Intimidação a velejadores na Lagoa do Casamento RS
A lei de preservação natural não vale para todos
Dione Noni Poisl
09 Fev 2013 Nosso Lady Blue, de 29 pés, que meu marido vem sempre melhorando ao longo de 8 anos, tem bolina retrátil o que nos permite chegar bem pertinho das margens. Kurylenko já andava por aquelas águas há décadas. Eu, com ele, iniciei como marinheira há 20 anos e juntos vamos descobrindo um lugarzinho mais abrigado que o outro, ora na Lagoa dos Patos, ora na lagoa do Casamento. O abrigo dos ventos que sempre rondam na nossa lagoa foi uma das primeiras lições que tive. Costumávamos pescar nossos peixes para o almoço que foram escasseando muito nos últimos anos. Já foi comum acompanhar com o barco um cardume de tainhas que saltavam da água refletindo seu dorso prateado. Hoje, ao avistar alguma, gritamos de alegria pueril, porque é raridade. Por isso, talvez, causou-nos surpresa a abordagem da Policia Ambiental, um “braço” da nossa Brigada, que chegou com 5 ocupantes em duas embarcações motorizadas, naqueles confins da Ilha Grande. Eu estava sozinha no barco enquanto meu marido fazia uma caminhada pela mata da ilha, tirando fotos. Fico procurando palavras adequadas para dar o tom da conversa. Mas me soava muito arrogante. Encostados ao lado do nosso veleiro, segurando o seu barco no guarda-mancebo do nosso, perguntaram quantas pessoas havia no barco enquanto um deles fazia menção de subir a bordo. Quando avistou meu marido o policial recuou. Kurylenko veio efusivamente cumprimentando os policiais e parabenizando-os por estarem, finalmente, fazendo uma vistoria pela Lagoa. Mas eles, num tom de “poucos amigos”, sem disposição para muita conversa, disseram que viram o nosso mastro de longe e, como são os veleiros os que mais caçam e pescam... Veleiros? disse eu surpresa, pescando e caçando? Uma interrogação pairou no ar, e incrédula os fitei dizendo que éramos de um clube náutico, de Porto Alegre, Veleiros do Sul, e que não era esse o objetivo dos velejadores do clube. Aha, respondeu aquele que recuou de subir no nosso barco “caçam capivaras”. Perguntei de onde tinham vindo, se de Porto Alegre, Palmares. Como se fosse uma pergunta proibida, fizeram-se de surdos. Insisti, e um deles me disse, num resmungo, num sussurro, que tinham vindo de Tramandaí. Que pertenciam ao destacamento de Osório. Um deles, com um rádio na mão, deu tipo uma ordem “é só um casal, podemos abortar a inspeção”. Antes de partirem, meu marido perguntou sobre um assentamento indígena que instalaram na Ilha, já que tínhamos encontrado um índio um dia antes ali naquele lugar. Responderam que os índios TUDO podiam: caçar, pescar, derrubar árvores. Pergunto cá comigo: e se derrubam as centenárias figueiras? E podem caçar mesmo animais protegidos e em extinção? E pescar na piracema? Como lendo meus pensamentos o policial disse: Tudo podem, porque eles agora tem a proteção ambiental já que foram um dia expulsos de suas terras pelo branco que aqui chegou. E tão rápido como chegaram, partiram. Antes de regressar, velejando pela lagoa avistamos 3 barcos pescando, uma rede enorme na água... |
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