One Minute
Tripulação do AMRO2 conta o acidente
Danilo Chagas Ribeiro

ABN AMRO 2 chega a Portsmouth

24 Maio 2006
"Um minuto foi a diferença. A tripulação do ABN AMRO 2 encara o mundo na Conferência de Imprensa hoje em Portsmouth". Assim começou a notícia publicada no site da Volvo Ocean Race ontem para explicar o acidente que resultou na morte do velejador holandês Hans Horrevoets, na quinta feira passada.

A tripulação do Amro2 declarou que no que haviam completado uma troca de velas por causa do súbito aumento do vento, de 12 para 25 nós, o comandante ordenou à tripulação o uso das roupas pesadas e do colete salva-vidas.

Conforme declarou Nick Bice, é prática aceitável que quem estiver trimando o balão será o último a descer à cabine. Hans estava trimando o balão. No curto intervalo de tempo que ele teve que esperar, uma onda varreu o convés. Quando a água saiu, o holandês não estava mais a bordo. A causa da morte será determinada pela autópsia na Holanda.


ABN AMRO 2 atracando em Portsmouth

Todos os outros tripulantes a bordo estavam clipados ao barco no momento do acidente. Bice disse ainda que "qualquer marinheiro sabe que a última pessoa a estar clipada é aquela pessoa", referindo-se ao regulador do balão.

"Em uma questão de 30 segundos ou um minuto ele estaria lá na cabine colocando a outra roupa", disse também Bice.

Simon Fisher disse que, como navegador, era dele a responsabilidade de apertar o botão MOB. É o botão do GPS que registra o ponto onde alguém caiu n'água. Disse ainda que estes barcos navegam a 25 nós com vento a favor e que estavam a 1,6mn de Hans quando conseguiram baixar as velas, menos a grande. Navegaram a motor ao encontro de Hans, com vento contra de 37 nós, e neste retorno decidiram baixar a grande também.


Comandante do AMRO 2, Seb Josse, na entrevista à imprensa

A mais ou menos 0,5 milha do ponto marcado, encontraram a primeira bóia salva-vidas que haviam lançado. A 0,2 milha encontraram a bóia com a luz strobo. Pouco depois encontraram Hans, a 6 metros do barco. Simon Tienpont vestia roupas de mergulho e estava pronto para cair n'água. Mas como o mar estava muito revolto, preferiram tentar enganchá-lo (com o cróqui, presumo). Navegavam a 3 nós e com receio de serem arrastados do barco, fizeram voltas em torno de Hans (em vez de pular n'água). Na terceira tentativa, conseguiram arrastá-lo.

Cinco tripulantes tentaram ressuscitá-lo e aquecê-lo até que, às 04:20h GMT, a 1.200 milhas do Reino Unido, desistiram.

A chegada do Amro2 a Portsmouth foi emocionada, segundo artigo da VOR, e teve a presença dos familiares e tripulações dos outros barcos participantes da competição no cais.

Obs.: Virtual Spectator, o programa que mostra o andamento dos barcos no site da Volvo, passou a suprimir as informações de distância a Portsmouth nas proximidades do MOB, mais precisamente quando o ABN AMRO 2 estava entre 1471 e 1561 mn de Portsmouth, isto é, no trecho em que ocorreu o MOB (1500mn), às 02:11h GMT de 18 de maio. Mera curiosidade.

 

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