Volta ao Mundo Destino Azul / Mormaii
Diogo Ferreira
Colaboração Fernando Maciel

10 Mai 2010
O
ito anos. Esse foi o tempo que Diogo Guerreiro e Flavio Jardim planejaram e se prepararam para um ambicioso projeto de volta ao mundo de veleiro, que finalmente teve início no dia 17 de agosto de 2008, quando zarparam de Florianópolis/SC.
Diogo e Flavio estão no Guinness Book como “A mais longa jornada de windsurf no mundo”, após percorrerem todo litoral brasileiro sobre suas pranchas. Agora não só a viagem é mais longa – uma volta ao mundo - como a embarcação também é maior. Eles embarcaram no veleiro Itusca, um catamaran de 45 pés (13,70 m) com o objetivo de descobrir mais sobre os povos e ilhas remotas nos três oceanos e também de surfarem as melhores ondas do mundo, muitas delas ainda desconhecidas.

Eles percorreram a costa do Brasil, o Caribe, cruzaram o canal do Panamá, visitaram Galápagos e partiram para a maior travessia da viagem: 5.500 km de mar até a Polinésia Francesa. Ilhas Cook, Reino de Tonga, Fiji, Kiribati, Micronésia, Papua Nova Guiné.
No momento os velejadores estão em sua mais difícil travessia até então, cruzando do norte da Papua até Timor na Indonésia. São quase 3 mil km de ventos inconstantes, calmarias extensas, tempestades locais, e o pior, forte correnteza contra. Para completar, eles têm de permanecer constantemente atentos e navegar a noite com as luzes apagadas para evitar problemas com pirataria.

A jornada deve terminar entre janeiro e fevereiro de 2011 em Florianópolis.
Embora as dificuldades estejam sempre presentes, a jornada de volta ao mundo oferece recompensas incríveis. Abaixo alguns do momentos mais fascinantes através da narrativa de Diogo e Flavio:

Entre Vitória e Abrolhos – “Da pequena escotilha de meu quarto eu observava uma dezena de baleias. Algumas saltavam, outras esguichavam e uma se exibia de ponta cabeça com a enorme cauda para o céu. Fechei os olhos e agradeci. Esse momento já fez valer os oito anos de dedicação.”

Entre Fortaleza e Trinidad & Tobago - O calor sufoca, aliado das incertezas causadas pela calmaria. Um espelho reflete o céu, traduzindo de forma eficiente a dimensão do mundo ao redor. Nós nos sentimos frágeis. Impotentes. E fazemos o que podemos fazer: boiar e continuar respirando.
Mas então tudo muda. Ou melhor, a calmaria continua. O que muda é a perspectiva de nossas vidas, quando um pequeno passarinho amarelo e indefeso surge do céu para o barco há mais de 200 km de terra firme. E voa desesperadamente e finalmente pousa no convés do Itusca. Nós imediatamente nos identificamos com o pequeno pássaro e não compreendemos como ele pode ter vindo para tão longe.
Uma ilustre companhia por dois dias. Um símbolo da fragilidade que referencia a nós mesmos. Um símbolo de esperança. Mas ai o pássaro morre. Uma tristeza nos consome e então passamos a nos sentir ainda menores e mais frágeis.

Galápagos e suas peculiaridades foi fundamental para compreendermos melhor sobre a vida na terra. Graças à visão além do horizonte óbvio, um homem olhou, estudou e anotou sobre tartarugas gigantes, iguanas marinhas, pássaros com patas azuis e outros que curiosamente se diferenciam de irmãos no continente por bicos diferentes; seu nome é Charles Darwin.
Por tudo isso é que esse local formidável e único lançou uma luz especial sobre nossa jornada ao redor do mundo. Expôs-nos de forma irreversível e incontestável a um espelho em movimento sobre o qual temos vivido nestes últimos oito meses. Esse espelho azul nos mostrou quão pequenos somos e assim podemos dar merecido valor a tudo que nos rodeia.

A emoção que sentimos ao vivenciar Hiva’Oa na Polinésia Francesa fez com que quiséssemos registrar eternamente o momento. Assim sendo, nada pereceu fazer mais sentido do que uma tatuagem. Eu fiz uma enorme que envolveu meu peito, ombro e parte das costas. Flavio fez uma que ocupou toda panturrilha. Os desenhos seguem a simbologia polinésia e temos a esperança que sejam mais uma ferramenta para empalhar nossa lembrança daqui.

Fiji surgiu por acaso em nossa rota. A princípio iríamos de Tonga para Samoa e depois cruzaríamos a linha do equador com rumo a Micronésia. Foi tudo um pouco estranho, porque em tantos anos planejando a volta ao mundo, eu não lembrava de ter lido sobre a necessidade de visto para Papua Nova Guiné. Porém eu li ao acaso num site náutico e descobri também que em Fiji existe uma embaixada de lá. Se tivéssemos ido para Samoa teríamos enfrentado um tsunami... Muitos infelizmente enfrentaram.

O povo tem um aspecto selvagem, especialmente os adultos com as bocas vermelhas de uma semente de palmeira que mascam e que possui qualidades alucinógenas, embora mais sutis que nossas bebidas alcoólicas. A maioria das crianças e muitas mulheres têm os cabelos loiros, alguns levemente vermelhos, o que cria um contraste com a pele negra. São todos fortes e não há obesos. Peitos de fora e crianças peladas. Uma criança de uns dois anos de idade arrastava um facão maior que a perna. Outra menina, mais velha, mostrava a língua e gargalhava. A briga por nossas mãos continuava. As casas eram todas de palha, bambu e outras madeiras. Muito caprichadas. O fogo crepitava dentro de algumas delas.

Tripulação experiente
Diogo Guerreiro, 28 e Flavio Jardim, 28 têm na bagagem dezenas de milhares de quilômetros navegados no Brasil e no exterior. Em 2007 a dupla trouxe o veleiro Itusca da Grécia, aonde foi adquirido, para o Brasil.
Ambos são Capitães-Amadores pela Marinha do Brasil e possuem conhecimentos em Navegação Astronômica, Meteorologia, Mecânica Motonáutica, entre outros.
Os dois são também praticantes de esportes radicais como: surf, windsurf, kite e paddle surf. No Itusca eles estão levando equipamentos para praticar todos esses esportes.


Clique uma imagem para carregar todas da mesma moldura






Comentários recebidos

05 Jul 2010
valmor

flavio & diogo , sou um admirador dos oceanos, meu parabens a equipe que esta dando volta ao mundo curt esta viagem me mandem fotos por onde vcs passarem . abraço a todos , e boa navegaçao  valmorzinho motos de garopaba sc

23 Jul 2010
mario cunha

Parabéns para voces , acabo de receber um email do Morongo e me disse que estava por ai e por isso estou no site de voces.
Muito legal a experiencia e os sentimentos que tudo isso desperta, fotos lindas, emocões, paisagens especiais e tenham certeza de que muitos gostariam de fazer isso, portanto, aproveitem e curtam ao maximo, boa viagem e até a volta....valeuu....

05 Set 2010
oceano barroso

olá
gostaria, se possível, algum email ou blog dos tripulantes do Itusca.
obrigado

30 Set 2010
Guilherme

FANTASTICO!
espero um dia alcançar este feito!
Parabens galera!! Bons ventos e boas ondas!


Envie seus comentários
Nome
 
e-mail