O diário do Solaris 01-03-06 8h, saída para Nevis, 49MN, RV 270, vento fraco de popa. Ondas desencontradas, balanço muito desconfortável. Chegada às 18:00 h. Passamos pela capital Charlestown para ancorar um pouco mais a frente. 02-03-06 saída para St. Kits ou Saint Cristopher. Mais um batismo de Cristóvão Colombo, agora com seu nome. Na capital, Basseterre, deixamos o Solaris numa marina nova, muito abrigada e grátis por algumas horas. Ao lado da marina há um porto para navios de turismo com uma estrutura pesada, shopping com grande variedade de lojas, embora a maioria sejam joalherias. 03-03-06 destino St. Barths, 8 h, 43 MN, RV 335. Velejada gostosa, través, vento na medida para não salgar o convés. Aniversário de 27 anos de casamento. Champanhe francesa comprada em Guadalupe. Perfeito. Há lojas das melhores grifes da França, Channel, Louis Vuitton, Cartier, Bombardier, etc. As pessoas, principalmente as mulheres, muito bem vestidas, além de bonitas. 04-03-06 Calmaria total. Registramos a entrada no porto por 24h (4 euros). Mais que isto não é possível, porque é necessário visto prévio para brasileiros. 05-03-06 Ainda sem vento, saímos para St. Maarten às 8h. Muito próximo, 17 MN de Gustávia até a entrada do Lagoon na parte Holandesa. No caminho paramos na ilha Fourchue, pertencente a St. Barth. Apesar da formação vulcânica isenta de vegetação, é um lugar lindíssimo. A água cristalina. Incrível, poitas públicas gratuitas. Aproveitei a água calma, limpa e pouca profundidade para trocar o anodo do eixo, pois se caísse poderia encontrá-lo facilmente. Chegamos às 15:30h em Simpson Bay. Na praia uma grande festa de encerramento da regata Heinekein. Som alto de música ao vivo num palco. É impressionante a quantidade de barcos, a grande maioria veleiros, em torno de 1500, praticamente todos ancorados. Nosso segundo encontro com mega-barcos, veleiros e power boats. Alguns destes últimos com dois heli-portos no convés. O lagoon tem entrada ao norte (lado francês) e ao sul (lado holandês). A divisa fica praticamente no meio, assim como toda a ilha. Como era domingo e isto complica as coisas para os registros formais, fomos para o lado francês, junto a Marigot, capital de St. Martin. Ancoramos no lado oeste do canal, tão raso(1,8m) quanto o outro. Chegamos com vento NE e a noite rondou para SE, quebrando a regra. Conclusão: encalhe. Sem problemas, não há ondas. 07-03-06 o vento retornou para NE. Desencalhamos e seguimos para o lado holandês, onde ficam a maioria dos barcos (algo em torno de 80 %). Agora sim, é o paraíso dos brasileiros. Encontramos o Bar a Vento, o Anace, o Caribe, Ondine(Ex-Cisne Branco), Bravíssimo(Antonio Carlos e Zelinda, cariocas), Alma(Geraldo e Carolina, cariocas), Beethoven( Marcelo e Maura, paulistas). Os dois filhos trabalham no Papi do Papi, um mega-yach brasileiro com tripulação também brasileira), Brazilian Nuts (Koy, catarinense e Lauren, paulista). Mais tarde conhecemos a Carolina e o Eudes, também tripulantes do Papi do Papi. Um dia antes o Glasnost saiu rumo ao Brasil pelo caminho do meio(600 MN para leste e começa a girar para Noronha). Ancoramos em Cole Bay onde ficaríamos mais próximos às lojas náuticas e mercados. A água do Lagoon em geral é bastante suja, não tanto na cor, mas no cheiro e algumas coisas flutuando. Ótimo ambiente para as cracas. Em uma semana o barco está cheio delas. 08-03-06 à 26-04-06 Período de permanência em St. Maarten com 3 visitas à St. Barth. De Simpson Bay se vai à capital, Philisburg, de vans no estilo de Trinidad. Transporte clandestino com veículos em mal estado de consevação, sem limite de capacidade. População, maioria negra. Idioma, inglês que não é britânico e se escuta muito espanhol. Tarifa US$ 1. No meio do caminho há grandes atacados com preços muito bons. Esta parte é parecida com a Voluntários da Pátria em POA. Tem de tudo e quase tudo misturado. Às 8:00h, no canal 14 VHF(canal de chamada em St. Maarten) há uma NET comandada pelo Mike, dono de um restaurante chamado Shrimpy’s e uma loja de material náutico usado. Esta rede é muito freqüentada e variada. No restaurante, aos domingos, há uma feira de material usado onde os cruzeiristas vendem de tudo. Encontra-se muita coisa boa e muito barato. O restaurante oferece hot-dogs e cerveja grátis a partir das 11h. O wi-fi também é livre. Depois da net(em inglês), o idioma que mais se escuta é o português. E foi por e-mail que soubemos da localização do Erik e Lara. Estavam em St. Barth onde havíamos passado a poucos dias, mas em Shell Beach, uma pequena enseada a sudeste de Gustávia. Grande surpresa: a bordo de um veleiro de 33’ que compraram em Trinidad depois que havíamos saído de lá. No primeiro fim-de-semana fomos para lá. O casal estava feliz a bordo do Dharma. O Erik trabalhando para pagar o barco, recebendo um salário em Euros de causar inveja. Permanecem em Shell Beach porque não há fiscalização da Gendarmerie, departamento de imigração dos franceses e eles não podem legalizar a permanência devido à necessidade de visto prévio. A praia é linda. Protegida dos ventos e ondas predominantes de leste e nordeste. Outros atrativos são o restaurante “Do Brasil”, que de brasileiro só tem o nome, o top less quase geral das francesas e o green flash. Este é um fenômeno de refração que é visível todos os dias em que o horizonte(água e céu) no oeste está sem nuvens, no exato momento em que o sol desaparece. É um breve, pequeno e fraco relâmpago verde junto na linha do horizonte. No final de tarde, a freqüência de pessoas na praia é incrível. Todas esperando o pôr-de sol, que realmente é algo mágico. Caminhamos até St. Jean, outra praia maravilhosa no norte da ilha. St. Jean tem pequenos shoppings horizontais com lojas sofisticadas porém decoradas de forma não rebuscada e integradas na vegetação de pequenos parques. Tudo no agradável estilo das ilhas francesas. Numa destas lojas conseguimos vender as redes que havíamos comprado em Fortaleza e Luiz Correia por um preço muito bom, considerando a quantidade. Muita sorte! Tem muito brasileiro que leu ou ouviu que vender redes, biquínis e sandálias Havaianas dava muito dinheiro e estão “embuchados até hoje”. Estas lojas já tem fornecedores diretos e sabem muito bem quanto custa no Brasil. Retornamos à St. Maarten depois de uma semana e onde permanecemos por mais uns 15 dias. Começamos a perceber porque tem tanto barco assim e por tanto tempo. O lagoon é um lugar muito abrigado para qualquer direção de vento; pouca profundidade para ancorar; tem tudo para barcos, com bom preço; marinas para todos os bolsos; gente de toda parte do mundo; amigos; diversão; trabalho, embora seja ilegal para estrangeiros; custo de alimentação razoável. Na net do canal 14 compramos um SSB e na feira de usados um piloto automático, panelas, máscaras e nadadeiras, tanque flexível, DVD, cabos e outras coisas quase de graça. As marinas e ancoradouro de Gustávia idem. Havia mega veleiros ancorados a 1 ou mais milhas do porto. Aproveitamos estas águas translúcidas para mergulhos e trabalho(limpar o fundo). Depois de alguns dias, retornando para St. Maarten, escolhemos o caminho mais longo, uma volta na ilha no sentido anti-horário. Junto com Antígua, é uma das ilhas mais bonitas que vimos até agora. Chegamos ainda cedo em Colombier, enseada no extremo noroeste de St. Barth, muito abrigada, sem estrutura, praia branca, repleta de veleiros. Pela manhã um agradável passeio até St. Maarten. Dia 10-04-06 chegou o Kea Uno, um veleiro de fabricação inglesa, 80’ , armado em escuna, com amigos brasileiros/gaúchos/paulista, Half Henning (Tatú), Marcelo Aaron e sua esposa Alexandra. Uma nova festa. Ficariam um mês por aqui. Jantares no Kea Uno e no Solaris, regados a vinhos franceses e chilenos. O Luiza partiu para os USA via Ilhas Virgens, Porto Rico, República Dominicana, Bahamas. Vão passar a temporada de furacões por lá, trabalhar e depois decidir para onde ir. Nós, em 26-04-06, passamos para o lado francês, St. Martin. Acrescente-se a isto o descarte da opção de voltar ao Brasil via Açores, Madeira e Cabo Verde, pois voltaremos pelo centro ou pela costa das Guianas e Brasil.
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(*) Fernando Niedermeier é associado ao Veleiros do Sul, de Porto Alegre