Amigo do Popa 2011
Homenageando quem fez pela Navegação de Recreio
Danilo Chagas Ribeiro
15 Jul 2011 O prêmio Amigo do Popa homenageia anualmente os participantes de reconhecido sucesso na navegação de recreio, que se dedicaram e contribuíram para torná-la cada vez melhor. Em 2011, o homenageado escolhido unanimemente pela comunidade náutica gaúcha é o Comandante Nelson Piccolo. Campeão, campeão, campeão... Fazendo as próprias velas Hoje, aos 71 anos, Nelson Piccolo continua trabalhando, dedicando sua vida ao iatismo e incentivando novos velejadores. Costuma velejar no Rio Guaíba com seu catamarã SimbadXX (foto ao lado) .
É uma pessoa simples, de bem com a vida, e bem quisto por toda a comunidade. Nelson Piccolo faz jus ao prêmio Parabéns ao Comandante Nelson Piccolo pelo sucesso, e muito obrigado pelas excelentes velas produzidas há meio século. Amigo do Popa A recepção da festa de entrega do prêmio Amigo do Popa será oferecida por um grupo de velejadores, com número limitado de pessoas. É imprescindível a confirmação pelo e-mail: info@popa.com.br
O Comandante Paulo Hennig conta a história de como ele e Nelson Piccolo aprenderam a velejar no Rio Guaíba, na década de 50. É uma história maravilhosa. Leia a seguir. __________________________________________________________________________________ Nelson Piccolo, Amigo do Popa 2011 Conheci o Nelson lá por 1953, quando minha família mudou-se para a Vila Conceição, em Porto Alegre, e ficamos vizinhos dos Piccolo´s. Não só a Vila, mas o conjunto Tristeza – Vila Assunção, Vila Conceição e Pedra Redonda faziam uma comunidade afastada da “cidade” e assim com vida própria. Garotos, usávamos o então Rio Guaíba para lazer. Nadávamos muito, a partir da Praia da Vila Conceição, juntos com nossos cachorros. O meu atendia por Black, o do Nelson não lembro. Liberdade absoluta, segurança também. Numa dessas achamos (ou será que foi um presente?) um rema-rema, madeira, doble proa e bem podre. De imediato, projeto, o barquinho vai navegar novamente. Lembro que iniciamos cortando direto 1/3 do costado, já que a parte mais podre era o fundo. Fundo novo, certamente pregado e lá fomos nós a navegar, remando. Nossas incursões no Guaíba ganharam novo alcance. Em vez de nadar, navegávamos remando, bem legal. Eis que aparecem uns caras velejando aparentando pouco esforço comparado com o nosso remar. E ainda por cima deram em fazer piada dos remadores. Novo projeto. Vamos velejar com o nosso barquinho. Cabos de vassoura, arame e lençol transformaram nosso rema-rema em veleiro. Ou assim pensamos. O treco não funcionava, andava de lado, tínhamos esquecido a bolina! Mais um compensado e arame de fixação e o projeto melhorou 100%. Agora podíamos ir para qualquer lugar, ou quase, dadas as freqüentes quebras do nosso “veleiro”. E pior, os mesmas caras que velejavam passavam por nós em alta velocidade e se puseram a fazer piada – novamente – do nosso veleiro. De qualquer maneira, este foi o nosso começo, Nelson e eu, na vela. Rudimentar, mas aprendemos os “truques” básicos de velejar. Não demorou muito e fomos convidados para conhecer um clube de vela, donde saíam os tais caras velejadores. Era o Clube dos Jangadeiros, que dispunha da categoria “filhotes”, por inspiração de Leopoldo Geyer. Não só a categoria como barcos da classe Jangadeiros, verdadeiros iates para a gurizada de então. Nossa velejada agora era mais profi e tínhamos um grupo maravilhoso de companheiros velejadores, muitos ainda atuantes na vela. Claro que não demorou e começamos com pegas e daí regatas, tudo acompanhado por longos passeios pelo Guaíba. Assistimos a transição de algodão para dacron, a entrada da classe Snipe e Sharpie. De todas, o Snipe foi a de maior sucesso, atraindo os melhores velejadores da época. Nelson inicia como proeiro de Gabriel Gonzalez e esta dupla fez história na vela, trazendo inúmeros campeonatos para o nosso clube. Porém o mais importante, no caso do Nelson, foi que ele não “gostava” da buja que usavam e ganhavam campeonatos. Acho que era uma ELVSTRON, mas Nelson não gostava. Daí novo projeto, fazer uma buja de Snipe melhor. Partipei. Começamos por esvaziar a sala de estar do Sr Piccolo e lá construímos, em madeira um modelo 3D em escala 1:1 de uma buja de Snipe. Esquecemos de patentear e hoje a NORTH SAILS ganha uma grana com esse método. Ajusta para cá e para lá, tudo comandado pelo olho clínico do Nelson e finalmente a nova buja é costurada na máquina de costura da mamãe Piccolo. Não lembro se foi na primeira vela, mas não demorou a ser um sucesso. Impossível correr e ganhar sem uma buja do Piccolo. E assim nasce a velaria Piccolo. Quem a conhece hoje pode imaginar a dedicação e trabalho do Nelson e, mais tarde da parceira Em paralelo, muitos campeonatos vencidos, primeiro com o Bubi Gonzalez e depois em solo, incluindo Hobie Cat´s, onde e de certa maneira fomos os pioneiros aqui no nosso Guaíba. Não lembro o ano, mas logo no início dos Hobies fomos a um mundial de HC14 em Honolulu, Havaí. Fenômeno. Nada sabíamos das manhas do barco – alguns insistem em chamar de helicóptero - e assim, nos dois dias de treino, seguíamos os hawaianos e gringos para ver como se velejava. Acho que aprendemos algo, Nelson foi 7º e eu la por 20º. Competiam uns 50 barcos, nada mau. O mais importante não foram as regatas, mas o contato direto com Hobie Alter, o inventor e na época dono dos Hobies. Papo vai, papo vem, sai o Nelson autorizado como fabricante de velas para a classe. Claro que não demorou e as velas do Nelson, tal qual a buja de Snipe, eram de uso obrigatório para quem quisesse competir. Não sei quantas velas Nelson fez, mas houve época que todos os barcos as usavam, tal o “shape” perfeito e a qualidade do acabamento. Muitos barcos teve o Nelson, seu ultimo SIMBAD XX, um catamaran de cruzeiro. Ótimo barco, muito bem acabado, com a tradicional assinatura do Nelson. Qualidade. Acima de tudo, Nelson um grande companheiro. |
Nelson Piccolo em sua famosa veleria na Vila Conceição, Porto Alegre
Fotos: Daniela Piccolo
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Amigos do Popa
2006 - Geraldo Knippling
2007 - Hugo Sander
2008 - Emilio Oppitz
2009 - Guto Vieira da Fonseca
2010 - Christina Silveiro