O barco de Albert Einstein
"Tümmler" (golfinho)
Augusto Chagas

14 Nov 2009
N
a revista “Die Yacht” número 50, de 1929, este barco foi descrito com mais detalhes. Foi mandado construir por amigos de Albert Einstein para ser presenteá-lo no dia dos seus 50 anos, 14 de março de 1929.

Dos três donos da Berlin Trading Company foi o engenheiro Adolf Arms foi que recebeu a honrosa ordem de desenhar e construir o veleiro. Eles concordaram que seria um veleiro com um motor auxiliar e com uma área vélica que não exigisse muito da tripulação. Os planos que acompanham este texto foram desenvolvidos de acordo com esses pré-requisitos. Os desenhos foram feitos no estaleiro de Berkholz & Garsch e em dezembro foram entregues a Albert que ficou completamente satisfeito.

O motor deveria ser equipado com um arranque e um gerador e, se possível, não deveria aparecer nada dele no barco. O desenhista então propôs uma borda livre um pouco mais alta e o piso do cockpit mais elevado, de modo que o motor coubesse lá e ao mesmo tempo permitisse que o perfil da cabine continuasse baixo.

Ao contrário do plano original, o barco foi equipado com um banheiro de modo que um pequeno bar teve que ser deixado de fora mas foi substituído por uma prateleira para fumos e cachimbos. Outra coisa que foi feita foi aumentar os armários de ambas as bordas para acomodar pratos, copos, talheres, etc para 4 pessoas.
Todo o equipamento, até roupas foram entregues com o barco para pronto uso. Os paióis que abrem para o cockpit servem para as defensas, camburão de gasolina, baldes e outras coisas necessárias.


20-m²-veleiro. Desenhado pelo engenheiro naval Adolf Harms. Comprimento total 7,00 m, largura 2,35 m,
calado 0,33 m, calado com a bolina baixa 1,25 m, motor: 2 cil. F.-Z. 5/6 hp, dínamo e arranque.

Na cabine, a bombordo, tem um fogareiro a álcool que pode ser escondido quando não estiver em uso.
O motor de 2 cilindros e de 2 tempos de 5/6 hp. F.Z. não provoca aquecimento na cabine pois foi isolado por todos os lados com asbesto e lâminas de metal, bem como o tanque de combustível que está completam,ente isolado do motor.


20-m²-veleiro. Vela Mestra 16,05 m², buja 3,95 m², genoa 8,25 m²

O motor é facilmente acessível pela remoção dos paineiros que também são resistentes ao calor. Os comandos da hélice reversível, que também embandeira, são removíveis ao velejar e ficam cobertos por uma chapa de cobre. Os paineiros são construídos de modo que não entra água no compartimento do motor quando chove. Na cabine tem dois confortáveis beliches com colchões azuis que combinam perfeitamente bem com o mogno do interior.


O teto da cabine é feito com duas lâminas de madeira com uma lona impermeável entre elas. A camada interior é feita de bordo e mogno que dá uma bela composição de cores. A camada externa é de puro mogno.
A bombordo tem um espaçoso armário que serve para acomodar as luzes de navegação elétricas.
O barco velejou muito bem em todas as condições de vento entre zero e 10 m/s com todas as velas içadas, e comportou-se agradavelmente nas calmarias.

Modelo em escala 1:10

 

Achei este artigo em inglês traduzido de outro em alemão mas o que mais me impressionou foi que tivemos um barco quase igual a este, o Tibicuera, de 6,15 m de comprimento, mas com um mastro maior. Este barco foi nosso de 1950 a 1958 quando foi vendido.

Augusto Chagas 12 novembro de 2009


Tibicuera na Praia da Alegria, Rio Guaíba, nos anos 50

Tibicuera

Tibicuera no Rio Palmares, em Palmares do Sul,RS

Comentários recebidos

14 Nov 2009
Geraldo Moeller
Grande idea do Augusto Chagas.
Além do Tibicuera, outro barco parecidíssimo, que tinha em POA, foi o "Guanabara" que sempre ouvi que era um projeto alemão, mas tinha 7,20m. Atualmente, o "Mimbora" do Bruno Staiger, talvez seja o unico em bom estado e navegando.

14 Nov 2009
Manotaço

Amigo Geraldo,
no meu disco mole consta que é um projeto S&S (Sparkman and Stephens) que, assim como o Classe Brasil, este um 40', foram desenhos encomendados pelo "pai" da vela de oceano brasileira, José Cândido Pimentel Duarte, ao renomado escritório de arquitetura naval de NY.
Quanto ao Bruno, ele deve estar furioso com o teu comentário; o primeiro deslize, pouco grave, é que o nome dele é "Steiger".
Agora, o que é gravíssimo, é dizer que o "Mimbora" encontra-se em bom estado.
Como dizem lá na Norte América, ele se encontra em "extra Bristol conditions".

Sempre bons ventos,
Manotaço

14 Nov 2009
Fábio Gaya

Ótima matéria,acho que em ¨bom estado¨temos alguns sobreviventes:Toró,Pirata,Aloha,Pato Preto e mais alguns.Aliás será que alguem sabe quantos Guanabaras ainda existem aqui pelo sul???
Quanto ao Mimbora depois que vi o Sr. Bruno passando Filtro Solar fator 50 no costado para proteção do verniz não precisa dizer mais nada...
É incomparável.
Bons ventos

15 Nov 2009
Guguta - Saga

eta projetinho bom . Sem dúvida alguma , foi um barco escola para muito de nós . As regatas do Rio até Pau -Apino na ilha Grande , ida e volta , fizeram do Guanabara , o precursor da Vela de Oceano no Brasil . Bons tempos .....

15 Nov 2009
José Torelly Campello

Preciosa e curiosa matéria. Apesar de 80 anos de idade, este projeto ainda inspira algumas  idéias e soluções nos atuais.

15 Nov 2009
Luiz Antonio Casariego

Interessante a semelhança com este barco construido em Porto Alegre no estaleiro do Roberto Funk.
Luiz Antonio Casariego

"Irene" no estaleiro de Roberto Funk, em 1938

28 Nov 2009
Raymond Grantham

Naveguei por varias vezes no Ex Irene depois Miruim, de Rio Grande, quando pertencia ao sr Hartmann. Realmente muito semelhante ao barco do Albert Einstein.
Raymond Grantham, Santos SP

12 Jan 2010
jose castello  brito

Conheci o Miruim  no Iate  clube de  Rio grande , sede antiga,  la  pelos  idos  de  l958,  quando comprei um  doble  proa  escamado de  nome  Huracam,  no tempo do  saudoso  Boi

22 Set 2010
Claudio Gomes da Silva

Alguém tem notícias do TORÓ?
Seu primeiro proprietário foi o Sr. Telmo Gomes da Silva - Veleiros do Sul e passou por vários donos deste seu falecimento em 1964.
Desde já agradeço alguma notícia
Filho

02 Out 2010
Fábio Gaya
Caro Cláudio!!!!
Tive o prazer de ter o Toró por 12 anos (89 à 2001).Comprei do Sr.Amiltom,aquele dos pedalinhos da Redenção, que infelizmente faleceu.Eu o vendi,
recomprei,vendi novamente e agora ele navega em Floripa tendo como Cmt.um Argentino boa gente que fez uma excelente reforma. Aquele interior da cabine é lindo com muita madeira entalhada tendo vários desenhos,tudo foi restaurado.Fico feliz em saber que ainda existem pessoas que se preocupam com o Bom e Velho Toró!!!!Espero ter ajudado.
Bons Ventos!!!!


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