Embarcações do Rio Douro
Os rabelos transportavam pipas de Vinho do Porto
Antônio Joaquim Machado

04 Mai 2009
O barco rabelo é uma embarcação típica do rio Douro que tradicionalmente transportava as pipas de Vinho do Porto do Alto Douro, onde as vinhas se localizam, até Vila Nova de Gaia, defronte à cidade do Porto, onde o vinho era armazenado e, posteriormente, comercializado.

Sendo um barco de rio de montanha, o rabelo não tem quilha e é de fundo chato, com um comprimento entre os 19 e 23 metros. A sua construção, de tábuas sobrepostas, tábua trincada, é nórdica, em comparação com a do Mediterrâneo.

Com uma vela quadrada, o rabelo era manejado normalmente por seis ou sete homens. Quanto aos mastros, os primeiros só usavam um, enquanto que os segundos usavam também um mastro à proa. Para governo, utiliza um remo longo à popa – a espadela. Quando necessário, os barcos eram puxados a partir de caminhos de sirga por homens ou por juntas de bois.

A vida a bordo do Rabelo era árdua e trabalhosa, existindo, então, uma espécie de hierarquia de comando. Para um barco de 50 a 60 pipas, a tripulação era constituída por treze pessoas ordenadas do seguinte modo: arrais, feitor da proa, feitor da espadela, braceador, moço, 1º, 2º, 3º e 4º cabresteiro, vinhateiro, ponteador da pá-dos-dois, ponteador da pá-dos-três e ponteador da pá-da-ré. A confecção da comida estava a cargo do moço e do vinhateiro que, também, zelava pelo vinho e pelos víveres da chileira. Grande parte das refeições eram à base do caldo e do peixe pescado pelos próprios tripulantes, além de pão e vinho.

O barco rabelo passou a ter a sua identidade bem definida, a partir de 1792, quando a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, publicou os alvarás e mais documentos que se relacionavam com a notável instituição pombalina. Nessa publicação, conhecida vulgarmente por "Leis da Companhia", encontram-se preciosas informações, referentes tanto ao barco como aos seus tripulantes, como ainda ao tráfego a que se destinavam.

Com a conclusão, em 1887, da estrada de ferro do Douro e o desenvolvimento das comunicações rodoviárias durante o século XX, o tráfego fluvial assegurado pelos barcos rabelos entrou em declínio. Em 1961, no início do programa de aproveitamento hidroelétrico do Douro nacional, apenas restavam seis barcos rabelos em atividade permanente.

Os barcos rabelos podem ainda hoje ser encontrados no Porto. Contudo são hoje, ao contrário de outros tempos, usados para o transporte de turistas em passeios pelo Douro, sendo muito usados para atravessar o rio desde o Porto até Vila Nova de Gaia, local onde os turistas podem visitar algumas caves de vinho do Porto.

Comentários: info@popa.com.br

 


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