Cruzeiro à Tapes
A.J.Machado, Comte SV Tobruk

20Jan2004

Atrasados por compromissos profissionais de última hora, saímos do CDJ, eu, o Tiago, meu proeiro de fé e o Jorge Lucchesi às 17 horas de 5ª. Feira, no Tobruk, o O´Day 23´ velho de guerra que todos conhecem. Com vento moderado e contra, chegamos nas proximidades da ilha Chico Manoel ao redor das 19:30 horas ao mesmo tempo em que um charuto negro de temporal se aproximava de oeste. Procuramos abrigo no trapiche da ilha, onde pegamos a chuvarada sem problemas. Jantamos uma bela macarronada a la matricciana e pernoitamos.

No dia seguinte, após o café, seguimos em frente. Colocamos a mestra na primeira forra de rizos e a genoa 3 e entramos na Lagoa, com o vento em torno de 20 nós. A navegada estava tranqüila até o farolete da Ilha do Barbanegra, quando o vento apertou, aumentando para 25 nós, aproximadamente. Baixamos a genoa 3 e colocamos o tormentim, o que melhorou as condições de navegação, com velocidade em torno de 6 nós. O vento, que entrava pela bochecha, passou para través. As ondas passaram a vir de través, com quase dois metros, molhando velas, convés e a tripulação, que blasfemava como se estivesse possuída por mil demônios...

Embora ainda sem o farolete, passamos o Pontal S. Antonio sem problemas e adentramos na baía onde se situa o Birú. Lá, encontramos as tripulações do Refúgio (Hélio e seu filho Geraldo) e do Virtú (Ceccon e Tartakowsky) assando um belo churrasco no convés da super-lancha Fairline 40´do Renato Plass ( D´ont Ask). Amarramos um cabo na popa do Virtú, pegamos a nossa carne e enturmamos no churrasco. Algum tempo depois, chegou o Jodan, com o J.Daniel, o Beto Biguá e o Cristian, que fez procedimento idêntico.

Embora tenhamos levado comida e bebida, o Comte Renato colocou à disposição de todos a sua adega maravilhosa recheada de finos vinhos e cervejas geladíssimas de seus dois refrigeradores de bordo. A janta, com boa carne, boas bebidas, boa música em DVD e bom papo, encerrou com alguns Cohibas do Renato (dizem que da reserva pessoal d´El Comandante...).

Já em hora avançada, saímos para os respectivos barcos a fim de passar a noite. Todos ancoramos afastados uns dos outros, com bastante lazeira, pois o vento estava forte. Não sei se foi o churrasco ou a azeitona do aperitivo, mas a ancoragem do Jodan não foi das melhores, pois durante a noite ele garrou, passando por entre os outros barcos, afastando-se quase 2 km baía afora. Não fora a providencial urinada do seu Comte pela madrugada, ele teria chegado até Tapes de ré...!
No dia seguinte, seguimos para o Clube Náutico Tapense para almoçar e nos abastecermos de gelo. Colocamos a mestra na 2ª. forra de rizos e tormentim , pois o vento estava forte de leste.

Estávamos sem GPS, mas seguindo as instruções do livro do Comte Geraldo Knipling, achamos o Farolete do Hugo e do CNT sem problemas. Nunca ande sem "O Guaíba e a Lagoa dos Patos" no barco.
Em pouco menos de duas horas, chegamos sem nenhum problema no barco ou nas velas. Uma navegada de luxo, embora molhada, com a tripulação em alto astral.
Em Tapes, fomos recebidos com a fidalguia e a cordialidade que caracterizam o CNT. Um belíssimo clube, com ótimas instalações para sócios e visitantes. Depois de um bom banho quente, almoçamos no restaurante do clube.

No sábado chegaram o Lady Jany, com o Comte Renato, o Bolleto e o indefectível Jamil, e o Titan, com o Comte Gadret e o Pfeiffer.
O vento permaneceu de leste também no dia seguinte, com velocidades em torno de 50 km/hora, que acompanhávamos ansiosamente no anemômetro do clube.

O Virtú e o Algazarra, dois Deltas 32´, saíram de volta ao Birú, com intenção de entrar na Lagoa. O Algazarra voltou com uma vela rasgada e o Virtú permaneceu no Birú.
Como a direção e a força do vento permaneceram inalteráveis, só nos restou voltar de ônibus a P. Alegre.

Esta semana aguardaremos tempo favorável para voltar e buscar nossos barcos. Mas esta será uma outra estória...

 

 

 

 

 

Cruzeiro a Tapes II – O Resgate

Depois de marchas e contramarchas, acertei com um companheiro, o Jorge, de trazer o Tobruk de Tapes neste fim-de-semana que passou, de qualquer maneira, com vento de qualquer direção e intensidade.

Pretendia ir para Tapes na 6ª. Feira à noite, trazer o barco no sábado e ficar no litoral fazendo média com a família no domingo e na segunda (feriado).

Como os tripulantes SEMPRE têm planos diferentes do comandante, a missão ficou adiada para domingo à noite, invertendo-se as atividades familiares.

Viemos com o carro do Jorge de Capão até P. Alegre, enfrentando engarrafamentos na Estrada do Mar e chuvas esporádicas. Aqui trocamos de carro, fomos com o meu até Tapes. Até aí a indiada de sempre...

A perspectiva começou a mudar após um lanche/janta na estrada, no Restaurante das Cucas, com um clássico pastel com café (manjar dos deuses).

Seguimos para Tapes já com tempo estável, chegamos ao CNT, paguei a conta da estadia (com uma dor no coração) e fomos para o trapiche, após estacionar o carro.

A noite estava maravilhosa, estrelada e com uma brisa de sudoeste que convidava a velejar. Pensamos na alternativa de velejar à noite até o Birú e sair de manhã direto de lá. Não obstante, decidimos dormir no CNT e sair cedo de manhã, mais descansados e com luz natural.

Acordamos às 6 hs. O nascer do Sol por detrás do molhe do CNT foi sensacional, valendo o cruzeiro a Tapes! Começamos a arrumar as bagagens e tralhas espalhadas pela cabine e cockpit e após iniciamos a operação de desatraque do barco. Uma leve brisa de sudoeste ajudava para que o fizéssemos sem dificuldades e sem perturbar os vizinhos que dormiam.

Saímos do clube às 7:30 hs. Seguimos a trilha das estacas até chegar na primeira delas que tem um balde verde em cima; aí infletimos para sul, por sobre o banco. A profundidade é em torno de 5 a 5.5 pés por um longo trecho.

Armamos as velas andando, vela grande e genoa 3, ambas veteranas (porque as novas são para regatas...) e pegamos um vento sudoeste na cara que foi aumentando gradativamente até uns 20 nós. Na altura do Farolete do Hugo, como o barco tendia a estolar o leme, colocamos a grande na primeira forra de rizos, o que estabilizou a navegada.

Seguimos assim até o farolete do Pontal S. Antonio, que cruzamos às 9:40 hs.. Ali tomamos o rumo 60° em direção ao farol de Itapuã. Neste rumo, o vento ficou em popa rasa. Armamos asa-de-pomba com a grande ainda rizada e genoa 3. Algum tempo depois, tiramos a forra de rizos da grande , mas não trocamos a genoa 3, por puro comodismo.

O vento estava acima de 20 nós, de sudoeste a sul, formando ondas enormes que faziam o Tobruk surfar a mais de 7 nós. Como a velocidade estava boa, sempre acima de 6 nós e a navegada confortável, não alteramos os panos. Chegamos e cruzamos o farol de Itapuã às 15:05 hs, após uma navegada maravilhosa na Lagoa.

Após passarmos o Farol, as ondas mudaram de formato e tamanho, mas o vento continuou o mesmo, com pequenas variações. Continuamos com o mesmo velame, e a mesma navegada tranqüila da Lagoa, cruzando a Chico Manoel às 16:41 hs., a Ponta Grossa às 17:45 hs., e concluindo este rush com a chegada no CDJ às 18:40 hs. .

De clube a clube, 11 horas e 10 minutos, sem balão e com genoa 3. Realmente, um recorde para um O´Day!

Epílogo: Agora só falta buscar o bendito carro em Tapes...!

 

 

 

Peixe Cascudo limpando cascos em Tapes


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