O relógio de prata do Capitão
Mergulhador traz à tona toda uma história de naufrágio de 1881
Danilo Chagas Ribeiro
11 Set 2009 Já em casa, Rich conseguiu ler: "Richard Prichard, Abersoch, North Wales, 1866". O nome deveria ser do dono do relógio, que habitualmente era gravado. Abersoch é ainda hoje uma pequena vila na costa do País de Gales, a 100 milhas ao norte de Pembrokeshire. Busca pela história Depois de quase abandonar a idéia, Rich utilizou a Internet como ferramenta de busca. Através do Google, chegou a um website da região de Abersoch, a cidade indicada no relógio. E com a ajuda do dono do site conheceu um historiador local que identificou registros de homenagens a Richard (mas não seu túmulo) pesquisando em arquivos do cemitério. Depois soube que, por ocasião do censo de 1851, ele foi encontrado a bordo de um navio no porto, como um marinheiro comum de 19 anos. Para complicar as buscas, a região fala e escreve um dialeto do celta, tão inteligível quanto "Gŵr yn gwadu lladd ei wraig", e que nem os colonizadores romanos nem os britânicos conseguiram exterminar. Morte misteriosa no mar Seu navio chamava-se Barbara e tinha dois mastros com vergas e velas redondas¹. Foi construído em 1877, deslocava 1.082 toneladas e seu casco era de madeira revestido com ferro. Como o relógio foi parar na costa do País de Gales? Na aproximação à Grã-Bretanha, o veleiro carregado de arroz fez a alegria dos peixes. O Capitão Jones provavelmente queria rumar o navio para Liverpool, pelo Mar da Irlanda, passando entre a costa leste da Irlanda² e Gales, através do canal St. George's, disse Rich. Mas era uma noite escura, a 22 de novembro de 1881, com chuva e ventos muito fortes, em pleno inverno. Passavam-se 6 meses da morte de Richard a bordo. Provavelmente o Capitão Jones fez uma manobra equivocada, levando o navio em direção ao Canal de Bristol. "Estes navios não podiam dar volta - eles navegavam a, no máximo, 90º em relação ao vento³ ", disse Rich. Naquela noite as ondas podiam ter de 9 a 12 metros de altura. No rumo errado, navegando em direção aos altos penhascos da costa, e sem conseguir fazer a volta, o Barbara encalhou e afundou nas pedras de Freshwater Bay, Pembrokeshire. Todos a bordo do Barbara salvaram-se no naufrágio, menos o Capitão, que foi ao fundo, a 8 metros da superfície, com o relógio de Richard. "É possível que ele tenha morrido com o relógio prateado no bolso", disse Rich à BBC, de Londres. "Os restos dele já se foram há muito tempo mas o relógio sobreviveu, possivelmente pelo fato de que estava enterrado em sedimentos, o que teria preservado o relógio", deduziu o mergulhador. Garimpando em terra e no mar "Através de sua árvore genealógica, consegui encontrar os descendentes do capitão Prichard e me surpreendeu que eles ainda vivessem no norte do País de Gales", disse o historiador Roberts, que descobriu duas homenagens ao capital Prichard, uma em um túmulo de seus familiares e outra no túmulo de sua esposa e filho. A avó do dentista aposentado Owen Cowell, que recebeu a antiguidade no fim de agosto passado, era prima do Capitão Richard Prichard. "Estou muito contente que o relógio vai voltar para casa depois de todos estes anos", afirmou Cowell. "Foi uma grande surpresa que meus ancestrais tivessem uma vida tão movimentada em navegação." A peça, fabricada pelo relojoeiro Richard Thomas, do norte do País de Gales, foi exposta na semana passada no vilarejo por ocasião da Exposição Anual da prefeitura. Mais do que um velho relógio de prata, Rich Hughes trouxe toda uma história à tona, através de seu hobby e de seus princípios. Rota meramente ilustrativa do veleiro Barbara, de Cyanmar a Liverpool Este navio de 2 mastros utiliza
velas redondas,
Comentários recebidos 12 Set 09 26 Set 09 03 Out 09 03 Out 09 |
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