Cruzeiro na Ilha Grande 20 Ago 2007 A empresa aérea, a Webjet, de acordo com o padrão atual brasileiro, perdeu a bagagem do Carlos. Aí foi aquele sufoco, indaga aqui, liga para acolá e nada. O jeito foi seguir o roteiro e esperar notícias, enquanto isso emprestamos para ele algumas peças de roupas e outras ele comprou mais tarde em Parati. Locamos um carro no aeroporto tocamos para Bracuhy, o nosso primeiro destino. Foi um feito de engenharia, digno de ser relatado à GM! Bom, como eu ia no banco traseiro do carro, com duas sacolas, foles, remos e o dito bote, já que o porta-malas estava repleto, praticamente naveguei dentro dele... Chegamos à noite em Parati e seguimos para a Marina Porto Parati, ao lado da Marina do Amyr. Claro que o barco não estava no trapiche sim apoitado. Conseguimos dois marinheiros de plantão que nos levaram até à poita e assim o trouxemos ao trapiche. Finalmente instalados, fomos dormir. No dia seguinte, fomos ao supermercado fazer o rancho para a viagem. Pega a tralha toda, carrega por um trapiche interminável até o barco. Distribuímos tudo pelos paióis e toca a navegar. Saímos costeando, em direção ao Saco do Mamanguá, um local belíssimo. No caminho, fomos conhecendo várias ilhas e enseadas, cada uma mais bonita que a outra, com destaque para a do Amyr, que é a mais acolhedora.
Examina aqui, ali, filtros ok, hum... nenhuma conclusão. O mecânico que atende a marina estava em São Paulo. Era sábado, depois domingo, mecânicos nem pensar... Nesta região, o vento é normalmente fraco ou inexistente nesta época o que, combinando com a existência de correntes marítimas e inúmeros rochedos, torna o uso do motor imprescindível.
Nova proeza e, com o carro ainda mais carregado que na vinda, seguimos para o Bracuhy. Descarrega o carro, carrega o barco, já estava ficando uma rotina...! O Condomínio e Marina do Bracuhy é uma idéia muito interessante, com um setor de casas com fundos para o canal, possuindo rampas e cais particulares. Tem outro setor com apartamentos e um hotel, que utilizam a marina geral. Junto a esta, existem algumas lojinhas de apoio, bar e pizzaria. Um paraíso, desde que tu convenças a tua mulher a morar num local que só tem barcos e o supermercado está a 5 km de distância. Shopping, então, nem pensar, só em Angra, a 50 km ...! Dormimos no barco, um veterano Brasília 32´, nos fundos da casa do proprietário e zarpamos na manhã seguinte. Nosso rumo: Ilha Grande.
Da Marina do Bracuhy até à Ilha Grande é uma navegada de 3 horas, aproximadamente, cruzando por uma dezena de ilhas. Navegação toda visual. Com a carta na mão, fomos reconhecendo os diversos pontos geográficos do roteiro, sem problemas. Depois de passarmos a Ilha da Gipóia, atravessamos o canal de navegação que a separa da Ilha Grande. Neste momento, um bando de uns quatro ou cinco golfinhos passou a nos acompanhar.
Na Ilha Grande, que faz jus ao nome, começamos bordejando a Enseada de Araçatiba e seguimos para o norte, passando pela Lagoa Verde (que não é lagoa) e entramos na Enseada de Sítio Forte, um local imperdível. Esta enseada, de águas transparentes, onde se podem observar os peixes e tartarugas.
Comemoramos o nosso primeiro aporte à Ilha com uma fritada de sardinhas e algumas Itaipavas geladas. Nos acompanhavam, no local, um grupo de argentinos em outro veleiro alugado, um flamante Bramador 34´.
No dia seguinte saímos em direção à Lagoa Azul. Na verdade não se trata de uma lagoa e sim de uma grande laje que une duas ilhas e aí podem ser apreciados cardumes de peixes devido ao fundo claro. Inúmeros barcos param junto ao local para apreciar o espetáculo. Desembarcamos na praia próxima com água límpida, onde podíamos ver a âncora presa ao fundo de 4m. Dali seguimos à pé por uma trilha dentro do mato até à Freguesia de Santana, primeiro povoamento da Ilha Grande. No local existe uma igreja encantadora, bem conservada, datada de 1830.
Nesta noite entrou um ventão, adivinhem de qual quadrante? Isso aí, o barco jogou muito e com suspeita de que a âncora houvesse garrado, foi aquela correria de madrugada, porque as margens ao redor eram constituídas só de rochas. Aliás, a geografia de toda a região é parecida com a nossa de Itapuã (mata atlântica e rochas enormes), só que ao invés de colinas, são montanhas e a água, bom ... No dia seguinte navegamos até o Saco do Céu, um belíssimo local, bem abrigado, cercado de residências luxuosas e pousadas. Urinar na borda do barco, nem pensar! Jantar na pousada ficou fora das cogitações devido aos preços muito caros. Ficamos também sem banho, adiado para o dia seguinte na Vila do Abraão. Nota: Apesar de estarmos no Rio de Janeiro, etc. e tal, a água do mar nesta época está extremamente fria, talvez mais do que do nosso litoral, tornando o banho de mar impraticável.
Conseguimos ancorar bem no início da enseada, numa curva bem protegida de ventos e oscilações, garantindo um bom sono para aquela noite porque na anterior tinha havido aquele sufoco. Como havia uma pousada bem defronte, conseguimos banho quente e transporte por lancha até o centro da vila (por preço razoável). O que poderíamos querer mais?
Na manhã seguinte fomos até a enseada das Palmas, onde ancoramos e cruzamos o morro para alcançar a Praia Lopes Mendes. Esta praia, localizada no lado de mar aberto da Ilha Grande, é um espetáculo imperdível. É considerada uma das dez mais lindas do mundo. Faz perfeitamente jus ao título e eu sem bateria na máquina! Voltamos ao barco e retornamos à Vila do Abraão para o derradeiro pernoite. Lá, repetimos o mesmo roteiro da noite anterior e até a mesma pizza (não quis arriscar comer peixe num lugar sem eletricidade...). No nosso último dia de navegação, deixamos a Ilha Grande para trás e tocamos para o lado ocidental da Ilha Gipóia, onde conhecemos uma linda enseadinha, a da Fazenda. Um belo local. Lanchamos e seguimos até o continente, junto a Cunhambebe, onde está localizada a sub-sede do Iate Clube de Santos. Barcos magníficos, como soe acontecer no ICS, a grande maioria lanchas e trawlers cujas dimensões lembram mais cruzadores do que barcos de recreio...!
Dormimos no barco em seu cais de origem e na manhã seguinte tocamos para o Aeroporto tom Jobim. Ali, finalmente, após sete dias de telefonemas, o Carlos conseguiu a sua bagagem de volta. |