Velejando 1.000 milhas sobre rodas
Aventura em carro à vela
André Issi

Parte 1: De Imbituba a Laguna

Diário escrito em Laguna
Queridos amigos acabamos de chegar em Laguna, depois de alguns dias inesquecíveis.
Tudo começou dia 14 quando fomos na casa do Nardi buscar os carrinhos.
Ele demonstrou ser uma pessoa sensacional pois nos ajudou demais arrumando os carrinhos e nos dandos dicas fundamentais para a viagem. Cada viagem traz uma nova leva de amigos entre eles o Roberto e o Mario Nardi, Bia Bolemann e o Enry. Depois de cinco horas seguimos viagem para a Guarda do Embaú com os carrinhos. Foram seis estressantes horas na Br super movimentada. Depois varamos a madrugada em companhia do Paulo e da Sandra tentando adaptar os tubos.
Não conseguimos e passamos o dia inteiro adaptando peças para colocar os bagageiros nos carrinhos.
Depressão. Extremo cansaço físico e a decisão adiar por mais um dia a partida.
Seguimos com areia mole e vento fraco de través até pararmos para a travessia de um riacho pois a maré estava alta. Como ja estivesse escuressendo paramos para acampar ao lado do riacho junto à uma cerca. Local lindíssimo e abrigado do vento, Noite muito fria mas tranquila.

16-7-07 Partimos só às 10:30h, como a ausência de vento era total, seguimos puxando os carrionhos com cabos, dureza ! Meia hora depois paramos para ver um filhote de lobo marinho, parecia um cachorrinho. Tiramos algumas fotos e paramos para almoçar a ração de guerra ( queijo, salamito e chocolate ) Luigi falou que não gostava muito de salamito mas acabou gostando.
Quase chegando em Itapiruba, vimos uma réplica de filhote de baleia franca em uma espécie de museu à beira mar onde Giséle ( sipaticíssima ) nos explicou que não poderia salvar o filhote de leão marinho. Seguimos em frente, desmontamos os mastros e as velas e seguimos puxando pelas ruas com os cabos. Depois de 400m chegamos a praia novamente montamos as velas e seguimos puxando.
Seguindo adiante encontramos um lobo marinho adulto, uma fêmea grande que ameaçava atacar quando chegávaamos perto para fotografá-la.
Por volta de 5 horas resolvemos montar acampamento entre as dunas porque estávamos muito distante de local abrigado.
Que noite horrível, pois relâmpagos anunciavam uma tempestade e o vento crescente nos obrigou a sair na noite gelada para deitar os carrinhos afim de proteger as vela e a nós dos raios.
Depois de algumas horas de chuva acordamos encharcados, pois a barraquinha não aguentou o vento sem proteção e deixou o pelotão na mão. Assim passamos a noite.

17-7-07 Acordamos sob violento vendaval e tentamos fazer a sopa, mas o meu valoroso fogareiro ( de 23 anos de aventuras ) estragou.
A nós só restou comes o kuinojo e a sopa crus mesmos. Estava horrível e o Luigi, para evitar de vomitar colocou a parte dele no meu prato sem que eu visse.
Que fazer com soldado tão valoroso ( fogareiro )? Só me restou deixá-lo cravado na duna ao abrigo do vento, pois os heróis mortos em guerra permanecem no campo de batalha. Tive que deixar meu fiel companheiro de tantas batalhas e seguir em frente, esse é o destino dos membros do pelotão farroupilha.
Partimos caminhando contra as areias que corriam como loucas pela superfície da praia, um esforço tremendo para pouquíssimo avanço. Como parou de chover resolvemos estender os sacos de dormir molhados nos mastros. Após o almoço montamos as velas e tentamos andar contra aquele fortíssimo vento, mas era impossível seguir para o sul. A favor do vento o carro parecia um F1 arrancando, pena que era para o lado contrário. Só nos restou desmontar as velas e seguir puxando contra o vento e a areia mole, pois a maré estava alta, quase chegando nas dunas. Um pouco adiante encontramos o esqueleto de um filhote de golfinho.
Caminhando, caminhando, caminhando...
Cerca de 400m antes de chegar a ponta do Gy, após avistarmos a pedra do Frade, resolvemos acampar em um mato de pinus. Para chegar até ele, tivemos que puxar, em dupla , cada carrinho atravessando as dunas. O esforço valeu a pena, pois era abrigadíssimo do vento o chão era forrado de folhas de pinus e alí, certamente passaríamos uma exelente noite, para esquecer a noite anterior. Comemos a nossa ambicionada granola e fomos durmir.

19-7-07 Quinta feira
Dormimos muito bem, mas como estamos sem fogareiro agora, o kinojo teve que ser comido cru com água, pois não há remédio para isso e o pelotão nãoa pergunta, combate!
Partimos às dez horas rumo ao povoado do Gy onde constatamos que o pneu dianteiro do carrinho do Luigi estava furado após alguns percalços conseguimos trocar a câmara e seguir por uma estradinha até cruzar a ponta e chegar a praia novamente. Seguimos caminhando até o almoço para comer o ja sonhado salamito. O almoço que parecia ruim no primeiro dia, virou o praro preferido do Luigi o mais novo combatente do pelotão farroupilha. Levantou um fraco vento de través e, ALELUIA, voltamos a velejar.
Sensação indescritível, de estarmos alí, deslizando pela praia vendo as gaivotas, os talhamares e as ondas nos acompanhando na jornada. Estamos super felizes e conscientes do momento ultra especial que representa o fato de que com apenas uma aula estamos diante de uma vigem que não deixa de ser um momento inesquecível de nossas vidas.
Seguimos em frente até umas rochas que avançavam pelo mar só nos restou desmontar as velas e passar os carrinhos por uma estrada paralela. Muitos sustos depois ( os carros passavam muito rente pois era muito estreito ) achamos uma brecha entre as dunas para voltar a praia.
Amigos, que dureza! As areias estavam infestadas de amorosos ( espinhos ) que nos machucaram bastande se grudavam nos pneus às centenas. Jogo muito duro brody!
Chegando a praia montamos novamente as velas e seguimos à pano até a barra de Laguna, local histórico onde Garibaldi e os Farrapos tomaram a cidade e fundaram a República Juliana.
Desmontamos mastro e velas ( para circular nas ruas repletas de fios de luz até um camping. Ali deixamos os carrinhos e viemos até uma lan house mandar notícias e fotos.
Esperamos que estejam gostando, pois amanhã seguiremos puxando pela estrada após a balsa até a praia de Morro dos Conventos. Serão cerca de 20 km, mas o nosso ânimo está bom.
Agora são 20:30h, depois desta pausa o pelotão se prepara para a peleia que terá pela frente.
Um grande abraço a todos.
André e Luigi


 


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