São Simão, quase como no Tahiti
Águas transparentes na Lagoa dos Patos
Cmte Emilio Oppitz

S 30°54,850; W 050°58,800
Há tempo que penso em visitar o pé do banco São Simão, na costa leste da Lagoa dos Patos. Depois de ler a matéria de garimpar por lá, do meu amigo Manotaço, a curiosidade foi aguçada e mais ainda sabendo que a água está salgada o que faz tudo ficar mais bonito. Menos para os arrozeiros que bombeiam água da Lagoa para suas lavouras.

Páscoa, como sempre feriadão, previsão favorável de ventos, sem chuvas, e para completar, Lua cheia, era uma oportunidade que não podia ser desperdiçada.

Combinamos de sair na Sexta Feira Santa cedo, o que fizemos, indo 4 barcos até o Barquinho: o Urso, o Relax, o Supimpa e o Adriana em uma velejada de um bordo só desde o Clube Náutico Tapense até lá. Sensacional, fomos em 6 hs. Era vento um pouco acima de leste, portanto orça, mas tivemos uma excelente velocidade.

Conforme íamos andando, a água ficava mais clara, até que chegamos no azul esverdeado muito bonito. O Portinho viu na viagem, uma enorme tartaruga.

No Barquinho entramos guiados pela sinalização que o pessoal do Jangadeiros montou na entrada dos molhes, na semana passada, e que ficou muito boa. Foi inaugurada pelo Urso, do Com. Carlos e família.

No arroio, a água está completamente limpa, mostrando o fundo, infelizmente com os sinais dos “racionais”, latas vazias, pedaços de PVC usados para fixar caniços, etc... Aproveitei para VER o pedaço de Figueira que tem no arroio, um pouco mais acima e que se mostrava totalmente pela limpeza da água, e que sabia existir. Lá estava ele. Devia tê-lo fotografado, mas não o fiz.

Na manhã de sábado saímos, com exceção do Urso, em direção ao Pé do Banco (lado sul). O vento nos obrigou a incontáveis viradas de bordo, já que a idéia era acompanhar a costa desde o Barquinho até lá. Nenhum de nós conhecia aquela costa com levantes dos arrozeiros, matos e incontáveis galinholas que corriam em frente aos barcos para decolarem, dando mais movimento à água.

A água, maravilhosa. Às vezes passavam voando alguns Cisnes de Pescoço Preto, outras, Gansos Marinhos, animais em extinção, e raros de serem vistos, o que a mim causava emoção.

Quando chegamos, ficamos todos extasiados com tanta beleza. O local é belíssimo por si só. Areia muito branca, matas de eucalipto, juncos fora da água por causa do baixo nível. Emoldurado pela água cristalina é indescritível.

Com dois metros de água, se vê perfeitamente o fundo com os desenhos de pequenas ondinhas na areia. Peixes passando. Uma das fotos que mostra algo vermelho no fundo, é a âncora do Supimpa, com 1 m. de água. Trouxemos várias embalagens de refrigerante, de plástico, com água de lá. Visualmente não tem diferença da água das nossas torneiras. Só indo lá.

Olhando não para o fundo, mas para longe, a água azul, muito azul, dá a impressão de que estamos no mar, e não na maior lagoa de água doce do Brasil.

Depois de almoçarmos inventei de conhecer o banco um pouco mais longe, já que ele se mostrava fora da água por uma longa distância. Sou buraqueiro, gosto de explorar. O Hugo e o Cristiano, do Supimpa vieram conosco. Saímos meio que acompanhando o banco, apreciando a beleza do lugar, e nos descuidamos dos baixios que se alargam próximos ao início do mesmo. Só poderia dar em encalhe, e olha que o Adriana cala somente 0,65 m. A coisa foi feia. O vento estava forte e o barco vinha andando muito, e adernado. Entrou com tudo o que tinha direito só parando depois de ter ido longe no baixio. Encalhamos feio. Estávamos em quatro adultos, Hugo, Cristiano, Luiz Carlos e eu, mais o meu proeiro oficial, meu sobrinho Roiter de 12 anos. Tivemos que fazer muita força durante três horas para que o barco flutuasse novamente. Pena que a fotografia do encalhe, foi uma das quatro (em 36) que não saiu.

Voltamos para onde estávamos antes, a comentar o ocorrido. Sobraram as queixas das dores dos “garotos”, o que ainda ontem incomodava.

A noite, para completar, foi banhada pelo luar de uma lua cheia, sem explicação.

Dormimos ali mesmo, já que o banco abriga dos ventos de leste até norte com muita segurança. À noite ventou NE forte, mas sem problemas. Disseram os meus tripulantes que nesta noite eu nem ronquei. Pode ser que sim, mas também é possível que o sono deles tenha sido mais profundo.
No domingo, infelizmente tínhamos que vir embora, porém contra a vontade de todos. Gostaríamos de poder ficar por lá, mas logo seria segunda feira, e o São Pega não perdoa.

A vinda foi uma velejada que todos gostamos. Vela mestra um pouco rizada, genoa dois e velocidade não baixando nunca de 6 nós, sempre acima, às vezes bem acima. Em 2:45h entramos no Pontal de Santo Antonio, indo até a Ponta da Ilha, onde almoçamos, e após uma breve sesteada saímos para chegar ao clube, e em casa. Está no GPS: 77,9 milhas navegadas, com a velocidade média de 5,0 o que para nossos barcos é muito bom, considerando que a navegada do sábado foi só na orça cerrada.

Foi um fim de semana para não se esquecer mais, e que não sabemos se um dia se repetirá, pois foi um somatório de condições favoráveis, todas ao mesmo tempo. Feriadão, vento favorável, água em condições muitíssimo especiais, lua cheia e ótima parceria.

 

 

 

 

 

 

 

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