Crucero de la Amistad
Etapa Portobelo - Paranaguá - Ilhabela
Jorge Thomas

17 Jun 2010
Definida pelo Comodoro Carlos Salvochea para zarpar do Cachadaço - Portobelo no rumo de Paranaguá, às 19 horas do dia 05 de junho, nós do veleiro St. Thomas II decidimos nos antecipar saindo às 17 horas. Assim o fizemos porque com tripulação reduzida poderíamos melhor organizar a navegação e armar as velas ainda com a luz do dia.

Recolhido o ferro, saímos daquele abrigo, armamos velas para um través que se prenunciava sustentável ao longo de toda a noite, sem esquecer de preparar o contra-burro que nos ajudaria a conter inesperados “jibes”, marcamos um único waypoint – rumo direto ao canal de acesso a Paranaguá.

Navegação com ventos constantes do quadrante Sudoeste-Sul, confirmaram o acerto de nossa decisão e nos permitiram cumprir as 93 milhas em cravadas 12 horas, com picos de aceleração registrando 10,3nós. Às 9 hs já estávamos apoitados na Cotinga, subsede do Iate Clube Paranaguá (ICP) gentilmente recebidos pelo senhor Pedro. O escaler do ICP nos reservava facilidade de acesso à sede principal e de lá nossos pés nos levavam para buscar suprimentos, visitas à Capitania dos Portos e alguns passeios por esta cidade que contempla farto casario colonial português.

Da Comodoria e funcionários do ICP obtivemos todo o apoio, suporte e atenção culminando com um churrasco de confraternização que também nos reservou uma notícia não esperada. O passeio através do canal do Varadouro que encanta a todos que por lá logram êxito poder percorrê-lo deixava de ser possível fundamentalmente por acertada cautela e preservação do alto nível em que se desenvolviam todas as etapas deste memorável Crucero.

É de se registrar aqui um agradecimento e reconhecimento muito especial a Marinha Brasileira, dirigindo-o especialmente ao Comandante Rios e todo o seu “staff”. Acompanhados do comandante Oscar Nieto e Dagmar Spessatto, veleiro Lampejo, procuramos a Capitania dos Portos para registrar a passagem do Crucero de La Amistad e sondar sobre a possibilidade de avançarmos através do canal do Varadouro. Num primeiro instante parecia-nos que o pessoal da recepção não nos daria ouvidos. Ultrapassada esta desconfiança, que ao final se mostrara sem fundamentos, todos os que nos ouviram não mediram esforços e percebia-se com clareza meridiana que ascendíamos na escala hierárquica. Alguns minutos mais e chegávamos ao Comandante 02, Capitão José Carlos, que nos ouviu atentamente e ao tomar conhecimento de que em Rio Grande a nossa Marinha dera integral apoio, não deixou por menos, desferiu inúmeros telefonemas surpreendendo-nos porque afinal estavam naquele gabinete, velejadores recém aportados, em trajes típicos, bermuda, camiseta e barba por fazer, a solicitar sua atenção e préstimos desta gloriosa Força que complementa a Armada Brasileira. Até o almoço ele o atrasou para nos atender e ao final já indicando que nossa pretensão poderia ser contemplado, convidou-nos a retornar no dia seguinte para uma entrevista com o Capitão do Portos, Comandante Rios, o 01.

Lá estávamos às 11hs do dia seguinte e recepcionados pelo Comandante Rios, que se mostrou um estusiasta da vela, alongamos conversa por aproximadas duas horas. Estava assegurado que obteríamos todo o apoio dentro dos limites da sua jurisdição. Agradecemos, nos despedimos e também aqui merece ser registrado um especial agradecimento ao Comandante Rios e todo o seu “staff”, a nossa Marinha é realmente parceira de quem em águas busca com responsabilidade viver no “marzão” com que Deus nos brindou. Incansáveis todos os Comandantes José Carlos, Molinaro, e os demais oficiais responsáveis pela cartografia, meteorologia, disponibilizando-nos todas as informações e o mais importante de tudo, até um Flex estava preparado para nos acompanhar nas águas sob supervisão daquela Capitania. O Comandante José Carlos conseguira ainda mais, um agente federal da Polícia Ambiental encarregado de patrulhar aquela importante reserva da fauna e flora da mata Atlântica, acompanharia a embarcação oficial e nos subsidiaria através do rádio indicando rota segura e batimetria. Tudo acertado licença, autorização e integral apoio da nossa Marinha, mas o nível da maré cheia, estofo previsto para 120cm não assegurava um passeio tranquilo a uma expedição composta de 31 veleiros, muitas deles com calado de 180cm, a navegarem por águas que em alguns trechos não registram lâmina superior a 40cm que somados ao movimento da maré resultam em não mais do que 160cm, inapropriados aos veleiros de maior calado.

A prudência do Comodoro Carlos Salvochea foi determinante em afastar a hipótese de que as embarcações com menor calado singrassem por aquele canal, partindo todos juntos na quinta-feira, dia 10 de Junho, por volta do meio-dia soltos das amarras em poitas que por lá nos mantiveram seguros e por mar aberto rumamos em direção a Ilhabela.

Ventos do quadrante Sul-Sudeste nos levaram, ora em través ora em popa rasa, permitindo o uso de balão e asa-de-pomba, até próximo de Alcatrazes, ali rondaram e se fixaram em Nordeste com rajadas entre 22 e 27 nós a consagrarem orças empolgantes, com registros de muitos comandantes em desempenho que alcançava nas descidas de onda 11,3 nós e adernadas de 25 gráus. O St.Thomas II cumpriu esta travessia em 31 horas, momento do pedido de apoio para atracar no Iate Clube de Ilhabela. Lá encontrando já desfrutando merecido descanso os comandantes e tripulação do Mandinga e Lalinda. Mas para nosso especial deleite, o Escorpion, com quem brincávamos de disputar a chegada, ainda não mostrava suas velas e menos ainda suas amarras.

Enquanto admirávamos a noite nas dependências do ICI, acompanhávamos a chegada dos demais veleiros, um a um sendo atracados costado com costado, a separá-los somente as necessárias defensas.

No lobby ouviam-se histórias, brincadeiras e provocações, todas muito saudáveis, alguma picardia e farta rega de caipirinhas. Estávamos todos muito felizes, mais uma etapa cumprida e valorizada pelas condições de uma navegação bem organizada e segura, acompanhada por São Pedro nas dosagens de vento e por Netuno administrando as ondas e correntezas, ambos certamente a tudo assistindo no mais alto estilo (quanta pretensão).

Fotos: Trapiche Ilhabela (Paulo Silveira), veleiro Riacho Doce em Paranaguá (Dagmar Spessatto), veleiro Riacho Doce passando sob as pontes da Ilha de Santa Catarina, Florianópolis (Dagmar Spessatto), Átila Böhm e Oscar Nieto no veleiro Atrevida (Dagmar Spessatto), veleiro St Thomas II em asa de pomba (Jorge Thomas)










 

 

Veleiro

Clube

Bandeira

Nome do Capitão

1

Acquaviva

CGLNM

Argentina

Edmundo Mezzasalma

2

Ahimsa II

CUBA

Argentina

Diego Peres

3

Aldebaran

YCCN    (Olivos)

Argentina

Enrique Sanchez

4

Amigo

MARINA DEL SOL

Argentina

Horacio Madorno  

5

Aspen

CSF

Argentina

Ernesto Rios

6

Babysac

ICSI

Argentina

Blanca Bella

7

Cacique

YCPM

Argentina

Alejo Estebecorena

8

Cenizo

CUBA

Argentina

Alejandro L ó pez

9

Confluencia

CNSI

Argentina

Enrique J Salzmann

10

De Carabelli

MARINA PUNTA CHICA

Argentina

Gustavo Alfredo Carabelli

11

Don Felix

CPNLB

Argentina

Martin Arce

12

Don Haroldo

YCO

Argentina

Omar Estela

13

Durney

YCCN   (Nu ñ ez)

Argentina

Daniel Waszczuk  

14

Fausto

CNQ

Argentina

Oscar L ó pez

15

Garua

CRLP

Argentina

Jorge Cabrera

16

Gipsy Wind

CVSI - RGYC

Argentina

Carlos Salvochea

17

Gran Zoe

ROSARIO ROWING CLUB

Argentina

Gerardo H é ctor Scotta

18

Gringo

CVB

Argentina

Pablo Galeano

19

Kismet

YCPM (CLUB NAUT. VILANOVA Barcelona)

Espanha

Dardo Gonz á lez Otazo  

20

Lalinda

MARINA DEL NORTE

Argentina

Marcelo D ´ Elia

21

Lampejo

VELEIROS DO SUL

Brasil

Oscar Raul Nieto

22

Mago

NAUTICO BERISSO

Argentina

Daniel Holzmann

23

Mandinga

CNSE

Argentina

Eduardo Markowiecki

24

Mirage

YCO

Argentina

Bernardo Grober

25

Nectar

YCCN

Argentina

Sara Noceda

26

Oraclip

Pta del Este

Argentina

Luis Olivera

27

Riacho Doce

VELEIROS DO SUL

Brasil

Paulo Silveira

28

St. Thomas II

RGYC

Brasil

Jorge Thomas

29

Sansol

YCCN (Olivos)

Argentina

Ana Comin

30

Santalocura

YCCN

EE.UU

Oscar Solima

31

Tarkus

CVB

Argentina

Marcelo Morguenstern

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