Por muito pouco...
Susto, coragem e solidariedade
Geraldo Moeller

09 Jan 2009
Em 03 Jan 2009
O
sábado em Ponta das Canas, Santa Catarina, amanheceu com chuva, que já vinha desde sexta feira. Só que o vento foi aumentando muito. Por volta das 15 horas soprava a 30 nós, conforme anemômetro de mão de um argentino que estava na praia.

O vento continuou aumentando muito, vindo do continente, com ondas quebrando como nunca visto antes, conforme pessoal da Marina Ponta Norte. As embarcações corcoveavam doidamente. A partir das 16 horas entrou o ciclone extra-tropical com força total, provocando altas ondas, ventos de mais de 50 nós e um intenso spray pelo mar.
Estava muito difícil ir até ao Folgad 2 a nado, já que o bote estava no veleiro. Não desejávamos por em risco nossos tripulantes. Mas eles estavam ansiosos na praia, temerosos de que algo pudesse acontecer.

Ao entardecer nosso cabo de âncora se rompeu, e o veleiro, incrivelmente começou a navegar sozinho, saltando nas ondas paralelamente à praia como se alguém estivesse timoneando.

Dado o alerta rapidamente, Marcelo Baldauf tentou desesperadamente conseguir alguma embarcação que pudesse ajudar a resgatar o barco, levando-nos até ele, mas não obteve êxito. Naquele mesmo instante, Eduardo Baldauf correu rente à praia enquanto eu lhe alcançava as chaves da cabine. Quando o Folgad 2 se aproximava perigosamente das pedras, Eduardo se jogou na água, contrariando a minha recomendação, e nadou rapidamente alcançando o veleiro. Estava a poucos metros das pedras e corcoveava muito.

A subida no barco não foi fácil, pois além do balanço, o bote estava suspenso na targa, na popa do barco, dificultando o acesso. Eduardo teve de se esgueirar entre o bote e o guarda-mancebo. Na urgência da situação, após abrir o cadeado de segurança e vendo as pedras se aproximarem cada vez mais, arrombou a portinhola da cabine. Tentou ligar o motor numa das baterias. Não funcionou. A esta altura o barco estava quase se chocando com as pedras. Eduardo nunca havia ligado o motor do barco antes, e tentou a outra bateria. Então o motor funcionou, salvando o veleiro nos últimos segundos, que pareceram eternos. As condições do tempo ainda dificultaram muito a progressão do barco, que moveu-se lentamente contra o vento e as ondas, apesar do motor estar com aceleração total.

A esta altura, uma multidão já havia se juntado na praia, até com binóculo, não para observar o navio de turismo que estava ao largo, mas ansiosos para ver melhor o que ocorria e qual seria o desfecho daquela situação. Outro veleiro menor também garrou e foi dar na praia. Pelo noticiário da TV local e no meio náutico, soubemos que várias embarcações foram jogadas na praia em vários outros locais. O bar flutuante em Cachadaço afundou. Um veleiro de 48 pés de Santa Catarina também deu na praia em Bombinhas.

Eduardo conduziu o Folgad 2 sozinho até à praia de Canasvieiras, um pouco mais protegida. Chegando lá, com as ondas um pouco menores, conseguiu entrar na cabine e estabelecer contato pelo VHF com o veleiro Molokai, fundeado junto à praia. Recebeu então preciosa ajuda de Norton e Newton Aerts, que apesar de cansados pelo resgate de outra embarcação, prestaram toda a assistência possível. Norton subiu a bordo e os dois conseguiram por em funcionamento a âncora de reserva. Depois, com o bote Molokaizinho, a tripulação do Molokai ainda levou Marcelo e eu para bordo. Foi incrível !!! Muito, muito obrigado amigos. VALEU MESMO.

Um agradecimento especial ao pessoal da Marina Ponta Norte, na pessoa do Marquinhos.
Geraldo Moeller, 3 de janeiro de 2009.

Comentários: info@popa.com.br
Fotos: veleiro Folgad2, arquivo Popa.com.br

 

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10 Jan 2009
Gabriel von der Heyde

Caro Moeller,
Fiquei sabendo do "apuro" que passaste em Santa Catarina pelo site do Popa, que susto!!!
Parabens para o Eduardo. Coisas assim acontecem mas sei que é dificil o coração aguentar.
Te desejo boas velejadas por lá e que Netuno de uma maneirada contigo.
Abraço e BV
Gabriel von der Heyde - Carumbé

10 Jan 2009
Francesco Colombo

Graças ao bom deus deu tudo certo. Mas em verdade, com o tempo maluco do jeito que está, não ha como não ter um seguro no barco. Por isto que no Estados Unidos não há barco por menor que seja sem seguro.
BV
Francesco Colombo - Oceanics - VDS

11 Jan 2009
Izabel Moeller
Oi Mano!
Que susto.......! Quanta proteção divina para este resgate! Benditos Eduardo e Marcelo Baldauf pela coragem e eficiencia e para todos os demais envolvidos pela solidariedade.
Vamos fazer este ano mais uma procissão para agradecer à Nossa Senhora dos Navegantes.... Bj Izabel