Navegada no dia mais frio do ano 28 Ago 2009 23/7/09 - Quinta Feira- 19hs: Partimos de POA para São Lourenço de carro, pois minha mulher ficaria em São Lourenço e já aproveitaria para visitar a família (isso é importante, alvará assinado e carimbado). 24/7/09 - Sexta Feira- 5:45hs: Ao dar partida no carro de manhã em São Lourenço para ir até o Iate Clube, a primeira surpresa, o carro estava com uma mensagem que eu nunca tinha visto, nem mesmo na serra, “ Perigo Gelo”. O marcador do carro marcava 3° C, na esquina do Supermercado Jepsen 1° C. Estava escuro ainda, e me veio na mente, será que não vou fazer bobagem?? Nesse frio? Essa passagem durou em torno de 1mseg, a resposta não!!! Tá tudo certo, vamu embora!! Carregamos o que faltava no barco e embarcamos com muita dificuldade, o convés (foto abaixo) parecia uma pista de patinação, dava pra segurar um cabo na vertical pra cima. 24/7/09 - Sexta Feira- 8:00hs: Já havíamos passado o Banco do Quilombo entre as 2 balizas de sinalização, a profundidade foi mesmo 90cm, nem precisamos ligar o motor, passamos empopado, com a bujinha arriada. Decidimos não subir mais a buja e mantivemos o barco surfando apenas com a grande com 1 rizo. O vento apertou com o sol já bem definido no través das Barras Funda e Grande do Rio Camaquã, o Felipe timoneando o barco e eu timoneando a roda de chimarrão. A velocidade era em torno de 6 nós, algumas surfadas chegavam a 7,9 nós e em um momento eu senti que o Catuípe planou mesmo e alcançou 8,9 kn, só de vela grande com 1 rizo, só parou porque pegou uma onda grande na proa e ameaçou embicar. Nossa proa era rumo ao banco do Vitoriano, estava apreensivo, pois eu sei que esse seria pedreira, ou melhor, “areieira”. 24/7/09 - Sexta Feira- 10:15hs: Já havíamos passado por cima do banco do Vitoriano, e a minha apreensão antecipada se confirmou, o vento já passava os 22 nós na rajada e nossa primeira opção de passagem seria um ponto que eu tinha a 1 MN de terra, mas aquele ponto apontava para areia lagoa afora. Optamos por passar no pé, mas também quebrava muita onda, ou seja, não tinha lugar fundo, tudo era raso. Achamos um meio termo e tocamos com toda bolina e quase todo leme em cima, não deu outra, resumo - tripulante na água, ou melhor em terra, para empurrar o barco. O banco estava muito seco devido ao rebojo. Foi o pior de todos. Eu agradecia por estar naquele momento num microtonner, com 30 cm de calado e 600Kg, se tivesse tentado passar aquele banco, com vento de popa, num veleiro de 30’ retrátil, estava lá até agora encalhado na areia. Nossa proa agora era rumo ao Banco Dona Maria, numa perna de mais 15MN RM 55°. 24/7/09 - Sexta Feira- 12:50hs: Chegamos no banco Dona Maria (foto acima) e a passagem foi muito tranqüila com 90 cm de água, porém dessa vez a motor, e com velas arriadas. O interessante desse banco é que em seguida após a passagem a profundidade aumenta muito, uma traineira de pesca lourenciana relativamente grande, cruzou em nossa proa muito perto, quando estávamos em cima do banco com 90 cm de água. O experiente pescador realmente conhecia muito a região, estava indo rumo a Lagoa do Graxaim. Agora o contravento iria pegar nessa próxima perna de 10,9 MN, pois já estávamos com vento NW e o nosso novo rumo seria N (45°). 24/7/09 - Sexta Feira- 15:20hs: Já estávamos atracados no Clube Náutico Arambaré com tudo safo a bordo. O pessoal do Clube bem hospitaleiro, minha primeira ação foi tomar um bom banho quente, pois esta última perna de contravento foi bem molhada. Fomos dar uma banda e esperar a troca de tripulação, pois o Vitor estaria vindo de Porto Alegre à noite e a idéia era o Felipe desembarcar e voltar com o carro do Vitor a Porto Alegre (Barra do Arroio Velhaco, Arambaré, nas fotos ao lado e acima). Ao verificarmos a bateria do barco, notei a tensão muito baixa 11,9 V, e o “olhinho” de observação não estava mais verde. Suspeitei que a placa solar estava com alguma fuga, mas na dúvida pedi ao Vitor que quando viesse pra Arambaré já trouxesse um carregador Elétrico, que conseguiu facilmente o nosso solidário amigo Maurício Mancini (madruga Joshua ICG). 24/7/09 - Sexta Feira- 19:30hs: Estávamos bem tranqüilos, entocados dentro do barco aguardando o Vitor, quando ouço uma voz no trapiche chamando pelo meu apelido “Dedé”, achei muito estranho aquela hora, pois o Vitor ainda nem tinha saído de POA. Para minha surpresa era nosso amigo e velejador André (meu xará) que quando soube que estávamos em Arambaré se tocou de São Leopoldo para lá, pois sua mãe tem um hotel na cidade. Acabamos, por muita insistência dele, aceitando o convite e indo jantar no hotel. Sua Mãe muito simpática, já separou um quarto muito confortável para dormirmos naquela noite muito fria por lá. 25/7/09 - Sábado- 06:50hs: O japonês (motor) já tava roncando na barra do Arroio Velhaco e nossa RM era 90° (rumo ao sol) com mais 7.3 MN. Por precaução costumo deixar o eco sempre com 8 pés (2,40m) no alarme. Essa nossa lagoa é muito imprevisível. Dar uma encalhada com toda bolina embaixo planando a quase 9 nós (como ontem) não deve ser uma experiência muito boa. A quilha virá uma faca pra rasgar o casco. Manhã muito tranqüila, céu azul, vento de 10 nós NW fez com que chegássemos ao banco dos desertores com todo pano em cima as 8:15hs. Passagem muito tranqüila. Mais 5.3 MN chegamos ao Pontal Sto Antonio de Tapes as 9:15hs da manhã também só velejando, “mentindo um pro outro” e mateando. 25/7/09 - Sábado- 09:30hs: Nossa próxima perna era a mais extensa da viagem eram mais 28,3 MN até o Farol de Itapuã. Essa distância é praticamente uma travessia da Lagoa entre São Lourenço e o Bojuru. Como o vento estava rondando entre NW e NE, senti que teríamos problemas em velejar com rapidez. Calçamos no motor e fomos tentando velejar e manter uns 5 nós de velocidade. Na metade do trecho não deu mais. O vento tava teimando em nos contrariar vindo da direção de Itapuã, no bico NE, baixamos tudo e pau no motor. Caso alguma coisa desse errado nosso plano B era pernoitar na Ilha do Barba Negra. Tudo deu certo e chegamos pontualmente as 17hs no Clube Náutico Itapuã, que apesar do clube estar lotado, fomos muito bem recepcionados pela Tina, que gentilmente nos conseguiu uma vaguinha. 26/7/09 - Domingo- 09:50hs: Após um mate e outro, e uma volta por Itapuã, novamente o barquinho Catuípe já tava devorando milhas rumo à Ilha Chico Manoel, por onde passaríamos junto ao continente, seguindo as orientações da Comodoro Tina. O Catuípe tava somente motor como vento no bico de novo. Quando passamos a Chico, resolvemos colocar a bujinha na proa e calçando no motor. O vento NE insistia em judiar, tentamos velejar com todo pano, no meio do canal de navegação, mas a velejada tava sofrida. Quando chegamos no través da Ponta Grossa, o vento amainou bastante, e o Rio Guaíba liso e espelhado as 13hs. Mais uma hora e meia de motor e as 14:30hs já estávamos atracados no SAVA Clube onde fomos recebidos pelo marinheiro com bote nos dando orientações para atracar e mais uma porção de amigos no trapiche onde ficará o Catuípe nos próximos meses. No total foram 115 Milhas Náuticas com 2 paradas em 3 dias. Gostariamos de agradecer aos amigos que nos acolheram nos clubes, aos amigos velejadores de São Lourenço pelo incentivo e aos amigos do SAVA e flotilha de Microtonner pela acolhida no Clube. André Oliveira Comentários recebidos 29 Ago 2009 1º Set 2009 1º Set 2009 09 Set 2009 11 Set 2009 11 Nov 2009 |
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