Velejada em águas pernambucanas
José Rocha Neto
No sábado, dia 26/11/2005, como meu vôo era no domingo, aceitei o convite do Comandante João Jungmann (Microtonner19 NANINHA) e fomos velejar. As 9 da matina já estávamos no Cabanga Iate Clube (Sede Maria Farinha), Recife, e por volta de 10 da manhã a todo pano saímos do Clube, que fica dentro do Rio Timbó. Seguimos em direção à barra e a vencemos com muita concentração e cuidado, visto a grande quantidade de baixios em contra-vento absoluto. Após vencermos a barra, tivemos que nos afastar algumas milhas da costa para vencermos os inúmeros baixios e bancos de areia da região e seguirmos para nosso destino, que era o de entrar mais ao norte em um belíssimo braço de mar, entre o continente e a ilha de Itamaracá, chamado Canal de Santa Cruz, ladeados por mangues equatoriais muito bem preservados. Neste novo rumo subimos o Genaker, estávamos em través arribado e foi um show de velejada. O bichinho surfava a 7 ou 8 nós mole, mole ! :) Passamos pela coroa do avião, uma linda ilha e seguimos para Itapissuma, onde entramos em asa de pombo até a areia da praia (foi assim nossa atracação). :) :) Almoçamos caldeirada, fritada de aratú, peixada, enfim, comemos como reis. Fizemos o trajeto de retorno e atracamos no Clube já de noite, acho que umas 7 e meia ou 8 da noite. Espetacular. Sensacional. Inesquecível esta vejejada. Pela quantidade de baixios e bancos de areia, aliado a ótimos ventos E/NE com cerca de 15 nós, foi uma velejada extremamente esportiva, emocionante e cheia de adrenalina. Pelas características locais do fundo do mar, a ondulação era constante e algumas até um pouco intimidadoras para este humilde velejador lacustre. As ondas cresciam em certos lugares de uma forma que eu, no timão, tinha a mesma sensação quando estamos pegando jacaré em mar com ondas grandes e depois de pegar uma onda, para voltar ao local de espera de outra onda, temos que nadar o mais rápido possível para furar uma onda que está vindo antes dela arrebentar... Sabem como é? Quando a gente nada rápido e sob tensão pra furar uma onda grande? Pois é... me senti assim algumas vezes orçando na subida da onda e arribando na descida. Sensação ímpar, realmente deliciosa. Algumas chegavam a quebrar na crista e varriam o convés... :) Pra vocês terem uma idéia, em toda a velejada, mesmo a algumas milhas de distância da costa, o ECO não passou de 20 pés (pés, não metros). O normal era 6 pés... Impressionante. O aviso de cambar para se manter no canal era quando o ECO acusava 4 ou 3 pés !!!! O Jungmann é um velejador talentoso e conhece tudo por lá. Quem não conhece a região não sai do lugar, vai encalhar mesmo. As marcações são amadoras, feitas por pescadores e pelas marinas, mas feitas com cuidado e nos auxiliam demais. Sem elas seria quase impossível... Toda a região é paradisíaca. O Microtonner19 realmente é um barquinho sensacional, ágil e marinheiro. O João é Engenheiro Químico e reformou o barco todo. O NANINHA realmente não afunda. Tem 1.100 litros de flutuabilidade, graças aos materiais estanques e a manha de preparar garrafas PET vazias no freezer, seguindo dica do próprio Nestor Volker. O interessante é que ele pintou todo o interior com Poliuretano Expandido, isolante térmico, com características superiores ao isopor e realmente funciona muito bem. A cabine do barco é bastante confortável, inclusive com a gaiúta de proa fechada. Bons Ventos, |
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29 Mai 2006 Átila Böhm - Salvador, BH Bons Ventos Átila |