas na Amazônia e toda a queima de combustível, é uma parte muito pequena do todo. É mesmo? O que está em questão, afinal? "O planeta começou a entrar numa fase de resfriamento que deve durar 20 anos" O homem é responsável por apenas 3% do chamado aquecimento global Manipulando dados e faturando alto A EAU (foto) é o braço direito do IPCC, que utiliza estes dados em publicações para embasar as fabulosas vertentes que correm nos bolsos das instituições envolvidas em questões ambientais. Foram investidos 10 milhões de dólares apenas no caso específico de Phil Jones, para desenvolver pesquisas sobre o clima. As verbas destinadas a estudos sobre o meio ambiente são muito maiores do que se imagina. Phil Jones A ONU defendeu-se informando que os dados do IPCC são robustos e que não terão a credibilidade diminuída pelas declarações de um grupo de cientistas. Era o que restava informar, depois do tremendo gelo nas pesquisas sobre o aquecimento. Quem de nós leigos, sabe algo sobre medição da temperatura global? Alimentando monstros para ter o que comer Sim, o homem é o responsável por diversos prejuízos ao planeta. A conscientização dos problemas antrópicos precisa ser incutida em toda a população, começando dentro de cada família e no ensino fundamental. Questionar tal fato é uma heresia. Mas o que está em questão é a manipulação de dados em laboratórios para apontar o homem como responsável de um problema que pode não existir, com o objetivo de manter aquecidos o bolso e o ego de gente inescrupulosa. É claro que a classe de cientistas não é imune a gente ruim, como de resto nenhuma outra. O fato de um cientista ser flagrado fora do rumo não compromete a classe, COP-15 Diz Molion que "na verdade, o aquecimento não é mais um assunto científico, embora alguns cientistas se engajem nisso. Ele passou a ser uma plataforma política e econômica. Da maneira como vejo, reduzir as emissões é reduzir a geração da energia elétrica, que é a base do desenvolvimento em qualquer lugar do mundo. Como existem países que têm a sua matriz calcada nos combustíveis fósseis, não há como diminuir a geração de energia elétrica sem reduzir a produção". O cientista brasileiro diz também que "o homem coloca apenas 6 bilhões, portanto as emissões humanas representam 3%. Se nessa conferência conseguirem reduzir a emissão pela metade, o que são 3 bilhões de toneladas em meio a 200 bilhões? Não vai mudar absolutamente nada no clima". Sabiás, tucanos e bugios "O extermínio já começou" Nos morros do litoral norte do Rio Grande do Sul ocorre a mesma coisa a cada chuvarada mais forte (segundo a meteorologia, choveu em Angra naquele dia 95% do que chove em um mês inteiro). Estes deslizamentos ocorrem também em Santa Catarina. Em uma viagem de Osório,RS a Florianópolis,SC pela BR-101 observa-se vários rastros de deslizamentos morro abaixo pelo menos há 5 décadas, mas evidentemente que isso foi assim a vida toda. A camada de argila perde a aderência à rocha nos pontos mais íngremes (e mais altos) da Serra Geral e começa a desabar. E vem com tudo. Matacões enormes pegam carona nos deslizamentos e os acompanham até não terem mais para onde descer. Outros fenômenos naturais atribuídos ao homem Morar no pé de um morro como aquele em Angra, é correr risco. Talvez um risco não maior do que morar em San Francisco, na California, que encobre a "Falha de San Andreas" e seus tremores. Quando o big one chacoalhar lá, milhares ou milhões morrerão na hora. Certamente não vai faltar então quem culpe o homem pelo ocorrido. E o que dizer se aquela baita erupção do Vesúvio que soterrou Pompéia (foto) ocorresse hoje? Variações naturais da temperatura Novas rotas pelo ártico As crenças religiosas e as crenças ambientais Na Idade Média eram vendidas as Indulgências Plenárias, que davam direito a ir direto ao céu sem passar pelo purgatório. Quem tinha dinheiro, comprava... Claro, porque a Igreja, soberana e infalível, "sabia o que dizia". Mesmo que duvidassem das intenções canônicas, o fiapo de dúvida que restasse aos fiéis bastava para que decidissem pela compra da barbada no ingresso celestial, por precaução. Somente em 1980 Galileu Galilei foi perdoado pela Igreja (João Paulo II) por ter afirmado que a terra não era o centro do mundo. Foram quase 400 anos de resistência ferrenha da Igreja, que inclusive prendeu Galileu pelo que disse. Era toda uma instituição contra um homem e seus poucos seguidores. A Igreja dita o conhecimento sobre a vida e a morte, e posta-se acima da ciência em questões científicas. A propósito, o que diz o Papa sobre Darwin? São Jorge Quem iria opor-se a santificar Jorge, apresentado aos fiéis como o cara que liquidava dragões? No entanto, ninguém nunca viu um dragão na vida. Phil Jones cria dragões para vendê-los em seguida. Aponta o pecado e dita a penitência. Tudo em prol da salvação da humanidade. Ele seria um dos grandes fiscais de dragões da atualidade. E o que diz o IPCC, da ONU? Pelo amor de Deus, não extinguam os dragões, se não vamos cair do cavalo. Hoje podemos discernir claramente sobre o que era imposto como verdade na Idade Média. Mas não é porque a Igreja negou a descoberta de Galileu ou porque criou o passe VIP para o céu a fim de fazer dinheiro, que o aquecimento global inexiste. Nada a ver. A analogia pretende mostrar que a voz geral nem sempre é lícita ou verdadeira, apesar da alegada infalibilidade ou peso da fonte. "Sem acesso às informações originais, monta-se juízo de valor baseado nas informações filtradas que nos chegam. É difícil avaliar o quão distorcidas e parciais são as informações veiculadas", comentou um cientista amigo meu. E diz ainda o amigo que "mesmo que haja certo nível de dúvida sobre a veracidade e intensidade do processo de aquecimento global, as consequências seriam tão terríveis, que é mais prudente trabalhar-se com a hipótese de que o fenômeno é verdadeiro do que simplesmente ignorá-lo". É o que faziam na Idade Média em relação à Indulgência Plenária e às descobertas de Galileu. Idade Média? Faz apenas 30 anos que a Igreja finalmente perdoou Galileu! A "grande farsa" não é a maior Mesmo sendo uma farsa ou um equívoco, algum resultado positivo a campanha contra o Aquecimento Global trará para a natureza. Em Atenas havia uma estátua para cada deus, e mais uma para os "deuses desconhecidos" (Atos, 17:23). E vai que algum deus não homenageado se sentisse desprestigiado?... É muito mais cômodo criticar um Galileu, fazer pouco caso de um Molion ou jogar pedras em uma Maria Madalena do que investir energia e força de vontade para melhorar a nós mesmos e ao pedaço do mundo que nos rodeia. Essa talvez seja a maior das farsas nesta questão: o faz de conta da preocupação com o ambiente. Acima de tudo, isso é uma grande hipocrisia. Se chamarmos a atenção dos outros para os dragões, talvez não percebam o tamanho de nossa barriga. Interesses políticos e econômicos Presidentes de países ricos e de países pobres largam tudo para comparecer às reuniões internacionais, como em Copenhage, em que pese o pífio resultado. Um bom discurso sobre o tema garante grande popularidade, mesmo que seja mera retórica contemplativa. Os Bancos também tem interesse especial na questão ambiental. O Crédito de Carbono, criado para reduzir o efeito estufa, movimenta muito dinheiro. A redução de emissão de CO2 rende crédito, negociável no mercado internacional. O crédito vale como moeda. Isso faz girar uma enorme soma de dinheiro. Há quem diga que os créditos de carbono acabam favorecendo mais ao mercado do que ao ambiente, e que os certificados autorizam aos países desenvolvidos o direito de poluir. Para a mídia, o assunto representa uma grande fonte de divisas. Diversos outros segmentos beneficiam-se com a discussão do Aquecimento Global. Estas vantagens da retaguarda, em grande parte desconhecidas do grande público, podem comprometer a aceitação da defesa tão arraigada da causa. Seja legítima a ação ou não, é inegável a existência de interesses políticos, econômicos e pessoais na defesa da causa. Os argumentos dos crentes e dos céticos do Aquecimento Global são muitos. Para cada argumento de uma parte existe um contra-argumento da outra. É um bate-boca sem fim. O IPCC dá trabalho a milhares de cientistas com o objetivo de monitorar a situação e de sugerir medidas para conter o processo. Além desses cientistas, há milhares de outras pessoas com interesse pecuniário na questão. Se for provada a farsa do aquecimento, ou o equívoco, que seja, imagine o estrago financeiro e moral para toda essa gente. Eles não vão deixar a peteca cair assim facilmente. Novo moralismo No embalo da onda apocalíptica, tiro uma lasca: uma Inquisição Ambiental vem tomando conta do mundo. A cruzada em prol da natureza não é santa. Ela luta também a favor da ganância e dos interesses políticos, bem como aconteceu na Idade Média. E nós leigos no assunto, que tentemos discernir o que é certo e o que é errado neste saco-de-gatos (nem tão) científico. Vídeo legendado (02 Mai 2007): Artigo (11 Jun 2007): Artigo (05 Nov 2007): Vídeo (Jornal Nacional, Out 2007): Vídeo (Jornal Nacional, 02 Dez 2009): Vídeo (Jornal Nacional, 04 Dez 2009): Vídeo (O filme de Al Gore): Entrevista (11 Dez 2009): Artigo: Em registros desde 1986, o ano passado aparece entre os mais frios: Artigo do Times: "Uma experiência que sugere que estamos errados na mudança climática" (em inglês): Artigo (Scientific American) Matéria na Wikipedia: Matéria extensa sobre o que pensam os céticos do Aquecimento Global Vídeo - criativo comercial utilizando o aquecimento global para vender Halls Acrescentado em 13 Fev 2010: Suas pesquisas estão sob intensos ataques, enfrentando nos últimos meses acusações que vão de descuidos a fraudes, que colocariam em suspeita o real impacto do aquecimento global. A polêmica começou às vésperas da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, realizada em Copenhague em dezembro passado. Hackers roubaram e divulgaram mais de mil e-mails de funcionários da Universidade de East Anglia, na Grã-Bretanha, sede de uma das primeiras unidades de pesquisa climática do mundo. As mensagens provariam que os cientistas esconderam e adulteraram informações. O caso ficou conhecido como “Climategate”. Agora, o maior alvo de críticas é o indiano Rajendra Pachauri, chefe do IPCC. Em 2007, ele recebeu o Nobel da Paz em nome da entidade – prêmio dividido com o ex-vice-presidente americano Al Gore. Há um clamor dos chamados “céticos do aquecimento global” para que Pachauri renuncie ao cargo. Os pedidos se devem, especialmente, ao fato de o IPCC ter admitido no mês passado que a advertência feita anteriormente, de que as geleiras do Himalaia poderiam desaparecer até 2035, está mal fundamentada cientificamente. Segundo o painel, os procedimentos-padrão estabelecidos para a realização de seus relatórios não foram seguidos. Além disso, Pachauri é acusado de lucrar indevidamente prestando consultoria a empresas. O indiano nega todas as acusações e descartou deixar o cargo. Prometeu, no entanto, tornar mais rígidos os procedimentos das pesquisas. Os erros – e a erosão que eles vêm causando na confiança do público – estão fazendo com que alguns cientistas peçam mudanças drásticas. Uma manifestação pela reforma do IPCC foi publicada na edição desta semana da revista científica Nature. Um dos autores, o pesquisador britânico Mike Hulme propõe a extinção do painel da ONU e, em contrapartida, a criação de outras três organizações encarregadas de lidar com o aquecimento global. Acrescentado em 26 Fev 2010: 26 Fev 2010 26 Fev 2010 11 Mar 2010 Editorial Climate of fear Climate scientists are on the defensive, knocked off balance by a re-energized community of global-warming deniers who, by dominating the media agenda, are sowing doubts about the fundamental science. Most researchers find themselves completely out of their league in this kind of battle because it's only superficially about the science. The real goal is to stoke the angry fires of talk radio, cable news, the blogosphere and the like, all of which feed off of contrarian story lines and seldom make the time to assess facts and weigh evidence. Civility, honesty, fact and perspective are irrelevant. Worse, the onslaught seems to be working: some polls in the United States and abroad suggest that it is eroding public confidence in climate science at a time when the fundamental understanding of the climate system, although far from complete, is stronger than ever. Ecologist Paul Ehrlich at Stanford University in California says that his climate colleagues are at a loss about how to counter the attacks. “Everyone is scared shitless, but they don't know what to do,” he says.
To make sure they are not, scientists must acknowledge that they are in a street fight, and that their relationship with the media really matters. Anything strategic that can be done on that front would be useful, be it media training for scientists or building links with credible public-relations firms. In this light, there are lessons to be learned from the current spate of controversies. For example, the IPCC error was originally caught by scientists, not sceptics. Had it been promptly corrected and openly explained to the media, in full context with the underlying science, the story would have lasted days, not weeks. The IPCC must establish a formal process for rapidly investigating and, when necessary, correcting such errors. The unguarded exchanges in the UEA e-mails speak for themselves. Although the scientific process seems to have worked as it should have in the end, the e-mails do raise concerns about scientific behaviour and must be fully investigated. Public trust in scientists is based not just on their competence, but also on their perceived objectivity and openness. Researchers would be wise to remember this at all times, even when casually e-mailing colleagues. US scientists recently learned this lesson yet again when a private e-mail discussion between leading climate researchers on how to deal with sceptics went live on conservative websites, leading to charges that the scientific elite was conspiring to silence climate sceptics (see page 149). The discussion was spurred by a report last month from Senator James Inhofe (Republican, Oklahoma), the leading climate sceptic in the US Congress, who labelled several respected climate scientists as potential criminals — nonsense that was hardly a surprise considering the source. Some scientists have responded by calling for a unified public rebuttal to Inhofe, and they have a point. As a member of the minority party, Inhofe is powerless for now, but that may one day change. In the meantime, Inhofe's report is only as effective as the attention it receives, which is why scientists need to be careful about how they engage such critics. The core science supporting anthropogenic global warming has not changed. This needs to be stated again and again, in as many contexts as possible. Scientists must not be so naive as to assume that the data speak for themselves. Nor should governments. Scientific agencies in the United States, Europe and beyond have been oddly silent over the recent controversies. In testimony on Capitol Hill last month, the head of the US Environmental Protection Agency, Lisa Jackson, offered at best a weak defence of the science while seeming to distance her agency's deliberations from a tarnished IPCC. Officials of her stature should be ready to defend scientists where necessary, and at all times give a credible explanation of the science. These challenges are not new, and they won't go away any time soon. Even before the present controversies, climate legislation had hit a wall in the US Senate, where the poorly informed public debate often leaves one wondering whether science has any role at all. The IPCC's fourth assessment report had huge influence leading up to the climate conference in Copenhagen last year, but it was always clear that policy-makers were reluctant to commit to serious reductions in greenhouse-gas emissions. Scientists can't do much about that, but they can and must continue to inform policy-makers about the underlying science and the potential consequences of policy decisions — while making sure they are not bested in the court of public opinion. Acrescentado em 31 Ago 2010: Comitê propõe mudanças fundamentais no funcionamento do IPCC Agência FAPESP – Os processos empregados pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) para produzir seus relatórios periódicos têm sido, de modo geral, bem sucedidos. Entretanto, o IPCC precisa reformar fundamentalmente sua estrutura gerencial e fortalecer seus procedimentos, para que possa lidar com avaliações climáticas cada vez mais complexas, bem como com uma intensa demanda pública a respeito dos efeitos das mudanças climáticas globais. A conclusão é de um comitê independente de especialistas reunido pelo InterAcademy Council (IAC), organização que reúne academias de ciências de diversos países, e está em relatório entregue nesta segunda-feira (30/8), na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e ao presidente do conselho do IPCC, Rajendra Pachauri. O relatório, intitulado Climate change assessments: review of the processes and procedures of the IPCC, foi produzido por 12 especialistas coordenados pelo economista Harold Shapiro, ex-reitor das universidades Princeton e de Michigan, nos Estados Unidos. Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, integra o comitê indicado pela Academia Brasileira de Ciências (ABC), uma das academias de ciência que aprovaram o relatório. “O comitê fez recomendações sobre a governança do IPCC, funções e limites dos mandatos de dirigentes do painel e enfatizou o debate e a valorização de ideias contraditórias. A análise feita trata de como lidar com as incertezas e recomenda cuidado com a avaliação de impactos”, disse Brito Cruz. A revisão do IPCC foi solicitada pelas Nações Unidas. O comitê revisou os procedimentos empregados pelo painel na preparação de seus relatórios. Entre os assuntos analisados estão o controle e a qualidade dos dados utilizados e a forma como os relatórios lidaram com diferentes pontos de vista científicos. “Operar sob o foco do microscópio do público da forma como o IPCC faz exige liderança firme, a participação contínua e entusiástica de cientistas destacados, capacidade de adaptação e um comprometimento com a transparência”, disse Shapiro. O IPCC foi estabelecido em 1988 pela Organização Meteorológica Mundial e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente com o objetivo de auxiliar na formulação de políticas públicas a partir da divulgação de relatórios sobre os aspectos científicos conhecidos sobre as mudanças climáticas, os impactos globais e regionais dessas mudanças e as alternativas de adaptação e mitigação. Após a divulgação de seu primeiro relatório, em 1990, o IPCC passou a ganhar a atenção e o respeito do público, a ponto de ter sido premiado com o Nobel da Paz de 2007. No entanto, com a divulgação do relatório de 2007, o painel de especialistas passou a ser alvo de questionamentos a respeito de suas conclusões. O crescente debate público sobre a acurácia dos relatórios levou a ONU a solicitar ao IAC uma revisão do IPCC e recomendações sobre como fortalecer os procedimentos e processos do painel para os próximos relatórios. A análise do IAC faz diversas recomendações para que o IPCC melhore sua estrutura gerencial, entre as quais estabelecer um comitê executivo que atue em nome do painel e garanta a manutenção de sua capacidade de tomar decisões. “Para aumentar sua credibilidade e a independência, esse comitê executivo deveria incluir especialistas externos, não ligados ao IPCC e nem mesmo à comunidade mundial dos cientistas climáticos”, disse Shapiro. O IPCC também deveria ter um diretor executivo que liderasse o secretariado do painel. Esse diretor seria o responsável pelas operações diárias e falaria em nome do IPCC. Segundo a análise do IAC, o atual secretário do IPCC não tem os níveis de autonomia e responsabilidade equivalentes aos dos diretores executivos de outras organizações. Os mandatos do presidente do conselho e do novo diretor executivo também deveriam ser menores do que os dos atuais coordenadores do IPCC, limitando-se ao período de produção e divulgação de cada relatório, de modo a manter a variedade de perspectivas e o frescor das abordagens em cada relatório – o mandato atual do presidente do conselho é de até 12 anos. A análise do IAC também recomenda que o IPCC adote uma política rigorosa para evitar conflitos de interesse entre as lideranças do painel, autores, revisores e responsáveis pela publicação dos relatórios. Para a produção de sua análise, o comitê de especialistas consultou não apenas o próprio IPCC, mas também pesquisadores de diversos países que participaram na produção dos relatórios, bem como cientistas que criticaram os procedimentos adotados pelo painel em suas conclusões. O público em geral participou da avaliação, por meio de questionários publicados na internet. O comitê também realizou diversas reuniões, inclusive no Brasil, para chegar às suas considerações. Abordagem de controvérsias Como a análise do comitê de especialistas convocado pelo IAC foi solicitada em parte por problemas no mais recente relatório do IPCC, o comitê também examinou os processos de revisão adotados pelo painel. A conclusão é que o processo é eficaz, mas o comitê sugere que os procedimentos de revisão empregados atualmente sejam fortalecidos de modo a minimizar o número de erros. Para isso, o IPCC deveria encorajar seus editores a exercer sua autoridade de modo que todas as conclusões fossem consideradas adequadamente. Os editores também deveriam garantir que os relatórios abordem controvérsias genuínas e que a consideração devida seja dada a pontos de vista conflitantes e propriamente bem documentados. Os autores principais deveriam documentar explicitamente que a mais completa gama de abordagens científicas foi considerada. O uso da chamada “literatura cinza” (de trabalhos científicos não publicados ou não revisados por pares) tem sido bastante discutido, mas a análise do IAC destaca que frequentemente tais fontes de dados e informações são relevantes e apropriadas para utilização nos relatórios do IPCC. “O IPCC já tem uma norma sobre uso criterioso de fontes de informação sem revisão por pares. O relatório do comitê de revisão confirma que esse tipo de fonte pode ser usado, desde que sejam seguidas as normas estritas já existentes e que protegem a qualidade científica das conclusões”, disse Brito Cruz. Os problemas ocorrem quando os autores não seguem as normas do painel para a avaliação de tais fontes ou porque tais normas são muito vagas. O comitê recomenda que as normas sejam revisadas de modo a se tornarem mais claras e específicas, principalmente na orientação de que dados do tipo sejam destacados nos relatórios. O comitê também sugere que os três grupos de trabalho do IPCC sejam mais consistentes nos momentos de caracterizar as incertezas. No relatório de 2007, o comitê identificou que cada grupo usou uma variação diferente das normas do painel sobre incertezas e que as próprias normas não foram sempre seguidas. O relatório do grupo de trabalho 2, por exemplo, continha conclusões consideradas como de “alta confiança”, mas para as quais havia pouca evidência. O comitê recomenda que os grupos de trabalho descrevam a quantidade de evidência disponível bem como as discordâncias entre os especialistas. “O relatório do comitê sugere atenção para levar em consideração as diferentes opiniões baseadas em fatos com base científica e para considerar atentamente o uso da literatura científica revisada por pares em línguas que não a inglesa. A intenção é tornar o relatório o mais abrangente possível”, disse Brito Cruz. A demora do IPCC em responder a críticas sobre as conclusões de seu relatório de 2007 faz da comunicação um assunto crítico para o painel, de acordo com o comitê de revisão. Os 12 especialistas recomendam que o IPCC complete e implemente a estratégia de comunicação que está em desenvolvimento. Essa estratégia deve se pautar na transparência e incluir um plano de contingência para respostas rápidas e eficazes em momentos de crise. Segundo o comitê, como o escrutínio intenso por parte dos responsáveis pela formação de políticas públicas, bem como do público em geral, deverá continuar, o IPCC precisa ser “o mais transparente possível no detalhamento de seus processos, particularmente nos seus critérios de seleção de participantes e no tipo de informação científica e técnica utilizado”, disse Shapiro. O relatório do comitê do IAC e mais informações podem ser lidos em: http://reviewipcc.interacademycouncil.net. Mais informações sobre o IPCC: www.ipcc.ch |