Cruzeiro-Regata Porto Alegre-Rio Grande - Bicentenário Almirante Tamandaré
O Mais Longo Evento Náutico do Hemisfério Sul em água doce

 

ARO
Mineração


Impressões do Cruzeiro - Regata
Alegrias e pane a caminho de Rio Grande
José Antônio Torelly Campello

Tivemos a honra de participar das comemorações do bi-centenário do Almirante Tamandaré, festividade organizada por 4 entidades de peso, Marinha do Brasil, Clubes RGYC,Veleiros do Sul e Grupo POPA, no veleiro Van de Stadt Água Rasa, a convite do comandante Luiz Fernando Hoffmann. A tripulação ainda composta por Ari Schneider mais o casal Alexandre e Andréa esteve em harmonia com a faina da navegação. Destaco aqui a ação da Andréa, que sentindo o momento difícil na madrugada, quando os outros tripulantes haviam capotado, foi dar apoio ao persistente, incansável e divertido Luiz Fernando mantendo-o acordado na supervisão do rumo da nave, mesmo que atrelada ao piloto automático, as observações do Ari experiente em panes de motor diesel e atuação do Alexandre no fogão que timoneado com maestria propiciou a todos fartos manjares auxiliado pela Andréa com muita arte e dedicação.

A festividade foi um sucesso com participação de 50 embarcações, destacando-se numa extremidade o maxi-veleiro Congere com 78´e na outra o veleiro Carumbé, Delta/Tchê de apenas 17´. Tivemos as garantias da Marinha do Brasil em matéria de segurança e resgate, apoio técnico e logístico dos demais organizadores, sem falar dos patrocinadores do evento. Acompanharam-nos, o navio balizador Comandante Varella e mais 3 lanchas de apoio sediadas em portos estratégicos entre Rio Grande e Porto Alegre.

Foi uma senhora festa com a partida noturna de POA na quinta, propiciando uma bela velejada até a praia do Sítio atingida já na madrugada de sexta.
Na sexta, a largada transcorreu quase sem vento até a altura de São Lourenço do Sul, onde praticamente todos os comandantes tiveram de verificar o nível de combustível, testar a regularidade e o consumo de seus motores, o que descaracterizou o evento do aspecto regata. Mas o passeio-velejada ainda tinha bastantes surpresas a oferecer.

À noitinha depois do pôr-do-sol salpicar o horizonte com raios e desenhos impares sobre as nuvens, pincelando o oeste em tons entre amarelo e o azul, o esperado vento sul chegou entre 15 e 20 nós. A Lagoa dos Patos então deu amostras singelas do poderio de suas ondas, o suficiente para impedir o sono em barco menor de 35´. Além das quedas e tombos das cristas até a cava das ondas em 1m aproximado, o convés era varrido regularmente pelo líquido. Haja gaiutas bem fechadas para estancar os jorros e borrifos d´água nestas situações. Muitos barcos tiveram o interior e conteúdo molhados.

A navegação era às cegas e totalmente baseada no GPS e nas bóias luminosas que quando corretamente identificadas eram de grande auxílio. Deu pra sentir como eram destemidos os navegadores do século passado antes do advento deste precioso aparelho. A adrenalina corria nas alturas devido às redes de pesca colhidas por vários navegadores e o cruzamento ainda intenso dos barcos na altura do Bojurú, mas para nossa sorte o Anjo da Guarda estava também de plantão e atento nos poupando destes incômodos.

Na tentativa de ligar o motor em determinado momento tivemos uma pane pela entrada de ar na bomba de combustível do diesel. Naquelas condições nada poderia ser feito. Os panos nos levaram com muito balanço e solavancos por toda a noite e parte da manhã até a ilha de Mal. Deodoro. Lá através de instruções por VHF do mecânico Daniel a bordo do Entre Pólos, conseguimos facilmente sangrar a bolha de ar e deixá-lo operante para para enfrentar o canal da Feitoria que se desenhava a frente nas 35 milhas náuticas ainda por percorrer. Nesta ilha atingida às 9:00h tivemos alguns sobressaltos, quando quase sofremos um encalhe na procura de um local para ancorar. Chegamos a recolher a bolina e o leme após o toque durante a aproximação, mas o veleiro com a tripulação atenta conseguiu se desvencilhar com manobras evasivas, contudo a nossa ancora unhou em meio a um alinhamento de taquaras com redes deixando-nos agoniados por alguns instantes.

Eliminada em menos de uma hora a bolha pela descompressão do motor, soltura do parafuso da bomba e acionamento a vazio do arranque, mais o reabastecimento do tanque a sotavento da ilha, retornamos ao rumo. Soubemos que outros barcos também tiveram problemas semelhantes devido à inclinação e ao balanço do combustível nos tanques já semi-vazios que deixavam o pescador a descoberto na sucção do diesel.

A travessia do canal da Feitoria foi tranqüila de dia, apesar do vento quase na cara. A Chegada em Rio Grande ocorreu no entardecer e encontramos quase todos já no RGYC. A acolhida foi primorosa por parte do clube que nos arranjou bom box num 2º momento, nos brindando ainda com presentes locais "Jurupiga", a cachaça de uva da ilha dos Marinheiros, e um almoço de anchovas assadas, espetacular. Antes, no domingo, havíamos participado do desfile festivo e alegre das embarcações no porto Velho e Novo com direito a comemorações e buzinaços liderado pela corveta balizadora Comandante Varella.
Certamente o Almirante Tamandaré ”o velho marinheiro” no alto de seu podium na praça central de Rio Grande teve momentos de forte emoção diante do evento, do reconhecimento, das manifestações e apresentações de carinho de seus sucessores velejadores.

José Antônio Torelly Campello



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Apoio - Veleiros do Sul

 

 

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