Pontal
dos Abreus
Lagoa do Casamento
Uma alternativa de navegação
para baixos calados
Cmte
Carlos Altmayer Gonçalves Manotaço
Aproveitando
o feriadão de Corpus Christi, 26 a 29 de maio de 2.005, decidimos
explorar o referido pontal.
Apesar de irmos regularmente a Lagoa do Casamento há 22 anos,
só tinhamos estado ali por três ocasiões, e de passagem.
Havia algo que nos atraía, em especial. Na segunda vez que ali
estivéramos, vimos um marco geodésico semelhante ao que
existe no Pontal do Anastácio. Este está assinalado nas
cartas da marinha e do exército, já aquele dos Abreus,
não.
Cruzamos
sobre o banco das Desertas, com 1,5 m na posição próxima
à marca "estaca", seguindo então direto para
o pontal, posição "Abreu". Neste trajeto a profundidade,
após livrarmos a zona do banco é de 6 metros, até
cerca de 1,2 milhas da posição "Abreu". Daí
em diante ela diminui para 2 metros. O nível do Guaíba
estava cerca de 50 cm abaixo do trapiche do VDS. Chegando ao ponto "Abreu",
ela começa a aumentar novamente, obedecendo as marcações
do esquema anexo. O interessante é que nunca tivemos menos de
2 metros, mesmo depois de contornar a ponta e irmos margeando as malhas
de junco e palha (espadana ou tiririca). Seguindo o trajeto assinalado,
entra-se na Lagoa do Casamento com muita facilidade e com mais calado
do que pelo "Furado do Anastácio", onde normalmente
tem no lado W, a mesma água que sobre o banco das Desertas, e
no lado E, cerca de 30 cm menos. Por estas referências, temos
perto de 50 cm de água a mais nos "Abreus" do que no
"Anastácio".
Como
a ponta é rodeada por 4 ilhotas, o local oferece abrigo de todos
os ventos. Não fosse isso suficiente, a ponta é uma ilha,
separada do pontal por uma sanga, que é um verdadeiro "hurricane
hole", ao melhor estilo caribenho. O acesso pelo lado N tem calado
de 2 m, que se mantém até o meio da sanga. Daí
em diante diminui para 1,5 m e na extremidade junto a Lagoa dos Patos,
1 metro. Em águas mais baixas, deve até secar nesta extremidade.
Tanto o pontal quanto as ilhotas tem vegetação baixa,
o que deve ser muito bom nos períodos quentes de verão,
por não impedir a passagem do vento Leste, ou dos outros quadrantes.
O "Anastácio" costuma ser muito abafado devido à
vegetação alta na margem Sul do "Furado". Quem
for adepto de caminhadas, há um colossal mato nativo, com figueiras
enormes e outros exemplares de nossa flora nativa, na direção
NW.
Outro atrativo é a água limpa, mesmo no inverno é
comum a visibilidade alcançar até quase um metro, pela
ausência de rios lamacentos na região.
No
Pontal há dois casebres usados por pescadores amadores, que são
uma tristeza. Além de serem esteticamente agressivos (o que é
subjetivo), sucatas e lixo espalhados a sua volta demonstram um total
descaso com o local. Já é tempo dos usuários de
nossos paraísos naturais terem o cuidado de retornar o material
que sobra após os passeios, o que é uma prática
comum pelo mundo afora.
Atenção: existe um obstáculo à navegação,
que é o emissário da Brahma. Ele localiza-se cerca de
3 milhas a W do Pontal dos Abreus, na Lagoa dos Patos. Não é
bem sinalizado. A tubulação entra perto de 500 metros
Lagoa adentro. Foi-me dito que no verão, quase aflora; logo,
é necessário ter cuidado ao optar-se por uma navegação
margeando esta costa.
Porto Alegre,
31 de maio de 2.005
Carlos Altmayer Gonçalves
Manotaço
Marco no “Pontal dos Abreus”
e sua posição
O marco visto da sanga, ao fundo e à esquerda,
o morro da Grota
Vista do meio da sanga para o N.
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