14 Maio 2010 Muitas as foram as Rotas que levaram à Ilha Chico Manoel ao longo dos últimos anos, muitas diretas, outras indo para Itapuã, Tapes, Rio Grande ou Araçá. No entanto, nunca passando pela Argentina, mas , acreditem, assim foi. Fomos para Argentina pescar em um final de semana deste ultimo mês de abril, depois de muito planejar, mas surpreendentemente, no improviso da minha festa de aniversario, 50 anos celebrados no bar náutico do VDS, montamos um grupinho para nos inserirmos no grupo maior, e ainda consegui naquele ambiente festivo também colocar meu Pai na confusão. Viajar com nossos Pais é uma ação filosófica, um deleite, o qual espero todos que tenham oportunidade possam também fazê-lo. Eu fiz, desta vez, ainda por cima com Pai e Sogro, mais o Primo também chamado Cylon, que veio de Florianópolis, companheiro de tantas aventuras de mergulho, navegadas e viagens....em um número de anos que a gente tem até medo de lembrar...ou... talvez, de forma mais inteligente, celebrar!
A idéia da pescaria está sempre presente, assim como também está permanentemente a navegada para Chico Manoel, já que para as efetivar estou sempre em prontidão. A Chico é sempre a primeira opção em termos de velejada semanal com pernoite, e usualmente a partir de quarta começo a acompanhar a previsão para ver se vai sair "aquele" cruzeirinho bacana de fim de semana. A pescaria foi nos Rios Paraná e Corrientes, nossa turma em 2 lanchas, cortesia da Telminho Tur, que organiza com muito sucesso estes grupos. Passamos três dias a bordo, navegando, admirando a paisagem espetacular, rindo, pescando, conversando sério e fiado, sempre guiados pela figura indiática, firme e segura de nosso piloteiro, o Roque. A Turma do “Sogrão”, o Alfeu, com Alti e Tio Nulcio, foi com o Piloteiro Chato(diz-se tchato, quer dizer baixinho...segundo o Roque...), outra figuraça ( as conversas deles no rádio são ininteligíveis, ao contrário dos almoços na barranca, que são um show de talento da culinária campeira). Deu de tudo na pescaria, até peixe, inclusive um dourado assado no mato com champagne para celebrarmos o aniversario do Alti no último dia.
Desta confraternização resultaram uns peixões e um destes definiu a rota para Chico, passando pela Argentina....pode ?.. sim....é possível, e foi ! Conversando com amigos velejadores e freqüentadores costumazes da Ilha, surgiu a idéia de fazermos um Surubi lá no galpão em um jantar entre amigos. O "eleito" (coitado!) foi o Luiz Morandi, um Cheff com letra maiúscula, que eu sabia a fama, mas ainda não tinha o privilegio de experimentar o talento. "O cara" não é o Lula, é o Morandi, pois ele levou uma panela de ferro que de tão grande e pesada deve ter adernado o Chamonix... assim, deu um show de conhecimento e capacidade, juntamente com a Carmem. Eu havia falado com alguns amigos sobre a idéia, então de repente naquele belo sábado de primeiro de maio, a Chico estava alegre, povoada, com os trapiches lotados, barcos e amigos, todos ali no espírito puro da confraternização da vela de cruzeiro... Fiquei "meio" (totalmente apavorado!) preocupado de ver aquele “povaréu”, mas o Morandi deve ter ficado mais nervoso ainda, e rezando com ele assisti a construção daquele prato maravilhoso, capaz ,ou não(?), de alimentar e fazer a felicidade daquela galera.
Depois de muito fogo no fogão a lenha, muita força para torcer a panela, pois colher ali não entra, muita risada, gozação e expectativa da turma, formou-se a fila, tal qual quartel ou “R.U”. Ele e a Carmem servindo, nós todos ali " chuliando " aquele peixe diferenciado, não apenas em tamanho (10 kg mais ou menos) e qualidade (surubi é um peixe nobre), mas em esmero no preparo. Então começaram as exclamações de satisfação daquela tropa de gente que sabe aproveitar a rusticidade, simplicidade e beleza da Chico, naquele dia também brindada com a presença de amigos velejadores do Jangadeiros, o Debiagi e família no Longitude e o Amaro também com família no Guará.
Foi um convívio diferenciado até a madrugada, com muita alegria, confraternização, vinhos de primeira e algo intangível, a amizade simples e franca daqueles que se unem curtindo o cruzeiro a vela e a filosofia que este modus viventi traz. Agora ficou a responsabilidade de "outras rotas" culinárias para a Chico, passando talvez por lugares antes que nos tragam outros pratos e oportunidades, mas esta rota pela Argentina já esta consagrada e espero se repita. Os registros mostram a dimensão do talento do Morandi e a alegria de nós todos pela convivência. Fica meu agradecimento a este novo amigo que saiu da lancha para o Veleiro e que, na medida da passagem do tempo, cada vez mais admiro.
Ate a Próxima! Cylon Rosa Neto, Veleiro Raio de Luar, em 10 de maio de 2010, escrevendo em Salvador, Bahia. |
Comentários recebidos 13 Dez 2010 |