Périplo do Bries
De Buenos Aires a Rio Grande
Rogerio Bassani
Aí vai o périplo do veleiro Bries, um Van der Stadt 27'. Sem piloto automático ou leme de vento. Saímos do San Fernando Yacht Club numa sexta-feira ao meio dia com ventos leves do quadrante SSW e com previsão da meteorologia de continuar assim. Tres horas depois foi expedido boletim com aviso de tormenta e imediatamente nos pegou um Pampeiro de 40 nós pela alheta de BE. Foi dureza enfrentar o tamanho das ondas e o frio intenso. Só com a grande no segundo rizo. Queria ir pro primeiro, mas estava muito cansado prá esta faina e não quiz arriscar pedir pro Gustavo fazer devido à sua falta de experiência. O Bries fazendo jus à sua fama de barco duro e valente. O Gustavo compensando sua falta de experiência com todas as outras qualidades que se espera de um bom marinheiro. Entramos no porto de Montevidéo as 11 horas do sábado levando esporro das otoridades portuárias por não se tratar de um porto recreativo e não dispor de facilidades para embarcações de esporte e recreio. Conseguí (com a ajuda fantástica da capitania dos portos-prefectura naval) abrigo no costado de um camaroeiro coreano preso lá por pesca ilegal em águas uruguaias (foto ao lado). Aí passamos a noite de sábado e o domingo seguinte quando fomos avaliar os estragos. Vela grande rasgada no ilhós do segundo rizo e a retranca rachada bem junto ao garlindéu. Consertamos a vela com silver tape e serramos a extremidade rachada da retranca (coisa de 10 cm). Partimos as 11 horas da segunda -feira com a intenção de fazer escala em La Paloma e novamente o frio de matar nos fez decidir por entrar em Punta del Este onde chegamos as 03 horas da matina de terça-feira. Em janeiro 2006 retornamos, eu e Gustavo, a Punta del Este e recomeçamos a navegada com destino a Rio Grande, desta vez na companhia do Hugo. E o Hugo mareado. O vento de superfície parou total. Resolví botar o vento de porão a funcionar e o velho Albin de 8 hp começou a empurrar o Bries. Tive que dar uma forçadinha no velhinho e depois de 7 horas ele cansou e parou total. E a corrente começou a nos empurrar de volta. Voltamos umas 4 milhas até que entrou uma brisinha e conseguimos entrar em La Paloma as 13 horas do dia 24. Primeiro recorde do Bries: 52 milhas em 25 horas. Chamamos mecanico e sacamos o Albin fora que depois de aberto mostrou uma rachadura vertical no pistão (foto ao lado). Resultado: só mandando prá Montevidéo e fabricar um pistão novo (15 dias prá fazer a coisa), o que foi feito. Gustavo e Hugo voltaram prá casa e eu fiquei em La Paloma aproveitando o tempo prá fazer umas melhorazinhas no Bries. Na faina de saca motor, leva prá Montevidéo, volta de lá, se perdeu o platinado do magneto. Aí começou uma busca desgraçada por uma coisa que não é fabricada há uns 35 anos. A Bosch brasileira e uruguaya não tinham como saber que raio de platinado cabia neste raio de magneto. Encontrei um velho eletricista que tinha a solução. Elimina o magneto e nele se adapta uma chaveta e bota uma bobina que vai(costumavam fazer isso nos motores das velhas tosquiadeiras de ovelhas). E foi. Funcionou. Preparei o Bries, chequei a meteorologia e chamei o Gustavo. Mas aí já se tinham ido 50 dias em La Paloma..... Entramos na barra de Rio Grande as 21 horas do sábado 18/03 a vela pois não havia energia nas baterias prá botar o velho ventinho de porão em funcionamento. Aí, prá fechar com chave de ouro, perdemos o canal e encalhamos....O Gilson do pesqueiro Nadir nos tirou da encrenca e nos rebocou até o cais do Museu Oceonográfico da UFRG, dirigido pelo fantástico Lauro Barcellos, onde está o Bries neste momento nos esperando prá mais uma perna, que vai acontecer logo após o feriado de Páscoa. Quer se juntar a nós nesta aventura? Até a próxima |
O Bries em La Paloma
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