“Um Brasileiro Velejando as Antilhas”
Resenha do livro de Geraldo Tollens Linck
Cmte Waldir da Silva Filho

20 Nov 2016
Um Brasileiro Velejando as Antilhas, obra do velejador Geraldo Tollens Linck, merece ser lida por vários públicos, pois seu conteúdo, vasto e detalhado, é bastante preciso e abundante em vários aspectos, fato que mantém o leitor preso ao texto.

O autor, gaúcho de renome, agraciado postumamente com a Medalha Negrinho do Pastoreio pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul, transportou para a obra boa parte de sua personalidade. Aos que não o conheceram, fica, depois da leitura do livro, aquela imensa frustração de não ter podido perguntar um pouco mais de suas histórias.

O livro, prosseguimento da obra anterior do autor (Velejando o Brasil – de Porto Alegre ao Oiapoque) relata detalhadamente o percurso do veleiro Plâncton (um Swan 40 pés construindo na Finlândia) após sair de águas brasileiras no Oiapoque, passando pelas inúmeras ilhas que limitam o mar do Caribe até a chegada em Porto Rico.

Além dos velejadores de cruzeiro, e amantes de aventuras marítimas, o livro interessará aos aficionados por Botânica, Geografia, Sociologia, Antropologia, Zoologia e, principalmente, os admiradores de História. Em complemento aos assuntos abordados na obra anterior, o relato do cruzeiro faz uma combinação, com base nas ciências citadas, de cada porto ou cada ponto deixado pelo través ao longo do percurso. Tem especial destaque a preocupação ambiental do autor, revelada na constatação feita, à época do cruzeiro, que a fauna, a flora e o meio ambiente do litoral das Antilhas estava ameaçado ou já sofrera alterações durante a exploração de ingleses, franceses, holandeses.

Os relatos foram enriquecidos por comentários sobre diversos tripulantes do veleiro, bem como sobre homens e mulheres do mar com os quais o autor conviveu ao longo de sua aventura.

Em termos técnicos, a obra tem grande valor, servindo como “portulano” da rota percorrida, útil até os dias atuais. Como outros trabalhos do mesmo tipo, as experiências do autor ainda servem de modelo para quem se aventurar nesse tipo de viagem. O modelo de narrativa usado, explorando em bloco as experiências vividas em cada arquipélago visitado, é outro ponto positivo do livro, atendendo quem por acaso visite somente uma ou duas das ilhas percorridas.

A cultura náutica do autor, outro ponto forte revelado pela obra, serve ao público leitor, pois os famosos veleiros citados, bem como os velejadores e personagens alvo de comentários no texto, fizeram ou ainda fazem parte da história da vela e das navegações.

Por fim, vale registrar como fecho desta resenha, as palavras iniciais dirigidas pelo autor a sua esposa, Rose Marie Linck, expondo a maneira esperançosa de pensar de muitos velejadores experientes em sua eterna aventura ao longo da vida:
“Naveguemos, Rose, com a brisa da tarde, ainda tem sol, podemos alcançar aquela ilha lá no horizonte.”