Pedras do Guaíba
Danilo Chagas Ribeiro

A busca das coordenadas precisas da Pedra da Piava e das Netinhas no Rio Guaíba tem sido alvo de muitas mensagens no grupo popacombr. Sempre havia um empecilho ou outro que adiaram as providências, mas em 15/12/04 conseguimos realizar o feito graças, principalmente, à iniciativa e persistência do Capitão Am. Eduardo Hofmeister, o Ferrugem, que há 15 dias vinha tentando viabilizar a empreitada. Às 8h da manhã já estávamos no Veleiros do Sul abastecendo o inflável da Bourscheid, a empresa que patrocinou a operação.

A Bourscheid Engenharia e Meio Ambiente atua em todo o Brasil em operações de engenharia hidroviária e meio ambiente. É capitaneada pelos Comandantes Aristóteles BourscheidTanicts/CDJ, e Cylon Rosa Neto Raio de Luar/VDS. Através do Cmte Cylon obtivemos a aprovação para a missão. A empresa gentilmente cedeu pessoal, barco e equipamentos de elevado valor para o levantamento.

O Engº Alexandre Hagemann fez a sondagem da Pedra da Piava e das Netinhas. Navegando em um inflável, Alexandre levou a bordo um ecobatímetro de alta precisão, um DGPS (GPS diferencial, com precisão submétrica) e um Notebook. Uma antena especial para GPS vai instalada sobre o sensor do eco. Essa parafernália rodava sob a supervisão de um software de US$11.000, sob o comando do engenheiro especialista em levantamentos batimétricos.

Pedra da Piava
A primeira tarefa era levantar a Pedra da Piava, em que várias quilhas já bateram, para se obter desenho tridimensional. A rocha está normalmente submersa. Supõe-se que seja uma laje, e não apenas uma pedra. Está ao largo da Ponta do Dionísio, a uns 100m ao sul do farolete da Piava.

O levantamento é feito em baixa velocidade através de uma navegação em "vai-e-vem" sobre a área a sondar. O equipamento registra dados a 5Hz (5 coordenadas/segundo) para posterior processamento.
Quando o engº Hagemann começou o trabalho, o Capitão Am Eduardo Hofmeister e eu aguardávamos no Igaraçu, à deriva, nas proximidades. A corrente e o vento eram mínimos naquele início de manhã. Lá pelas tantas sentimos que a bolina (recolhida) do Igaraçu bateu em alguma coisa (calado 1,10m). Era a Pedra da Piava. Uns 10seg após, marquei o ponto no GPS. A precisão do sistema era de 20pés (WGS-84):

PEDRA DA PIAVA
S30º06,0606'
W051º16,2576'


Para localização visual, pode-se dizer que o ponto lido situa-se a uns 100m ao Sul do cruzamento de uma reta que contém o farolete da Piava e seu par, e outra contida no plano da parede sul da sede do Sava.

Dali fomos em seguida às Netinhas, enquanto o engenheiro continuou com o levantamento na Pedra da Piava. O objetivo é obter-se um desenho em 3D da pedra, o que deverá estar pronto em breve. Assim se visualizará a extensão da pedra (laje?).

Nas proximidades do farolete havia um banco formado pela areia dragada do canal. Em uma regata logo após a dragagem, o já falecido velejador Gastão Altmayer encalhou o Rajá V neste banco, que passou a ser chamado de Banco do Gastão. Alguns velejadores chamam a Pedra da Piava de Pedra do Gastão, confundindo os obstáculos.

Pedra da Piava x Farolete da Piava
O Comandante Manotaço, velejador e pesquisador da história da navegação no RGS, obteve informação de 1.912, do "Roteiro Lacustre e Fluvial do Estado do Rio Grande do Sul", criado pelo Capitão de Corveta Mário de Oliveira Sampaio. O documento foi alterado e ampliado em 1.927 por Luiz Lacé Brandão, também Capitão de Corveta, e diz que:
"....Contornando-se este pharolete, muda-se o rumo para ENE; e, com este rumo, atravessa-se o canal até montar o pharolete construído sobre um bloco de cimento marcando a perigosa pedra da Piava.".
O farolete da Piava foi construído sobre pedras depositadas sobre uma das "Pedras da Piava". Observa-se que as faces daquelas pedras são planas, típicas de corte em pedreira.

No detalhe da carta náutica de 1.882 mais aí acima, duas pedras parecem estar representadas no local. Uma maior, mais ao sul, que seria a laje em questão, e outra menor, que teria sido encimada pelo pharolete. A designação "Piavas", no plural, também indica a existência de mais de uma pedra.

Netinhas
A existência das Netinhas vinha sendo contestada. Neste final de ano a lancha Chamonix abalroou pedras submersas a poucos metros a Oeste das Pedras da Vovó.
Ao aproximarmo-nos da Chico já se avistava ondas quebrando ao lado da Vovó. Eram as Netinhas. Permanecemos no Igaraçu, ao largo, à espera do engº Hagemann, que também é velejador.

Fui fotografar as Netinhas no inflável enquanto foi feita sondagem com croque. Existem muitas pedras por ali, além das que se podia ver, o que impossibilitou a navegação segura do inflável. A julgar pela quantidade de Netinhas croquiadas em volta das que afloravam, é provável que existam mais nas proximidades. É aconselhável manter-se a uns 200m a Oeste da Vovó (a pedra sinalizada há anos com uma haste metálica).

As coordenadas das Netinhas que encontramos mais distantes da Vovó, são:

Neta 4: S30º 16,192' W51º 10,043'
Neta 3: S30º 16,204' W51º 09,976'
Pedra da Vovó: S30º 16,140' W51º 10,011'
(DGPS WGS84)
A distância entre a Vovó e a Netinha 4 é de 111metros.

Seguem fotos das Netinhas. Em 15/12/04, data em que estivemos por lá, o nível do Guaíba era de 0,29m às 7:30h, cfe a SPH.

Aí vai também um videozinho sobre as pedras (6MB). Observem pedras "novas" nas Baleias também.
http://www.popa.com.br/video/default/pedras_do_guaiba.zip

Hardware e software caríssimos, e mão de obra especializada a serviço do meio náutico:
Presente de Natal da Bourscheid Engenharia e Meio Ambiente aos Navegadores do Guaíba

 

 

A Ilha Francisco Manoel à esquerda, com a Ponta das Canoas ao fundo
A foto foi tomada aproximadamente de NW para SE

 

 

O Comandante Ferrugem, que conseguiu reunir todo mundo para realizar a missão

 

Netinhas vistas da Vovó, no rumo 200º

 

Quando o Guaíba voltar a subir pretendemos obter um levantamento das Netinhas como este aí abaixo,
do canal de acesso à Chico Manoel. A cor verde indica maior profundidade.

 

Veja as Baleias da Ponta Grossa excepcionalmente fora d'água

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