A Vela e a Arte
Tarcísio Mattos
21 Nov 2011 Manet, que tentou ser marinheiro, mas, felizmente não conseguiu aprovação após algumas viagens, mostra parte de sua paixão pelos navios ao retratar a saída de um vapor rodeado por veleiros de velas escuras, em Boulogne-sur-Mer, antes de aliviar as cores e pintar mais um preguiçoso domingo sob o sol da Normandia. O retorno ao dolce far niente encontra Claude Monet e Gustav Caillebotte envoltos na Regata de Argenteuil, por volta de 1870. Monet pintando, Caillebotte velejando. Amigos e vizinhos, cada um passou para o outro um pouco de sua arte. Quem de nós não se vê orçando na “Onda Verde” que Monet retratou como se estivesse na tripulação do barco a barlavento? Ou não se transporta para varanda do clube ou marina, e extasia-se com a visão dos barcos ancorados e do movimento de outros navegando na linha do horizonte, como mostra a arte do mestre? O pós-impressionismo do fim do século 19, início do século 20, perdeu a luz, voltou para dentro de casa e trouxe as cores vivas para a pintura vanguardista daquela época. E com elas veio Henri Matisse, que abre uma colorida janela para o atracadouro dos veleiros. O Russo Wassily Kandinsky já morava em Berlin quando se tornou um dos primeiros e mais importantes pintores abstratos. Seu abstracionismo, no entanto, não chega ao ponto de esconder completamente o veleiro no quadro “Mit und Gegen”. Seu amigo e colega da cátedra na Bauhaus, o suíço Paul Klee, também voltou seus lápis para o mar e de lá interpretou o que viu e chamou um de seus maravilhosos quadros de “Porto de Veleiros”. Grande parte da arte de boa qualidade das primeiras décadas do século 20 vem da Alemanha. De lá emerge Lyonel Feininger, também professor na Bauhaus, mas que seguiu os passos de Pablo Picasso e usou o cubismo para pintar veleiros retos, ondas retas, nuvens retas em estonteante velocidade e movimento. Até que o realismo do americano Edward Hopper entra na raia. Tarcísio Mattos
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