São Francisco do Sul – Museu Nacional do Mar
Navegando com cuidado dobrado
Fernando Maciel

Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas é nele que espelhou o céu.
Fernando Pessoa

Janeiro/2007
Já havíamos nos encantado com “São Chico”, como carinhosamente é chamada há alguns anos atrás, quando no retorno de uma viagem a Curitiba passamos por lá. É a mais antiga povoação catarinense e também a terceira do Brasil, depois de Porto Seguro e São Vicente.
Surgindo uma oportunidade, não deixem de conhecer esta maravilhosa cidadezinha que para mim é uma miniatura de Parati.

São Francisco do Sul é cidade que veio do Mar. Descende do normando navegante Binot Paulmier de Gonneville, que, em 1503, refez a rota de Cabral, saindo do porto de Honfleur, na Normandia. Gonneville chegou na costa catarinense, onde hoje se localiza São Francisco do Sul, em 05 de Janeiro de 1504.

Tudo na ilha de São Chico orbita em torno do mar, como as águas que a banham e insulam. O mar foi berço e é caminho da vila, trouxe antigos navegantes e hoje ainda brota sua maior riqueza: a cultura, o lazer e o porto.
Paira sobre a baía da Babitonga o delicado casario de arcadas, pátios internos, eiras e beiras, sentinela do passado em presente vigília.

Os traços da cultura açoriana e portuguesa são presença constante nas ruas estreitas, ladeiras íngremes, casarões antigos, sobrados coloniais, de grossas paredes. A Igreja Matriz, Nossa Senhora da Graça, foi construída entre 1699 e 1719, conserva as paredes levantadas com argamassa misturando óleo de baleia, areia e cal de conchas. A imagem da padroeira foi feita na Espanha em 1498.

Em São Francisco do Sul, tem-se a impressão de voltar ao passado e entrar numa cidade perdida no tempo. Todo o centro, com mais de 150 pontos históricos, foi tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional, em 1987.
Hoje, o município tem aproximadamente 30 mil habitantes, a cidade é pequena, tranqüila e extraordinariamente bonita. A economia está concentrada nas atividades do porto, na pesca e no turismo.

Uma imagem para sempre

Uma cruz, no alto do morro Pão de Açúcar, sinaliza a proximidade de São Francisco do Sul. Um pouco antes da cidade, a BB, a Prainha das Paulas e a Praia das Figueiras, com o trapiche do Kowalski Marine Hotel.

O porto de São Francisco é tido como o melhor porto natural do país. Mas cuidado, é proibido fundear nesta área.

A vista da cidade de São Chico, debruçada sobre as águas, é particularmente bonita, não escondendo de ninguém a ligação que sempre teve com o mar.

Nas proximidades do centro, há diversos trapiches: o do Museu do Mar, do Clube Náutico Cruzeiro e outro público, perto do mercado.
Navegar até São Chico é muito tranqüilo...tudo é muito bem sinalizado e balizado.

Clube Náutico Cruzeiro do Sul

S 26°14’420” W 048°38’240”
Fica no centro histórico da cidade, um dos melhores lugares para fundear, perto de tudo, com bonita vista do casario, torre da igreja e ladeiras. É o único clube da região que se chega com qualquer maré, os visitantes são muito bem recebidos sem limitações de permanência, é também um clube social, já antigo, patrimônio da cidade. A rampa só atende barcos pequenos, e não há vagas molhadas, o segredo (e a orientação do pessoal) é ancorar em frente e usar a infra-estrutura do clube, banheiros, bar e restaurante.

Nas proximidades, há posto de combustível onde se consegue diesel e gasolina, serviços de mecânico, eletricista e marceneiro.
Calado: 3,00m/2,00m.
Telefone: 47-3444-2493

As cartas náuticas que cobrem a região são as seguintes: n° 1800 (geral), n° 1830 (ilha da Paz ao Porto); a carta n° 1804 reproduz a mesma área, em escala maior e bem mais detalhada; a carta 1805 cobre a parte W da baía da Babitonga, com suas muitas ilhas, e a Lagoa do Saguaçu. Esta última carta, no entanto, deixou de ser impressa pela Marinha, há vários anos; os navegadores da região de Joinville costumam recorrer á reprodução xerox.
Mas, quando formos nos deter a Joinville, vamos informar todos os waypoints da entrada barra ao Joinville Iate Clube.

Dicas

Ao entrar e sair do Capri Iate Clube, observe a maré, na maré baixa é preciso muito cuidado com o calado.
A partir de Porto Belo (incluindo o Iate Clube de Porto Belo), as tomadas de trapiche são padrão industrial, em Porto Belo tivemos que desmontar o plugue macho de nossa extensão e com muito cuidado ligar o positivo e o negativo na tomada do trapiche e fixar bem com Silver Tape.

Chegamos ao Capri e eu havia esquecido de providenciar um adaptador, que nada mais é do que outra extensão usando em uma ponta um Plugue macho 2P+T. 32A 220V 6H Azul e na outra um plugue fêmea que se adapte a sua extensão normalmente usada. Para nossa sorte o pessoal do Capri nos emprestou um adaptador logo após nossa chegada, e não foi necessário repetir o feito de Porto Belo.
De volta a Porto Alegre tratei de providenciar tão importante peça, encontrei sem maiores dificuldades tudo para montar a segunda extensão na Ferramentas Gerais (veja fotos).

Museu Nacional do Mar

Criado em 1993, com recursos do programa de investimentos estratégicos do governo do Estado de Santa Catarina, com a permanente participação do IPHAN, o Museu Nacional do Mar nasceu com a revitalização dos grandes armazéns da empresa Hoepcke, a mais importante empresa de navegação catarinense, abandonados há mais de vinte anos.

O local, que abriga grande diversidade de embarcações brasileiras foi revitalizado em 2003 e 2004.
Tem como finalidade valorizar a arte e o conhecimento dos homens que vivem do mar. São embarcações originais de todo o país, várias delas configurando alguns dos mais expressivos barcos tradicionais em todo o mundo.

Jangadas, saveiros, canoas, cúteres, botes, traineiras e baleeiras são alguns deles. Organizado por temas, o Museu Nacional do Mar contextualiza história e uso das peças em exposição. Um exemplo disso é a sala da Amazônia, ambientada com um espelho d’água e decorada vitórias-régias, peixeis-boi e botos, ilustrando o cenário para as canoas indígenas daquela região.

Mais de 60 barcos em tamanho natural e cerca de 200 peças de modelismo e artesanato naval estão identificados com imagens e textos explicativos. Também faz parte do Museu do Nacional do Mar a trilha sonora com músicas folclóricas das diversas regiões brasileiras e a música tema do museu, produzida especialmente para esta finalidade.

Cerca de 20 salas temáticas ocupam os dois extensos conjuntos de galpões da antiga empresa Hoepcke.
Em algumas salas foram montados dioramas, espécie de representação cênica onde podem ser observados o uso daquelas embarcações e o modo como os homens desempenhavam uma determinada atividade, como a pesca da baleia, por exemplo.

Amyr Klink foi homenageado com uma destas salas, entre vários objetos doados pelo navegador destaca-se o barco IAT (foto acima), com que Amyr atravessou a remo o Oceano Atlântico.
É possível visitar o museu chegando pelo mar e utilizando o trapiche do próprio museu.

Fernando Maciel
Veleiro Planeta Água - VDS

 

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