Entre Pólos: velejando mundo afora 13 Out 2007 O Entre Pólos ficou em Fortaleza. O meu retorno ao Ceará está previsto para 2 de dezembro, para outra etapa, rumo ao Caribe. Salvador a Recife À noite fomos jantar no Restaurante Amado para comemorar as 800 milhas do Rio 02/09 - O Rui aproveitou o domingo para visitar uns amigos da Bahia. Passei o dia conversando com outros navegadores, alguns igualmente com o destino da Refeno. Estavam ali, também, vários estrangeiros; alguns de passagem, outros de chegada a Salvador. Com eles sempre se consegue boas informações. 03/09 - Acordei cedo. Fui procurar uma ferragem para comprar brocas, cola, mangueira e um registro para melhorar o respiro dos tanques de combustível. No retorno, troquei os parafusos do banco de popa que, quando aberto, se transforma em escada, colocando outros mais grossos. Consertei a fechadura da porta de um armário de cozinha, que havia quebrado quando caiu sobre ela uma tabua de churrasco. Fiz um desvio com mangueira e registro para um novo respiro para o abastecimento de diesel. Ficou excelente! O Rui foi para o aeroporto às 11:00. Terminei o meu trabalho aproximadamente às 16:00. Chegou a hora de me arrumar para ir buscar a Cleuza no aeroporto. A saudade era de quem estava 24 dias fora de casa. Depois da peregrinação de 1h40min de ônibus urbano, cheguei no aeroporto às 18:40, praticamente junto com o vôo da Cleuza. Estávamos juntos novamente! À noite fomos jantar, caminhamos entre as ruas do Pelourinho. Os próximos dias foram de passeios por Salvador; e de compras no supermercado, abastecendo para a próxima viagem. Aproveitamos para ir a Itaparica com a lancha de travessia. Lá descobri que aquele vento que havíamos pegado no dia 31/08, do Morro de São Paulo a Salvador, tinha destruído as pilastras do píer flutuante da Marina de Itaparica. Realmente, o vento era forte.
07/09 - À tarde levei a Cleuza ao aeroporto. Chegou o momento dela voltar para Porto Alegre. A noite chegou o Nilson e seu filho Rodrigo, do veleiro Rekantu’s, para tripular a perna Salvador a Recife.
09/09 - Saímos às 10:30 do CNAB. Quando passamos o forte São Marcelo, apareceu o primeiro Pirajá. E assim foi todo o tempo, um Pirajá atrás do outro. Quando passamos o farol da Barra, as ondas mostraram seu tamanho. O vento era forte e de SE. Vimos duas baleias saltando a uns quinhentos metros do barco. Uma hora de navegada e o barco continuava 12/09 - Após organizar o barco, desembarcamos com o bote e fomos até o clube local de Maceió. O desembarque é ruim, muito lodo na praia; com a maré baixa fica difícil. Passamos o dia pelas praias da cidade de Maceió - Pajussara, Ponta Verde, uma maravilha de praia. À noite trocamos de fundeio. Saímos da âncora e pegamos uma poita do clube. 13/09 - Saímos às 14:30 e chegamos em Recife às 9:30, do dia 14/09. Fundeamos em frente ao Pernambuco Iate Clube depois de uma bela velejada de 129 milhas. Comemoramos com um bom churrasco a bordo, esperando a maré alta para seguir até o Cabanga Iate Clube. Agora é só esperar o dia da Regata. Até este momento já passaram 2.220 milhas de água embaixo da quilha do Entre Pólos. REFENO (Regata Recife - Fernando de Noronha) 16/09 - No Cabanga teve uma feijoada de confraternização muito boa. Encontrei o velejador Paulo Mordente e passamos a tarde de papo. 17/09 - As férias do Nilson e do Rodrigo estão terminando. Desembarcaram e seguiram viagem para João Pessoa e Natal, para aproveitar os últimos dias de férias nestas duas cidades.
20/09 - À 1:30 chegou a Cleuza. Aluguei um carro no aeroporto para facilitar nosso transporte. Aproveitamos este mesmo dia e fomos a Porto de Galinhas. Passamos o dia na praia. A tarde chegou o Sílvio Almeida (Veleiro Landeco). Começou a festa para os velejadores no Cabanga. Muita comida, bebida, danças regionais na confraternização dos participantes.
22/09 - Finalmente, o dia da largada chegou. Acordamos cedo. Depois do café, ajeitamos tudo para a regata. Enchemos os tanques de água e mais oito galões de vinte litros cada a contra-bordo de BE; um total de 990 litros de água potável. A maré começou a subir. Os vizinhos de box, do catamarã Stradivarius, saíram e ficou mais liberado para a nossa manobra. Saímos do Cabanga em direção ao PIC às 12:30. Fundeamos. Fizemos pizza. Já havíamos feito sanduíches para a viagem. Comemos rapidamente, pois faltavam 20 minutos para as 14:00. Fizemos o chekin passando em frente à platéia. Muita gente para assistir a largada. Uma verdadeira festa! Barco por barco sendo anunciado no alto-falante. - Veleiro Entre Pólos, do Rio Grande do Sul, do comandante Ademir de Miranda. Dada a largada, saímos em segundo, meio barco do primeiro. Entretanto, a menos de 200 metros velejando, já ultrapassávamos o veleiro Vadio. Assumimos a frente e lideramos a regata “no geral” por duas horas e meia. Eram cinco pelotões de aproximadamente 20 barcos, que largavam a cada vinte minutos. O último grupo era formado pelos barcos mais rápidos. O catamarã Adrenalina Pura largou neste pelotão. Foi fita azul em todas as Refenos em que participou. Após duas horas e meia na ponta fomos ultrapassados justamente pelo Adrenalina Pura, que, nesta Regata, viria a bater o seu próprio record, fazendo o percurso em 14 horas. A noite chegou. O vento continuou firme de SE, com força de 18 a 25 nós. Com ele fizemos a melhor singradura da história de quatro anos e meio do Entre Pólos, hoje, com aproximadamente 15.000 milhas: 183 milhas náuticas nas primeiras 24 horas. A noite foi tranqüila. A Cleuza dormiu bem. Passamos a sanduíches e frutas. 23/09 - O vento seguiu firme. Ao meio-dia fui para a cozinha. Saiu um arroz com lingüiça. Apesar do mar mexido, não sobrou nem um grão na panela. A turma boa de garfo, e sem marear... A noite chegou. Há muito estamos sendo seguidos pelo catamarã Carimbó. Progredindo lentamente, ele conseguiu nos ultrapassar e alinhou com nossa proa. Quando o vento aumentava chegávamos na sua popa; quando diminuía, ele se afastava. Esta situação se repetiu por várias horas, tornando mais divertido o velejo. Em Noronha conversamos com o já conhecido comandante Bené do Carimbó, rindo muito da cena entre um catamarã e um veleiro de aço. 24/09 - A madrugada seguiu tranqüila, com uma tripulação experiente continuando a tomar conta da navegação durante os turnos. Ao clarear avistamos a silhueta de Fernando de Noronha. E, às 7:38, cruzamos a linha de chegada, com o tempo de percurso de 41:08:11, para 304 milhas navegadas. A média de velocidade foi 7.4 nós. Chegamos em primeiro lugar na classe Aço. Em segundo ficou o veleiro Vadio (multichaine 37), com o tempo de 44:26:02; em terceiro, o veleiro Jamaluce II (Bruce Robert 43), com o tempo de 45:26:00. Na classificação geral ficamos em 36 lugar para um total de 64 barcos que chegaram ao arquipélago; 14 desistiram por alguma avaria ou motivo de navegação. Ao cruzarmos a linha de chegada, a CR nos chamou pelo rádio: - Veleiro Entre Pólos, aqui CR. Na escuta? Câmbio. - Entre Pólos, na escuta. - Bem vindos a Fernando de Noronha. Parabéns pela Regata. Aproveite bem a estadia. Aí gaúcho, então vai ter churrasco hoje? - Com certeza, e estás convidado! - Tem prenda aí a bordo, gaúcho? - Tem a minha. A sua tem que trazer. - É isso aí, gaúcho. Câmbio.
27/09 - Noite de festa e entrega de prêmios. A turma do Rio Grande estava lá com vários barcos sendo premiados - o Entre Pólos, o Tech, o Jubarte, o Jamaluce II. Uma turma de peso vindo do Estado mais distante da regata. Foi um festão. Fomos anunciados com muita consideração pelo comodoro do Cabanga, o João Paulo (JP). Fernando de Noronha - Fortaleza Saímos rumo a Fortaleza às 17:30. Vela grande rizada, vento de ¾ SE, entre 20 a 25 nós. Toda a noite o vento se manteve o mesmo. Às 4:30 passamos a 4 milhas do Atol das Rocas. Resolvemos não parar. O mar estava muito mexido e era muito cedo para um contato via rádio. E o vento que continuava firme era uma maravilha. Parecia que o barco andava sobre trilhos. Pela manhã resolvi pescar. Menos de uma hora depois de termos lançado a linha fisgamos um atum de aproximadamente 12 kg. Tirei só o filé e, o restante, deixei para a natureza tomar conta. No meio-dia, o filé de atum foi para forno com batatas. Três glutões não conseguiram vencer o filé. Com o que sobrou o Tau fez uma massa com requeijão no outro dia. A velejada continuou maravilhosa, com vento constante. No entanto, chegou à noite e o vento apertou. O mar ficou maior, com vento de SE, entre 24 a 30 nós. Continuamos com a grande no segundo rizo. Reduzi a genoa em 25%. E continuamos voando baixo. Em todo tempo, as ondas eram de ¾ de popa, possibilitando belas surfadas.
O Marina Park, onde atracamos, é um hotel com uma pequena marina bem estruturada, com molhes, abrigada de ondas. Entretanto, entra muito vento, como não poderia ser diferente. Em Fortaleza, o vento não pára. O preço de atracagem fica em um nível aceitável, pois é bem tranqüila, tem um gerente gente fina, prestativo e muito falante. Armando é seu nome. De Fernando de Noronha a Fortaleza foram 374 milhas, em 47:30 horas, uma média de 7.9 nós de velocidade. Agradeço a todos que participaram desde Porto Alegre até Fortaleza. De Porto Alegre a Porto Belo, Daniel,(Veleiro Dom Munõs) Tau Golin, (Veleiro Caingangue) Flávio Fiala (que desembarcou em Rio Grande). De Porto Belo a Angra, João Pedro Wolf,(Veleiro Arcobaleno). De Angra ao Rio naveguei em solitário. Do Rio de Janeiro a Salvador, Silvio,(Veleiro Landeco) Marco,(Veleiro Mark Twain do Veleiros do Sul) Rui,(Veleiro Tatina). De Salvador a Recife, Nilson e o seu filho Rodrigo,(Veleiro Rekantu’s. |
De Fortaleza o Entre Pólos segue para o Caribe. Aguarde boas novidades!